Me encolho um pouco mais na cama, ao que tento dormir, mas o sono não vem. Ao invés disso, minha mente é tomada por memórias do que vivi há algumas horas naquele apartamento.
Ouço a porta do meu quarto se abrir com tudo e me sento assustada, com medo. Corbyn está parado lá, com a respiração ofegante e a feição preocupada. Ele vem até mim e se senta na ponta da cama, ao que me olha aflito.
— Eu sinto muito. — Diz com cuidado e meus mirantes capturam seu rosto que transborda pena, logo antes da minha face se encher das lágrimas que eu estava prendendo. Me aproximo dele, que oferece um abraço, e o agarro com toda a força que tenho. A sensação de proteção vem, ao que ele fecha seus braços ao meu redor e encosta o queixo no topo da minha cabeça. Ficamos assim por muitos minutos, em silêncio. O único barulho que se ouve é o meu fungar, ao que continuo chorando, em completa agonia.
Quando meu pranto cessa, gradativamente, o encaro com os olhos inchados.
— Eu fui tão burra! Era óbvio que tinha algo de errado alí, mas eu ignorei. Tudo o que aconteceu foi minha culpa e se tivesse sido pior, também seria. — Solto, com a voz tremida e Corbyn passa uma das mãos pelo meu cabelo, ao que nega com a cabeça.
— Não foi sua culpa. Você foi vítima de um crápula nojento. — O loiro limpa uma pequena lágrima que escorre pela minha face. — Por favor, tenha isso em mente. — Enterro meu rosto em seu peito, dessa vez sem chorar e aspiro o cheiro de amaciante que suas roupas possuem.
— Você quer comer alguma coisa? — Ouço ele perguntar e nego com a cabeça, sem sair de seu abraço. — Tudo bem. Que tal se você se descansar um pouco? — Ele me tira de seus braços e me ajuda a deitar na cama, ao que faz o mesmo. Corbyn acaricia a minha bochecha, e seu olhar passa de penoso para carinhoso.
— Eu tô aqui agora, vou cuidar de você. — Sussura. Fecho meus olhos e dessa vez consigo cochilar um pouco.
Quando acordo, vejo meu melhor amigo ainda deitado ao meu lado e ele não parece ter dormido.
Me espreguiço na cama, não foi nada além de uma dormida rápida mas o meu corpo precisava disso para se recompor após toda a situação que passei. Encaro a figura a minha frente, ao passo em que me ajeito no travesseiro.
— Obrigada por ter vindo. — Digo.
— Eu deveria ter ido com você até lá. — Fala, com o olhar perdido em algum ponto entre os lençóis.
— Eu me virei. — O tranquilizo. Nesse momento, seus mirantes se voltam para mim e buscam em meu rosto, algum sinal de que continuo nervosa.
— Abby me disse que você cortou a mão dele, é verdade? — Assinto. — Essa é a minha garota! — Diz orgulhoso, ao que abre um sorriso e eu sou contagiada, então acabo sorrindo também.
— A única coisa que me faz sentir melhor é saber que fiz isso. — Deito de barriga para cima. — Quem sabe o que teria acontecido se eu não tivesse feito. — Corbyn se levanta um pouco, ao que se inclina para cima de mim. Ele passa a mão pelos fios do meu cabelo que estão acima da minha orelha, em um carinho cuidadoso. Encaro suas íris.
Eu o apelidei de Ocean Eyes há alguns anos, não por causa da cor de seus olhos mas porque eles são profundos.
Profundos como os oceanos.
Sua respiração se mistura com a minha, ao que seu rosto está próximo do meu. Volto meus mirantes para os seus lábios roséos e quase não dou atenção quando os vejo se mexer, ao que ele fala:
— Como alguém tem coragem de machucar você? — Vejo em seu rosto uma expressão vidrada, admirada.
Me pergunto se Corbyn me vê da mesma forma que eu o vejo.
Eu o vejo como Michelangelo via suas pinturas na Capela Sistina; como uma obra de arte sem prescedentes. Cada traço do homem a minha frente é perfeito. Por vezes, seu rosto de menino o faz parecer meigo, mas em outras, seus traços másculos deixam sutilmente a mostra que sua essência é feroz.
De repente, meu cérebro entra em pane e tudo o que consigo imaginar, é como sua boca deve ser boa de beijar.
Ele segue me encarando, sem dizer uma palavra a mais e sem mover um único músculo.
Um pensamento astuto corta a minha mente: as palavras de Zach na noite passada. Elas se somam as de Abby e de Sydney, e se transformam em uma bola de boliche que me derruba sem dó.
"Pare de fugir do que sente."
Me perco nos olhos que me capturam e pela primeira vez em cinco anos, tenho a coragem necessária para passar as mãos pelo pescoço do meu melhor amigo e encostar meus lábios nos dele, devagar. O beijo é singelo e lento, como se estivéssemos apenas provando. Não dura muito. Entretanto, vai de mesma forma que veio: arrebatador.
Quando abro meus mirantes, vejo o loiro me encarar assustado. Ele definitivamente não esperava por isso.
O garoto faz menção de dizer algo, mas eu o peço silêncio com um soprar e ele interrompe a si mesmo. Quero aproveitar enquanto me sinto audaciosa e o beijo novamente, dessa vez demonstrando toda a vontade que guardo dentro de mim. Corbyn se ajeita, ao que fica completamente sobre meu corpo e coloca uma das mãos na minha cintura, como se tivesse medo que eu fuja dalí, porém eu não sinto vontade de correr dele. Na verdade, meu único desejo e a única coisa que me ocorre, é continuar a beijá-lo até nossos pulmões queimarem por faltar de ar.
Puxo o lábio inferior do loiro e encaro seus olhos nesse curto espaço de tempo, ele me olha tão apaixonadamente que eu sei que estamos fazendo a coisa certa e o beijo dele é tão bom, me preenche tanto a alma que se transforma no maior de todos os argumentos para me fazer ceder de uma vez.
Seus lábios me imploram para que eu deixe de temer perdê-lo e passe a concentrar as energias que eu gastava nisso, em amá-lo.
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quem espera sempre alcança kkkkk
gostaram da primeira ficada do nosso casal?
eu adorei esse capítulo, foi o mais gostosinho de escrever
votem muito
xoxo
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𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn besson
FanfictionKaia e Corbyn são melhores amigos, mas para manter essa amizade eles precisam esconder os seus verdadeiros sentimentos um pelo outro. 𝟭𝟯/𝟬𝟱/𝟮𝟬𝟮𝟬 → ?