Parte 2

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Outro dia quando começava a chuviscar vi a de cabelos lisos, aproximar tímida, era anoitecer. Percebi que estava nervosa arrumando várias vezes o vestido florido, escutei silenciosos passos e um rapaz todo receoso apareceu. Fazendo ela sorrir, eles conversaram sobre as férias de verão e quando o garoto se despedia ele a puxou delicadamente lhe dando um beijo. O garoto apostou carregando um grande sorriso no rosto e ela ficou lá tocando os lábios atordoada. Escutei várias vezes elas falando que não acreditava que tinha recebido seu primero beijo. Ela aproximou tirando uma das minhas folhas dizendo que iria colocar no diário para nunca esquecer aquele momento. Minha menina de cabelos lisos e pretos colocaria uma parte minha no seu diário, se eu tivesse um coração com certeza ele estaria batendo acelerado.

Passaram alguns meses e o mesmo garoto passou segurando a mão de outra garota, nunca tinha visto chorar tanto. Gostaria de ter braços e pernas para dar uma lição naquele moleque por magoar alguém tão especial como ela.

Diferente da sua prima de cabelos amarelados, aquela menina, fazia amizade com todos. Acho que era sua personalidade magnética que encantava as pessoas mas tinha uma coragem para defender suas irmãs.

Menos a mais nova aquela tinha ou melhor tem uma garra e é boa de briga nunca levou um desaforo, menina de personalidade forte. Uma magrinha de sangue quente, uma guerreira.

Minhas quatro meninas diferentes de várias maneiras e unidas pelo coração.

Até uma noite de sábado quando gritos quebrar a quietude da noite e a mãe colocava várias malas no carros é a mais velha chorava agarrada na de cabelos amarelados, a de cabelos lisos segurava a magrinha. Queria tanto fazer algo para amenizar a dor delas mas nada podia fazer, afinal era, e continou sendo uma árvore.

Tive de ver elas serem separadas as duas que ficaram choraram durante dias sentadas no balanço, lamentando a falta das primas. Certa tarde a de cabelos amarelados escreveu uma carta a mais velha, dizendo o quanto sentia sua falta. Eu queria dizer que eu também porque nunca mais o quintal teve o risos delas, nunca mais na primavera seu pai colheu minhas ameixas e não teve a mãe fazendo torta. Elas não voltaram a balançar, subir nos meus galhos ou encostar no meu tronco.Voltei a ser novamente invisível, apenas uma árvore sendo poleiro para os pássaros os únicos a apreciar meus frutos.Mas eu tinha esperança de ver alergia voltar, de escutar as risadas delas novamente.

Entretanto os tempos foram arrastando tão triste, dias viraram meses e meses tornaram anos. Porém nunca mais houve alegria naquele lugar.Minhas folhas foram caindo e os cupim foram tomando conta, minha esperança minguando.

Foi quando compreendi jamais as coisas seriam como antes, um dos vizinhos analisaram meu tronco e as raízes.

Não precisava ser muito inteligente para saber, eu estava condenado.

Agora volta a perguntar qual seria seu último pedido se fosse o último dia?

O meu vocês já sabem...

Mas qual esperança uma árvore velha e cheia de cupins pode ter, senti arrancaram o balanço,posso jurar que minhas últimas folhas caíram como lágrimas sobre meus capatazes. Senti quando o machado acertou meu troco na primeira vez.

Escutei tanto sobre Deus e outra vez pedi a ele para ver os rostinhos das minhas meninas, pois havia passado tanto tempo que já estava esquecendo como eles eram. Veio outra manchada e uma voz despertou a minha atenção, depois outra e outra. Não parece real mais elas estavam ali me olhando, dos olhos caindo várias lágrimas, agradecendo. Podem acreditar minhas meninas estavam agradecendo por eu ter feito parte da vida delas. A mais velha já não era mais uma menina e sim uma mulher pediu um tempo aos homens segurando o machado e dos meus galhos ela retirou as últimas quatro ameixas não estavam amarelas e bonitas como um dia foram.

Mas ela não ligou apenas colheu entregando as demais cada uma, ambas tocaram no meu troco jurando plantar minha semente num lugar onde homem nenhum poderia arrancar, num lugar onde as crianças pudessem brincar nos meus galhos.

Eu mesmo não tendo coração, acreditei, Porém continue olhando os rostinhos já adulto delas e orgulhoso das mulheres na quais elas se tornaram. até quando a pesada escuridão recaiu sobre meu ser..
Que luz é essa olho em volta e vejo crianças correndo para todos os lugares, estou num parque. Não sei se os seus dos humanos existem mais começou a chover e senti como fosse minha lágrimas de gratidão, as minhas meninas não esqueceram de mim, não deixaram de cumprir suas promessas. As crianças correram juntos das suas mães para baixo dos meus galhos,elas estavam falando aonde poderiam colocar um balanço.

Não sei aonde as minhas quatro meninas estão mas agradeço por tudo, por transformar a vida de uma árvore, por sem saberem foram minhas melhores amigas e eu fui seu melhor é mais confiável confidente, elas me deram algo que nem todos os humanos tem um propósito. Obrigada minhas meninas de olhos castanhos fantásticas.

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