Róseo

𝑅𝑜́𝑠𝑒𝑜

Estava na beira do rio quando o viu pela primeira vez.

Aproximou-se tão sorrateiramente que nem se deu conta, talvez o barulho das marchinhas tivessem a deixado alheia ao que acontecia em sua volta. Carnaval nunca tinha sido algo de grande interesse para ela e se não fosse sua amiga, jamais teria saído de casa. Mas quando o fitou agradeceu em pensamento por estar naquele lugar.

Sorrisos foram trocados, junto com olhares nada discretos. Ela não o conhecia, mas seus olhos escuros, tão escuros quanto o solo que encontrava seus pés e mudava de cor quando se encontrava com a água, transmitiam algo que ela não conseguia compreender, ainda. E não poderia ir embora sem entender o que era, não conseguiria.

Ela o sentia a chamar mas os lábios não se moviam, a voz que envolvia sua mente era tão convidativa que tornava-se impossível não querer mergulhar em cada palavra. E ela fez, mergulhou nas palavras e toques que aqueciam sua pele, e beijos que deslizavam por seu corpo.

O sol estava nascendo quando o observou levantar e esquecer suas roupas claras e chapéu, que antes cobria seus longos cabelos.

Ela estava na beira do rio quando seus olhos se encontraram, com uma promessa de que estaria ali no próximo carnaval. Seus olhos agora batiam nas costas, e acompanhavam passos que o levavam cada vez mais para dentro do rio, até que ela já não mais pudesse vê-lo.

Era hora de voltar e aproveitar a folia.