Capítulo 66 - O desfecho.

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Em Brasília, os líderes dos estados se encontraram para a reunião que decidiria o futuro do país e por consequência, do Estado do Ceará. Deputados, Senadores, membros do Supremo Tribunal Federal e o Presidente da República estavam em um lado da sala do plenário. Do outro lado estavam o Herói número um do país, Médium, junto do governador interino Fontes e seus aliados (empresários da mais alta patente do país e de fora do Brasil, o motivo de estarem ali era de conhecimento de poucos). A decisão seria tomada com todas aquelas pessoas no local, o que não era nada comum de acontecer pois no Brasil, toda decisão demandava tempo e aprovação, de função por função, até chegar por fim no chefe do poder executivo. O procedimento foi adiantado e cada pessoa ali estava pronta para tomar uma decisão que ia de encontro a constituição do país: retirar um Estado e torná-lo um território independente.

- Como todos os presentes aqui sabem, nos reunimos hoje para decidir o futuro do nosso país; podendo até ser o futuro de dois países. (Falou Inácio) A proposta do governo federal é o da separação do Estado do Ceará do restante do Brasil, por diversos motivos, os quais vocês já sabem pois está listado na folha que vocês receberam.

Inácio segurou uma lista nas mãos, sua barba parecia molhada; não se sabia se era de nervosismo ou por ter jogado água no rosto antes do evento.

- Porém, devo dissertar sobre os principais deles. (Continuava a falar) Desde o surgimento dos poderes, ou mutações, como desejarem, o Ceará se destacou no quesito força, tanto para o lado bom quanto para o lado ruim. Heróis como aquele ali (Apontou para Médium) nunca se submeteram às leis da União; para eles ter poderes é que os tornam mais fortes, logo fazem o que querem, incluindo desobediência ao chefe do executivo.

- Como ousa? Eu nunca o afrontei publicamente, sabe bem disso e...

- Não lhe foi dado autorização para falar neste momento, senhor Médium. (Interrompeu Inácio com a voz estridente) É desse tipo de atitude que estava me referindo.

O herói teve que segurar a raiva, se voltasse a falar novamente de modo desprovido, daria razão ao que o Presidente falava. E de problemas ele já estava farto. Mesmo sendo poderoso não queria agir como um fora da lei. Logo se calou e continuou a ouvir Inácio.

- Dentre outros motivos, este mesmo Estado é o que mais gasta dinheiro público. Dinheiro do governo federal é enviado para lá todos os meses por causa das inúmeras batalhas indevidas, nos últimos meses foi piorando, até chegar ao ápice nessas últimas semanas. (Relatou o Presidente) Todos sabem que nosso país não está no seu melhor momento financeiro e não temos como suprir as demandas desse lugar. Eles são os primeiros em todas as estatísticas negativas quando se trata de apoio do governo federal. Não temos como acolhê-los. Graças à todos os seus problemas incluindo os ataques, o investimento externo não é mais alcançado. As empresas sumiram e agora nos evitam. E podemos quebrar nosso país se isso continuar.

Um silêncio sepulcral tomou conta do local, até que um ministro do STF ergueu a mão para falar.

- Vossa Excelência me permita fazer um questionamento? (Perguntou Mendes, recebendo o sim de Inácio com um aceno de cabeça) Vossa Excelência pretende deixá-los desamparados após a separação, caso ela ocorra? E as famílias?

Médium o observou, para quem ouvia essa pessoa gentil falar, até acreditaria na preocupação para com o bem estar dos outros. A verdade é que aquele homem foi posto no poder pelo próprio presidente; o que o fazia ser tão corrupto quanto, com certeza tudo aquilo era uma jogada ensaiada entre os dois.

- Oh caro ministro Mendes, que ótima pergunta, vou lhe responder agora mesmo. (Respondeu, melancolicamente, Inácio) Temos aqui deste lado, um grande número de senhores que normalmente não estariam aqui. (O Presidente apontou para os empresários que acompanhavam Fontes) Esses homens de negócios se propuseram a apoiar o Brasil, e como vocês bem sabem, precisamos de dinheiro para deixar nossas contas no verde outra vez. (Suspirou Inácio) Esses empresários foram os únicos que se manifestaram a nos ajudar, mas o líder deles nos exigiu umas condições. Só assim eles investiriam dinheiro aqui e quem sabe até no novo país que poderia surgir.

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