Enquanto vivia nos anos pretéritos ao meu falecimento, muitas coisas tinham acontecido. Por ser pretérito, posso até voltar às alegrias da infância ou aos tempos limites indicados pelo autor de "O ceifador nos campos de centeio".Outrossim cabe aqui essa fase de provas que se colocaram diante de mim, na verdade meros obstáculos que deveriam estar ali para serem vencidos e que me permitissem continuar melhor do que antes. Sei que será difícil cumprir essa pretensão mas me armei para vencê-la, com força de vontade e alcançar meus objetivos.
Nos últimos sete anos, mudei de cidade por três vezes, como também deixei de lado a engenharia. Procurei refúgio no interior, na ilusão de que, longe da monstruosa capital, poderia viver dos rendimentos que tinha e somar com outros, em alguma atividade. Passados seis meses, considerei correto o que um primo dissera:
-O interior é ilusão. Para se ganhar dinheiro, só na capital.
Ele estava certo. Quando se é um estranho numa cidade, acredite, você é um estranho, quase um alienígena. Se possuir alguma amizade com influência local poderosa ou se for um funcionário público estável transferido, tudo bem. Contudo, para poder vingar como profissional liberal, há que se ter uma raiz no local para poder brotar nas imediações.
Enfim, busquei vencer parte do problema existente, criando um outro. E, o mundo parece não nos favorecer e mesmo o ser humano perdido nas ilusões, tanto quanto eu, apanha.
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MORRI AOS 54 ANOS
Non-FictionUma trajetória de vida se modifica sob o impacto do diagnóstico positivo de câncer e suas consequências. Tudo leva o autor, vivendo dentro dessa realidade, a realizar uma viagem em direção ao seu passado, narrando e reavaliando sua história.