Todo dia, um sentimento aflorava ao peito de Benjamin que ele não sabia distinguir o que era, apenas que era uma mistura de ciúmes, raiva, ódio, fúria, indignação e tudo que era ruim para o ser humano, ao ver Anthoniel e Lucille em amassos nos corredores, na sala de aula, na frente da escola e em qualquer outro lugar possível que viesse a irritar Benjamin.
Ele comumente tinha sonhos (alguns enquanto dormia, outros ainda acordado) de como seria a sua vida se ele não tivesse conhecido Anthoniel ou Lucille, ou os dois. Será que a sua vida estaria pior ou melhor do que está? Benjamin temia que a segunda opção não fosse a correta.
Querendo ou não, Benjamin amadureceu muito depois do seu relacionamento com Anthoniel e, infelizmente, Lucille o ajudara nesse processo, acompanhando o rapaz nesse caminho rumo à evolução pessoal. Mesmo durante o seu turvo relacionamento com Adam, a sua melhor amiga havia o ajudado a superá-lo, sempre estando ali do seu lado e protegendo o garoto do mundo.
O problema é que, interpretando e percebendo a importância que a melhor amiga teve em sua vida, Benjamin se esforçava para aceitar e acreditar, mesmo depois de dias, que a garota fizera isso com ele, que a garota havia traído toda confiança do garoto, mesmo depois de tudo eles vivenciaram juntos. Ele passava vinte e quatro horas do dia, sete dias por semana, se torturando e definhando em seu ninho mental de tristeza e remorsos, apenas pensando em como ele odiava Lucille e Anthoniel naquele momento.
Ele tinha noção do que a garota havia feito, mas a sua mente estava uma confusão. Ele não sabia como reagir ou como liberar a raiva. Ele não sabia se expulsava a amiga de sua história, de sua vida, ignorando a sua existência, ou se parava para ouvir a garota, colocando em jogo o seu perdão ou não. Ele apenas não sabia qual dos infinitos rumos tomar. É um fato: a raiva que ele sentia da garota não iria sumir por um longo tempo, ele até tinha medo de que essa fúria estava aumentando mais a cada vez que pensava sobre os momentos que ele passara com Lucille.
Mesmo com todos esses problemas acontecendo em sua vida, Benjamin se sentia mal, não por causa de Lucille, mas por causa de Germano. O rapaz estava ali para ajudá-lo superar aquilo, cem por cento, mas Benjamin não lhe dava abertura. Ben tinha medo de que aquela situação dele fosse prejudicar a relação dos dois. Benjamin estava se comunicando com um pouco mais de dificuldade com Germano desde o dia que Lucille revelou a traição, como se a sua tristeza estivesse se emaranhado nas raízes dos dois garotos. Benjamin estava pensando tanto sobre todo esse caso da amiga e Anthoniel, que ele não estava separando tempo para Germano, como se o objetivo de sua vida fosse descobrir o porquê a amiga fizera aquilo (ou qualquer outra coisa que amenizasse a sua mente).
E foi em um dia de quarta-feira que Benjamin, depois de ter ficado acordado por toda a noite tentando decidir se ligava para Lucille e conversava com ela ou não, o garoto resolveu tomar uma atitude "terapêutica" (que ele mesmo inventara) por vontade própria. E então ele prometeu para si mesmo que iria tentar, não ignorar Lucille, mas deixá-la para lá, assim como a garota estava fazendo com ele. Ele iria tentar enxergá-la apenas como uma das outras inúmeras alunas do colégio, não como a sua melhor amiga desde a infância. Iria ser bastante difícil, e ele sabia disso, mas não queria deixar toda aquela situação desgastante exaurir a essência do relacionamento entre Germano e Benjamin, não iria deixar aquele sentimento raivoso e vingativo consumir o garoto à ponto de fazer o alemão se afastar dele, ele iria tentar se afastar daquilo, pelo bem deles dois mas, principalmente, pelo bem dele mesmo.
Na quinta-feira, Benjamin chegou relativamente mais cedo na escola. Ele estava morto de sono por não ter dormido nada naquela noite, mas ao menos estava satisfeito com a decisão que tomara, estava decidido: a partir desse dia, Lucille não seria mais nada para ele além de uma colega. E então, ansioso para contar a sua decisão a Germano e analisar a sua reação, Benjamin esperou o alemão na parte externa do prédio da escola, sentado em um dos bancos próximo ao portão da escola, sempre checando a entrada da escola na esperança de ver o garoto chegar.
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Benjamin e Germano
Storie d'amoreO amor é apenas um sentimento que une duas pessoas emocional e carnalmente? Ou o amor vai muito além do que a mera inocência (e arrogância) humana consegue compreender? Benjamin é um rapaz que sempre teve tudo nas mãos, seu pai é fundador da rede de...