Hyung, posso dormir aqui?

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Bambam sabia que não deveria ter ficado ali escutando as histórias assustadoras que seus hyungs estavam falando, mas deixou-se levar pelo pensamento que conseguiria lidar com seus receios mais tarde, afinal já tinha idade o suficiente para isso. Não tinha muito medo de assistir filmes de terror ou ler sobre, mas quando ouvia da boca de seus amigos, principalmente casos como paralisia do sono, chegava a ficar arrepiado só de pensar que isso poderia acontecer consigo; quando pessoas próximas relatavam tais experiências, por algum motivo elas ficavam mais críveis.

Rolou na cama algumas vezes antes de finalmente adormecer naquela noite, mas se soubesse que uma hora depois estaria acordando alarmado, com o coração na boca, certamente teria preferido virar a noite no seu celular assistindo qualquer porcaria que encontrasse no YouTube. Não era nem três da manhã ainda e o tailandês estava tremendo embaixo do cobertor, a mente repetindo as imagens reais demais de seu pesadelo várias e várias vezes, deixando-o ainda mais assustado. Não era uma noite especialmente fria, mas por causa do pavor as extremidades de seu corpo estavam gélidas. Abraçou-se um pouco mais.

O cheiro de amaciante floral do moletom que usava agitou-se no ar com seus movimentos, trazendo-o certo conforto. Com um suspiro, Bambam lembrou-se de Jaebum lhe entregando-o antes de ir para o quarto — pegue, ele havia sorrido, você sempre fica mais calmo quando usa minhas roupas, não é? Disse que elas são confortáveis. Mencionara isso ao Im quando ainda eram trainees, mas mesmo agora que já haviam passado-se anos ainda tinha a mesma mentalidade: ficava muito mais calmo usando as roupas grandes do seu hyung. Não sabia exatamente se era por conta do tamanho, afinal ele sempre fora maior que si, mas havia algo nelas que o acalmava.

Naquela noite, contudo, nem mesmo dessa forma conseguiu se acalmar. Quando estava perto de ser três e meia da manhã, Bambam arrastou o corpo para fora da cama e caminhou timidamente pelos corredores do hotel até chegar no quarto que queria. Tudo estava silencioso, as luzes dos quartos estavam desligadas. Com certa hesitação, bateu na porta algumas vezes, não de forma necessariamente bruta, mas forte o suficiente para ser ouvido. Passado algum tempo, quase um minuto, estava quase desistindo e voltando para o próprio quarto, mas a porta destravou. Com uma cara de sono, com os olhos meio fechados pela luz forte do corredor, Jaebum colocou a cabeça para fora e demorou para reconhecê-lo.

— Bam-ah, — Ele bocejou. — tudo bem?

— Eu... — murmurou, olhando para os lados, envergonhado. — Eu tive um pesadelo, hyung. Tudo bem se eu dormir aqui com você?

Com um sorrisinho meio grogue de sono, Jaebum assentiu e puxou-o para dentro pela mão. O quarto estava todo escuro, o mais velho até mesmo esbarrou sem querer em uma das poltronas que ali estavam, o que fez Bambam rir baixinho. Jogaram-se na cama não muito tempo depois, o tailandês estava muito aliviado em saber que estava na companhia de alguém, ainda mais seu hyung. Sentiu o cobertor ser jogado sobre seu corpo, então o braço dele passou por cima de sua cintura e o puxou para perto. O rosto de Jaebum se acomodou na curvatura de seu pescoço, a cabeça dele ocupando praticamente metade de seu travesseiro. Quando o Im suspirou contente, Bambam sentiu-se arrepiar, o que o fez rir.

— Você fica bonitinho usando minha roupa. — A voz dele estava baixa e rouca.

Bambam achou aquilo um perigo.

— B-Boa noite, hyung. — murmurou.

Jaebum soltou outro riso, beijando de leve seu pescoço.

— Estou sem sono agora.

— Não, você está com muito sono. — Novamente, sentiu os lábios delicados lhe agraciarem a pele. — Hyung...

— Só vou beijar... E morder um pouco. — resmungou, e logo o tailandês sentiu as leves mordidinhas em sua pele, subindo até seu maxilar em beijos. — É que você é gostoso...

— Im Jaebum. — O mais novo disse em aviso.

Com outro riso, seu hyung ignorou o fato de não ter usado um honorífico, continuando com os beijos, o braço forte lhe puxando ainda mais para perto no ritmo que o tailandês sentia-se trêmulo.

— ...de morder. — Continuou a falar como se fosse inocente de suas intenções, sorrindo. — Bam-ah, por favor, só um beijinho.

Em um suspiro, Bambam virou-se de lado para ele e deixou seus lábios serem tomados por Jaebum, que não evitou sorrir, contente por ter conseguido o que queria. A mão dele parou em sua cintura e em um primeiro momento fora tão gentil que sequer pareceu a mesma mão que logo em seguida lhe apertou e puxou para perto, praticamente implorando para que os corpos se juntassem, querendo o mais novo cada vez mais perto. Com um suspiro pesado, separou-se de seu hyung e deixou a perna passar sobre ele, logo pegando certo impulso para subir no colo de Jaebum. Estava ligeiramente escuro, mas conseguia vê-lo sorrindo pela pouca luz que adentrava a janela.

— Eu só pedi um beijo, viu. Você que se empolgou.

O tailandês xingou baixo, fazendo-o rir.

— Você se faz de inocente bem demais para o meu gosto. — resmungou, sentindo as mãos de Jaebum subirem por sua coxa, adentrando de forma nada tímida o tecido do moletom, tocando seu abdômen.

— Não me fingi de nada. — Jaebum retrucou, acostumado com as provocações entre os dois.

Bambam não precisou controlar o rolar de olhos por estarem no escuro, mas o Im parecia conhecê-lo, porque não demorou em beliscar de leve sua perna.

— Eu ainda sou seu hyung. — disse ao que o tailandês reclamou, mas logo estavam rindo. — Vem, deita aqui. A gente precisava mesmo descansar.

Com um assentir dengoso pelo tom carinho do mais velho, Bambam deixou o corpo deitar sobre o dele, sendo abraçado com carinho. Quando fechou os olhos, ouviu Jaebum cantarolar baixinho para si, sentindo os dedos dele mexerem em seu cabelo. Em questão de minutos estava dormindo, tão sereno que quem o visse certamente não diria que mais cedo estava com medo do escuro. Mas, bem, Bambam tinha seu hyung, ele sempre dava um jeito de acalmá-lo. 

Hyung, eu tive um pesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora