blue blood; tododeku

corpo no escritório;

— Se você continuar me perguntando sobre a sua sexualidade eu vou me matar na sua frente e isso nem é uma brincadeira — Izuku rosnou daquele jeito curiosamente fofo, onde ele sempre projetava seus dentes para frente para parecer uma ameaça, mas acabava ficando fofo e parecendo um psicopata inofensivo.

Um tipo de personagem fofo de animação que é o vilão da história.

Shouto havia acordado com muitas perguntas pois havia passado a noite em claro, teorizando sobre a sua sexualidade e sobre o que ele deveria fazer em seguinte. As questões que ele tinha sobre o que estava em seu peito não tinham uma resposta ainda, bem, pelo menos ele não conseguia pensar em nada que lhe desse uma pista sobre para onde ir, então ele tinha que recorrer para a única pessoa que o entendia. Midoriya Izuku. 

Mas Midoriya Izuku havia acordado de mau humor, e como sempre, negado ajudá-lo a se entender.

— Eu já disse, se você acha que gosta de homens, me beija. E aí você vai descobrir se gosta ou não — ele continuou resmungando enquanto andava de um lado para o outro na cozinha. — Shouto, às vezes você só descobre algo quando tenta.

Um suspiro pesado saiu dos lábios do lobo, que tombou sua cabeça para trás e rosnou baixinho. Todas as vezes que ele tentava discutir sobre os seus sentimentos e sexualidade, Izuku agia daquela forma evasiva. Era como se ele estivesse evitando aquele assunto o máximo que podia, e isso não fazia sentido para Todoroki. Do que Izuku tinha tanto medo, afinal? O que ele não queria descobrir? Ou melhor, o que ele não queria que Todoroki descobrisse?

Toda aquela discussão sempre recaía na mesma resposta, sempre recaía naquela história do beijo. Izuku achava que toda aquela confusão poderia ser resolvida com um beijo, mas ele não sabia que essa mesma confusão havia sido iniciada justamente por conta de um beijo entre eles dois.

Todoroki não precisava de um beijo para entender a sua sexualidade, ele precisava descobrir o que sentia. E o mais importante, ele precisava sentir para finalmente se descobrir.

Após deixar Izuku no trabalho, ele decidiu se atrasar alguns minutos para poder tomar um copo de café em uma cafeteria ali perto que dava vista pra praça central da prefeitura. Suncity era uma cidade pequena, do interior, mas que ainda tinha uma vista bonita da natureza. Quando ele saía cedo do trabalho, gostava de andar pela praça, sentar-se e apreciar a paz e a plenitude, pois sua vida às vezes parecia um repleto caos sem fim.

— Shouto, bom dia! —  ele ouviu a voz de Martilla e a observou se aproximar com seu sorriso largo e suas roupas justas. Pela primeira vez ele estava a vendo com o cabelo amarrado em um coque. — Como estão as coisas?

— Bom dia, Marti! — ele sorriu de volta e sentiu seu pescoço ser enlaçado e então abraçado por ela. — Eu tentei falar com o Izuku, mas ele se recusa a falar comigo. Acho que estou sem esperança.

Martilla olhou para o seu relógio e puxou uma cadeira para sentar. Era óbvio que nenhum dos dois iriam passar horas conversando sobre o que sentiam ou sobre a confusão em que Shoto havia se metido.

— Eu sou todos ouvidos. Acho que eu estou envelhecendo errado, em vez de gatos aparecerem na minha casa, estou começando a me cercar de gays — ela falou enquanto dava uma risada. — Mas o Izuku realmente não está querendo te ajudar? Uau, isso é estranho.

— Tudo o que ele me diz é que se eu beijar alguém, vai passar. Mas ai está o problema, eu simplesmente não consigo fazer isso, e ele sabe disso melhor do que ninguém. Eu só queria me sentir normal, sabe? 

— Querido, você é normal.

— "Normal" — ele repetiu com desgosto.

A história da vida de Todoroki Shouto havia começado normal, e então virou de ponta cabeça e nunca mais se ajustou. Ele sentia como se tudo de ruim estivesse acontecendo com ele desde que ele era uma criança, e isso era assustador.