Capítulo 22

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Narrado por Rowena Buchudinha.

Acordei meio atordoada, em um lugar ao que parecia um quarto de hotel, silencioso e a única luz presente era ao que parecia um abajur, ao lado da cama,  tão macia que quase voltei a apagar novamente. Mas fui me lembrando do que acontecera, sentindo meu coração se apertar e meus olhos se enxerem d'água. Fechei os olhos e desejei abrí-los e perceber que tudo não tinha passado de um pesadelo. Mas infelizmente tudo tinha sido real.

- Já acordou amor?! - Escutei a voz de Sam – que não sabia se ainda podia ser considerada dele – atrás de mim, também deitado na cama, com as mãos na nuca balançando os pés tranquilamente.

Dei praticamente um pulo pelo susto que levara, mas só consegui tomar uma leve distância. Ainda estava muito fraca para conseguir me levantar da cama e tentar correr.

- Tudo bem, sou só eu! - Disse, como se isso fosse reconfortante.

- Por que eu não estou morta? - Perguntei tentando parecer indiferente, sentindo uma leve dor de cabeça.

- Porque... Eu ainda não acabei com você!

- Como?

- Você matou meus filhos e eu não gostei nada disso, por falar nisso, vou ter que te castigar... - Disse ele malicioso.

- Meus filhos! - Corrigi.

- Que seja, mas isso não significa que meus planos estão totalmente acabados... Você ainda é fértil... O corpo de Sam ainda é fértil... - Disse ele gesticulando com as mãos, devagar para eu ir juntando as peças.

Me veio um arrepio de nojo por todo meu corpo.

- Eu prefiro a morte! - Exclamei o olhando desafiadora.

- Você não está muito longe disso, mas até lá... Nós vamos sim procriar outro bebê! - Disse ele exigente, levantando meu queixo e se aproximando seu rosto do meu, também um tanto desafiador e logo se afastou novamente, se levantando da cama. - Eu trouxe roupas para você, quer dizer, peguei a bolsa que você trouxe da viajem...

Ele disse eu olhei para baixo, notando ainda estar suja de sangue... Do aborto. Logo as lembranças do que fizera vieram como um flash e apenas suspirei pesado, não queria desabar ali, não na presença dele.

- O banheiro fica logo ali. - Disse apontando para uma porta no fundo do quarto e me jogando uma muda de roupas, pré-separadas por mim na viajem. - Eu já pedi o jantar e ele deve chegar logo...

Não precisou dizer mais nada, juntei força nas pernas e me levantei panhando a roupa e indo para o banheiro, sem mais olhá-lo. Era a pior coisa do mundo olhar para seu amado e saber que tudo o que ele faz e diz, não é ele mesmo. Mas acho que não é pior do que abortar seus próprios bebês. Todos esses pensamentos vieram à tona, me fazendo derramar lágrimas inconsoláveis. Só o que estava me confortando naquele momento era o pensamento de que pelo menos assim meus filhos estavam a salvos e Sam ainda estava em algum lugar na sua mente profanada por Lúcifer, ainda podia conseguir trazê-lo de volta. Mas infelizmente, mesmo com força total de meus poderes, ainda era incapaz de matar Lúcifer sozinha e isso me deixava desesperada. Tomei um banho, me surpreendi quando o jato de água do chuveiro derramou água quente pelo meu corpo, mas tentei aproveitar e relaxar meus músculos rígidos de medo e preoculpação. Sem sucesso quanto a isso.

Me enxuguei, me vesti, joguei a roupa suja no lixo e me dirigi para o quarto novamente, tentando ao máximo não deixar minha fraqueza e sensibilidade transparecerem, eu não ía desistir fácil e não ía dar esse poder a ele. O mesmo ainda estava deitado na cama, com a maior despreoculpação. Só então percebi o luxo que era o quarto onde estávamos, definitivamente estavamos em um quarto de hotel e dos bons.

- Impressionada?! - Perguntou ele notando meu olhar surpreso. - Pois é, eu sou mais do que um caçador perrapado, eu posso ter o que eu quiser, quando eu quiser. E você também pode! - Disse ele devagar, enquanto vinha em minha direção.

- Está tentando me convenser de transar com você ou está me pedindo em casamento? - Perguntei indiferente, me afastando e me sentando na cama, confesso ainda cansada.

- Qual dos dois você aceitaria? - Perguntou me olhando na cama, malicioso.

- Nenhum!

- Vou considerar isso um desafio! - Disse sarcástico.

- Eu tô com fome! - Exclamei tentando fugir desse assunto repugnante.

- Claro, a comida já chegou! - Ele andou até uma mesinha perto da porta e me trouxe uma sacola de papel pardo, com hamburger e batata frita, me entregando na mão.

- Um pouco abaixo do seu requinte, não acha? - Debochei, logo tirando o hamburger e dando uma dentada, só estão percebi como estava faminta.

- Engraçado!... - Respondeu apenas, com seu sorriso forçado e se sentou ao meu lado na cama novamente.

Me segurei ao máximo naquela cama, comendo o lanche meio trêmula, mas acho que ele não percebeu, mesmo que não tirasse o olhar de mim, com seu sorriso torto e convensido. O rosto que antes me deixava excitada, agora me dava repulsa só de olhar. Terminei de comer e permanecemos em silêncio. Agora eu estava deitada na cama de lado, o mais afastada possível dele. Só tinha uma única cama de casal no quarto, então não era como se eu quisesse estar ao lado dele.

- Você está quieta... - Disse ele calmo, mas podia notar seu sarcásmo na voz.

- Eu estou cansada... Tive um dia cheio de emoções sabe?! - Debochei permanecendo quieta.

- Ôh querida, me desculpe se te magoei, se serve de consolo eu também estou sentinto o luto dos bebês...

Fechei os olhos, engolindo as lágrimas enquanto ele blasfemava meus filhos.

- Mas ainda dá tempo de compensarmos isso... - Disse ele vindo para meu lado e me abraçando de conchinha.

- NÃO ME TOCA! - Gritei quando senti seu braço por cima de meu corpo e dei um pulo distante da cama, o olhando furiosa, mas mantendo meus poderes encubados.

- Rowena... Não adianta tentar fugir... - Disse ele com a maior calma, erguendo as sombrancelhas e negando com a cabeça.

- O que você quer de mim? - Perguntei com a voz trêmula.

- Eu já disse o que quero, eu quero te foder Rowena, te foder até seu últero conseguir segurar um bebê dentro dele! - Exclamou grosseiro até para ele.

Meu corpo arrepiou de medo e repulsa. Me senti como uma prostituta, um tipo de serva sexual pessoal. Soltei um suspiro forte não conseguindo conter a lágrima que pingou de meus olhos.

- Por que eu? - Suspirei com as voz rouca, o enxergando meio embaçado devido as lágrimas estarem inundando meus olhos.

- Porque você é poderosa, querida Rowena! - Ele praticamente soletrou as duas últimas palavras com malicia e me olhou de baixo pra cima com desejo. - Além disso, vai me dizer que você também não quer?! Sabe que o Sam não vai perceber...

Eu estremeci e o semicerrei com os olhos, me perguntando se ele realmente havia sugerido aquilo.

Desejos Impróprios - SamwenaOnde histórias criam vida. Descubra agora