Histórias do passado e as providências dos conselheiros
— Tudo seria evitado se nós tivéssemos apenas anunciado nossa presença ao rei...
— Acalme-se, Sr. Torden! O senhor já está começando a me deixar tonto girando no mesmo lugar desse jeito enquanto se lamenta.
— Eu sinto, meu senhor. Não era de minha intenção lhe aborrecer — Torden fez uma leve reverência pouco elegante e atrapalhada por seu nervosismo, porém tão logo voltou a ação anterior, tirando o fino lenço branco bordado de seu bolso e enxugando o rosto pouco suado, levando o jovem a fechar os olhos por uma pequena fração de tempo, revelando-se meio irritadiço.
Konohamaru espremeu-se mais contra a parede do beco fechado e estreito onde estavam e, cerrando os dentes, inclinou a cabeça, tendo o vislumbre da rua movimentada por comerciantes e pessoas em seus altos falatórios sobre preços e encomendas. Haviam pequenas barracas de frutas, legumes e plantas medicinais. Aprendera na sua curta estadia de três dias que a cidade possuía um dia específico em que ocorriam as feiras na praça principal, onde mercadores de outras cidades também vinham vender seus produtos. Ouvira falar também na existência de uma loja de poções não muito longe dalí, tendo seus produtos sendo fornecidos por um mago viajante. Uma carruagem atravessou de repente a passagem bem a sua frente, o obrigando num sobressalto a recolher-se novamente na segurança dos tijolos que o escondia.
Ele então encarou a face mortificada de seu subordinado. Torden ameaçaria desmaiar a qualquer instante a considerar seu rosto demasiado pálido e os olhos cor de avelã mais abertos que o normal. Konohamaru, inesperadamente, desatou-se a rir, chamando a atenção do homem mais velho.
— Meu senhor, o que lhe traz tanta graça? — Perguntou num tom cortês, alisando o casaco de um tecido fino estampado com certa indiferença, mas ainda demonstrando incômodo pela atitude inconsequente para um momento tão sério quanto o que estavam.
— Ah, Sr. Torden! Anime-se! Olhar para o seu rosto assim quase me faz querer morrer. — E acrescentou — Não há com o que se preocupar tanto, afinal de contas, quando em alguma viagem que fizemos juntos sofremos qualquer dano?
Torden mal precisou pensar e nem mesmo considerou sua ação antes de responder com prontidão.
— Fomos atacados na rota até este reino.
— Foi uma pergunta retórica, Sr. Torden. — Respondeu contrariado e voltou a observar a movimentação barulhenta adiante — Mas, mesmo assim, o senhor continua vivo e inteiro, não é? O mar também é repleto de saqueadores, não pode me culpar por um evento aleatório como esse.
O outro apenas assentiu em meio a resmungos, alegando a si mesmo que o fato de continuarem vivos se devia apenas à tripulação bem armada que interviu na invasão, acabando com qualquer possibilidade dos dois pertencentes de uma camada superior da hierarquia — carregando uma imagem definitivamente óbvia por vestirem roupas tão formais — virarem reféns dos criminosos.
A questão mesmo é que Torden não tinha a menor ideia de como a missão de espionagem ao reino vizinho fora colocada nas mãos de um jovem tão inexperiente como o mestre Sarutobi. Ele que mal havia retornado de seus estudos no norte, agora era posto como infiltrado numa terra estranha que oferecia os mais diversos perigos, além de guardar a possível morte caso seja descoberta sua estadia não anunciada.
E, mais importante que isso, por que justamente ele foi o escolhido para acompanhá-lo? O que Konohamaru tinha de principiante, Torden tinha de fraco e nem mesmo parecia tão velho. Era apenas mais um escrivão do palácio, o que diabos fazia arriscando sua curta vida naquele lugar? Ao contrário do homem que amargurava-se num canto mais sombrio daquela estrada de pedregulhos, o mais moço parecia verdadeiramente empolgado com seu honrado ofício de espia.
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Nós Domínios do Fogo
FanfictionMuito antes da última Batalha da Luz, a vontade do Fogo fora a que sempre prevalecera. O clã Hyuuga busca vingança contra o Império que o caçou pelos últimos séculos. Portadores de uma perigosa magia que ameaça o controle do próspero reino governado...