Capítulo único

75 5 9
                                    


N/A: Itálico: Athena 

Normal: Harry

A lancha branca ia rapidamente sobre as águas gélidas do grandioso Atlântico enquanto eu apenas aproveitava a paisagem recebendo rajadas de vento no rosto. Respirei fundo sentindo-me abençoado por poder finalmente estar ali. Tinha acabado de sair de férias, merecidamente. A empresa de meu pai me deixava com um estresse tão alto que eu pensava que não viveria muito tempo caso continuasse a viver aquela vida caótica, sem nenhuma pausa.

Três anos trabalhando sem parar, pilhas e pilhas de papéis para serem analisados, milhares de reuniões presenciais e a distância, o ramo do petróleo parecia nunca dar uma pausa. Meu pai herdou aquele império do meu avô, a empresa já havia passado nas mãos de três gerações da família Styles, eu estava no comando dos negócios há três anos, logo após a morte de meu pai.

Ele era apaixonado pelo oceano, um lunático, como minha mãe e a imprensa costumavam chamá-lo. Outra característica herdada e passada por gerações, afinal, meu pai havia crescido ouvindo histórias sobre monstros marinhos e seres mitológicos, e apesar da total de minha mãe ser totalmente cética, ele repassou tudo o que dizia saber a diante para o único filho. Eu.

Confesso que não era lá tão aficcionado por todos os assuntos, concordava com a maioria das pessoas que o chamavam de louco por acreditar em seres cujo a ciência jamais comprovou a existência. Porém havia uma coisa que me fascinava no mesmo grau que ele, a Cidade de Atlântida.

Já havia lido todos os artigos e pesquisado todas as teorias existentes, vi todos os filmes e li todos os livros do assunto. Saí em expedições com meu pai enquanto crescia, quando era menor tinha planos de estudar a biologia marinha, ao contrário de meu pai, eu era um admirador da vida marinha que já conhecemos. Visitei muitas das ilhas que especulavam ser o local exato da cidade submersa, papai como um bom obcecado que era, gastou milhões em pesquisas nesses locais, daí o apelido Lunático.

Mesmo sem nenhuma prova sequer, ele acreditou em suas teorias malucas até seu último suspiro. Longe do mar, na cama de um hospital vítima de um câncer. Lembro-me de ter prometido a ele que continuaria a procurar onde quer que fosse, iria provar para o mundo todo que ele sempre esteve certo.

Vesti minha roupa de mergulho preparando-me para desbravar as águas frias do Atlântico. Estive ansioso para aquele momento, foi um ano planejando aquela viagem, revisitar o primeiro local que mergulhei com meu pai quando era adolescente. Lancei-me ao mar levando comigo minha câmera subaquática, que me permitia fotografar qualquer coisa nas profundezas.

Fotografei alguns cardumes que cruzei em meio ao meu mergulho, algumas algas e espécies de peixes já conhecidas, quando a pressão da água começou a me incomodar e a escuridão se aproximou, decidi voltar a superfície. Estava chateado por não ser presenteado pela presença de alguma baleia, já pude contemplar de perto uma Cachalote e toda sua grandeza debaixo da água.

Porém eu entendia que quando se tratava da natureza, fazer planos não era uma opção, e me sentia incrivelmente grato quando a mesma me surpreendia, mesmo em seus pequenos detalhes.

Em minha volta para a superfície foi interceptado por outro cardume enorme, aproveitei e fiz algumas imagens enquanto saía do caminho, respeitando o habitat dos pequenos peixes, que pareciam fugir de algo de tão rápido que se moviam pela água.

Com a luz da câmera, avistei uma sombra grande se aproximando. Me alarmei por um segundo pensando ser um tubarão branco. Aumentei a velocidade em minhas pernas e tratei de emergir o mais rápido que podia, assim que avistei o céu azul, ainda assustado, nadei em direção ao rochedo onde havia amarrado minha lancha, subindo sobre as pedras e me permitindo respirar sem os equipamentos. Abri meu traje encharcado, puxando-o até a cintura e deixando o sol bater em meus ombros.

AtlantisOnde histórias criam vida. Descubra agora