O torneio da mão: parte 2

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E nasce um novo "heroi".


 
O sol raiou laranja e tremeluzente a margem de King’s Landing. Quente e abafado, o mormaço ia se espalhando pelos pescadores e navegantes a beira da baía de Blackwater se estendendo às ruas, comércios, bordéis, casas, até a Fortaleza Vermelha e mais além o Septo de Baelor. O vento quente trazido pelo Mar Estreito varria os últimos resquícios que Westeros teve de um longo verão. Logo a Cidadela enviaria seus corvos oficializando a chegada do outono e todo o reino entraria em uma corrida desenfreada para manterem mantimentos e deixarem seus reinos menores e vilarejos o mínimo sobrevivendo. Até lá, se despediam do bom tempo e, em breve, em um mar de homens, mulheres e crianças, todos ansiarão para assistir cavaleiros se enfrentando (e com sorte se matando) no campo de batalha aquela tarde.
Luther acordou com um solavanco na porta do quarto onde dormia ouvindo a voz de Rowena. Era impaciente e tensa como em um tom de ordem. - Acorda, monte de cocô. Eu não vou bancar sua mãe e bancar sua diária. Vista-se, que agora você não sairá de meu campo de visão até o final deste dia! Maldito seja esse metido a besta a se meter onde não deve e... - Sua voz emudecia ao passo que andava para longe de seu quarto descendo as escadas resmungando consigo mesma. No reflexo e pela tonteira da manhã, não hesitou em obedecer prontamente. Porém, ao sentar sobre os lençóis amarelos das estalagens, sentiu sua costela proferir como se fosse um rasgo de dentro para fora de seu tórax. Arfou e contorceu-se em resposta. Foi alto o suficiente para que Nancy, que terminava de pegar o restante de seus pertences e armas no quarto ao lado se pusesse de pé. “Saí da faculdade de enfermagem, mas a enfermagem não saiu de mim. Incrível...” pensou já se pondo a caminho do quarto de seu enfermo com o ar de que já não aguentava mais ouvir as reclamações daquele sujeito que durante o sono no meio da noite. Acordava-a tendo sonhos agitados e provocava o local da costela atingido pelo golpe de Rowena.

- O que foi agora, soldado? - Disse abrindo a porta sem se importar muito com a resposta. Se pôs a examinar a atadura puxando um banquinho ao lado da cama de Luther. Ele jazia deitado tenso e pálido, com as ataduras úmidas e exalando um cheiro estranho. - Não se mexa. - E retirava de cima os tecidos para ver se a ferida cicatrizara. Pois por baixo acabou não havendo ferida aberta, mas um grande arroxeado em sua pele branca e febril. Motivo do cheiro e da umidade dos curativos. - É só uma uma leve hemorragia interna ocasionada pela costela fissurada, mas nada muito preocupante, eu dou conta disso. Mas nem pense hoje em sacar essa espada e se atirar em cima do Montanha. - Terminou imobilizando seu tronco enquanto o outro resmungava e amaldiçoava as que terminaram com sua missão pessoal.  

-Suas duas rameiras de estrada, não têm a mínima ideia do que eu poderia ter feito, não deviam se meter nos assuntos de um homem que jurou se vin... - E sem ao menos poder terminar sua frase foi interrompido por uma Nancy apertando o local ferido da costela fissurada provocando uma dor aguda calando-o de suas palavras cuspidas ao vento dando lugar a um guincho de dor.  

-Pois fique já informado que não é inteligente amaldiçoar a mão que o cuida. Cuidado com suas palavras. Isso é muito maior que você e sinto muito por sua família caso o maldito Gregor os condenou, mas vamos deixar um pouco dele para você. É nosso protegido a partir de hoje e garanto que terá um lugar para você em meio a vingança contra o Montanha e acredite, nós não somos os únicos. Há tanta gente por aí que odeia Gregor Clegane quanto você. 
Luther por sua vez arregalou seus olhos e crispou os lábios ao mencionarem sua família. Não lembrava de comentar em momento algum. - Como sabe sobre minha família, my lady? - Nancy soltou um suspiro longo e cansado aparentando ter uma idade mais avançada do que realmente tinha.  

-Quando dei a você leite de papoula ontem a noite misturado com outras especiarias minhas, antes de apagar completamente, você soltou algumas palavras sobre sua mãe e irmãos. - Não se atreveria a lembrar que ele mencionara violação. Não queria chegar nesse clima. - Isso depois que esclarecemos que não podia pegar o Montanha. - O silêncio pairou por alguns segundos enquanto Nancy olhava perdidamente para os compensados de madeira velha nas paredes enquanto sentia os olhos manchados de Luther sobre si. 

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⏰ Última atualização: May 24, 2020 ⏰

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