Capítulo: 13

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Austin Pov

A casa estava mergulhada em um silêncio sepulcral, uma atmosfera opressiva que parecia ter uma vida própria. O ar era denso, pesado como uma névoa que sufocava, e a penumbra se espalhava pelos cantos, como se as sombras estivessem conspiring against me. Quando Lauren desapareceu, meu mundo desmoronou em um instante, cada batida do meu coração ressoando como um tambor de guerra.

Senti a presença maligna de Vedoromal, como um sussurro gelado na nuca, uma certeza horrenda que me acompanhava. Era como se ela estivesse sempre lá, observando e esperando o momento certo para atacar. O cheiro de poeira e umidade invadia minhas narinas, misturado ao odor inconfundível do medo, como se a própria casa estivesse apavorada. Cada crepitar da madeira parecia um grito silencioso de desespero, um alerta que eu não podia ignorar.

Como pude cair no sono? Perguntas martelavam minha mente, um eco interminável de frustração. Se eu tivesse feito um feitiço de contenção, talvez nada disso teria acontecido. Era uma falha que me corroía por dentro, uma culpa que se agarrava à minha alma como uma sombra inescapável. A visão daquelas paredes, que costumavam me trazer conforto, agora era um lembrete cruel do meu fracasso em proteger Lauren.

A atmosfera pesada me lembrava que Vedoromal não era uma inimiga a ser subestimada. O instinto assassino dela era palpável, uma presença que sussurrava que não havia como escapar do que estava por vir. Minhas mãos tremiam, a raiva e a impotência lutando dentro de mim como um monstro faminto. Eu precisava agir, precisava avisar Camila, unir forças e enfrentar o que parecia ser um caminho sombrio e desconhecido.

Pov Karla Camila

O Caos de Salem em 1874**

Salem estava em ruínas, a cidade se contorcendo sob o peso de uma calamidade que parecia inescapável. O caos era quase tangível, uma aura de desespero que pairava sobre a cidade como uma tempestade prestes a estourar. O ar estava impregnado com o cheiro de morte e desolação, um miasma que enchia os pulmões e provocava náuseas. As ruas, antes vibrantes, agora eram um cemitério a céu aberto, cobertas por uma camada de sujeira e destruição.

O pastor Josef, em um frenesi de desesperança, percorria as ruas, suas palavras um grito de alerta e acusação. Ele apontava para as sombras, acusando as bruxas de serem responsáveis pelas desgraças que assolavam a cidade. Sua voz, uma mistura de frustração e pavor, ecoava nas vielas, e o medo se alastrava como um incêndio incontrolável. As pessoas se aglomeravam, algumas em pânico, outras em descrença, enquanto a atmosfera pulsava com uma tensão elétrica.

Eu fiquei cética sobre isso. Não éramos nós quem causava essa destruição. Havia um certo equilíbrio em nossas maldades. Mas quem acreditaria em mim? Se nem mesmo as "boazinhas" de Salem acreditaram, aquelas vacas de branco que ousaram nos confrontar! A energia obscura que nos atingiu era uma reminiscência de algo muito mais antigo, uma força que já havia sido despertada.

Mahalia, a líder das medidas do bem, tentava apaziguar a situação, clamando para que conversássemos como pessoas civilizadas. Mas, à medida que as nuvens se acumulavam no céu, um pressentimento gelado começou a se instalar em meu coração.

Então, a primeira onda veio. O céu escureceu com uma tempestade que parecia surgir do próprio inferno. A ventania era tão forte que telhados começavam a voar como folhas ao vento. O frio se fez presente, fazendo a pele arrepiar, e o ar estava carregado de um cheiro metálico que sugeria a aproximação do caos. Fumaças saíam por nossas bocas, um lembrete sombrio de que algo estava apodrecendo ao nosso redor.

Toulouse na Revolução Francesa**

O porto de Toulouse era um cenário de horror, um lugar onde a esperança havia sido apagada e a degradação se tornara uma constante. O ar estava denso com o cheiro insuportável de excrementos e urina, uma visão grotesca que refletia a decadência do lugar. A atmosfera estava saturada de uma sujeira opressiva, e a vida que pulsava nas ruas era uma mistura caótica de gritos e lamentações.

Normani, com seu desgosto evidente, resmungou sobre a falta de higiene. Suas palavras eram como facas afiadas cortando a podridão que nos cercava. A indignação dela era quase palpável, e eu não podia deixar de concordar. Giselle, com sua elegância francesa, era um contraste gritante em meio à brutalidade. Sua indignação pela situação era uma chama acesa em um mundo de trevas.

Quando chegamos à casa da minha sobrinha Keana, a visão de corpos em decomposição e a presença de corvos em um ambiente sombrio tornaram tudo ainda mais perturbador. As notícias que li na parede eram uma sentença de morte, um eco de um desespero que parecia contagioso.

TOULOUSE SOBRE AMEAÇA!” As palavras dançavam diante dos meus olhos, carregadas de um terror indescritível. Uma onda de assassinatos varria a França, e a cidade estava em pânico. A sensação de que estávamos no centro de uma tempestade crescente era sufocante, uma pressão que se acumulava a cada respiração.

A Revolução Francesa e o Caos em Paris**

A cena na Bastilha era uma visão de pesadelo. O povo estava em um frenesi de raiva e violência, gritos que ecoavam como uma sinfonia de desespero. As tochas e os paus eram extensões da fúria coletiva, e a guarda real tentava conter a tempestade humana com violência, mas o povo, como uma onda avassaladora, avançava.

Então, a tempestade chegou, e o céu se tornou um manto negro. O vento soprava com uma força que parecia querer arrancar os telhados. A chuva torrencial, misturada com relâmpagos cortantes, se abatia sobre nós como se o próprio céu estivesse se vingando. A primeira explosão foi um golpe ensurdecedor, e a sensação de pavor tomou conta de mim. Os destroços voavam pelo ar, e o caos se instalava como um novo governante.

“—Karla, o que está acontecendo?” A voz de Lucy se perdeu no clamor do momento, e eu nem tive tempo de responder. Uma segunda explosão devastadora aconteceu, e os destroços começaram a cair como uma chuva de morte.

Quando um pedaço de pedra veio em minha direção, tudo aconteceu em um borrão. Um corpo se jogou contra mim, e nós rolamos no chão, afastando-nos da confusão. Ao abrir os olhos, me deparei com uma mulher sobre mim. Seus cabelos estavam desgrenhados, e o rosto exibia cortes e hematomas que contavam uma história de brutalidade. Mas o que realmente me prendeu foram seus olhos, uma dança hipnotizante entre o verde e o azul, como se duas almas estivessem lutando por controle.

Ela era uma visão magnífica em meio ao horror. Meu coração acelerou, a realidade se desvanecendo em um borrão de emoção e desejo. E naquele instante, soube: ela é minha.

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