Capítulo Único

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— Ei, vocês souberam?

— Sim! Consegue acreditar?

— Não! Como isso pôde acontecer?

Midoriya ouviu os sussurros ecoarem pela sala.

— Do que estão falando? — perguntou sem entender o motivo para toda aquela agitação.

— Cara, a Uraraka convidou o Bakugou para um encontro — Kaminari se inclinou para sussurrar. — Logo você não estava sabendo? — O encarou, incrédulo.

O convite havia sido feito ontem, Mineta havia presenciado tudo, tendo estado escondido atrás de uma moita e protegido pela escuridão que se espalhava pelo campus, e a notícia rapidamente se espalhara pelos colegas, como fogo em palha seca. Agora, a sala toda especulava sobre como seria esse encontro e, principalmente, o que aconteceria durante ele. Kaminari esperava que, como melhor amigo da garota, Midoriya soubesse de tudo antecipadamente e pudesse contar o que se passava de verdade e as inclinações por trás do convite. No entanto, sua convicção de conseguir informações privilegiadas se encontrava agora seriamente abalada.

— O Kacchan? Tem certeza que foi o Kacchan? — O loiro o analisou, ele parecia genuinamente surpreso. Só podia supor que falava a verdade quando dizia não saber de nada.

— Isso mesmo. E adivinha só? Ele aceitou imediatamente. — Midoriya sentiu o rosto esquentar só de imaginar os dois juntos e o que fariam em um encontro de verdade. — Não notou que ambos faltaram hoje? Provavelmente devem estar se preparando para o encontro.

Afastou-se do amigo, sentido um leve desconforto no estômago. Bakugou nunca fora muito sociável e temia pelo que ele poderia escolher como atividade para esse encontro. Já podia imaginar os dois em meio a um brutal jogo de paintball ou fazendo outra coisa perigosa como pular de um avião sem paraquedas; tudo bem que Uraraka podia se tornar mais leve e flutuar até o chão, mas ele não podia deixar de se preocupar. E se algo mais grave acontecesse? E se algum vilão os atacasse? Virou-se para Iida, pensando ser ele uma boa escolha para dividir seus temores. O representante já estava por dentro do assunto do dia, mas ouviu o que Midoriya tinha a dizer pacientemente.

— Realmente... aquele Bakugou pode ser meio obtuso às vezes, talvez fosse melhor se pudéssemos observar para ter certeza que nada do tipo acontecesse — disse após escutá-lo, concordando com o motivo de preocupação do amigo.

— Então o que faríamos? Espionar os dois? — questionou. — Mas se o Kacchan ao menos desconfiar, ele vai nos transformar em picadinho! E a Uraraka pode ficar chateada e pensar que estávamos tentando estragar o encontro dela. E se formos pegos, podemos ser condenados por invasão de privacidade e... — Iida observou entretido o restante das frases do amigo se perder em um murmúrio indefinido, enquanto uma expressão de concentração intensa surgia em seu rosto. Como se ele pudesse analisar o caso, anotando-o em um de seus cadernos.

— Acalme-se! Não vamos estar espionando os dois, não tecnicamente. Vamos apenas garantir, de uma distância segura e imperceptível, que nada irá dar errado.

— Mas... — Midoriya mordeu o lábio, ainda pensando nas consequências. Porém, colocando a segurança da amiga como prioridade, decidiu que, mesmo que fossem pegos e punidos, o risco valeria a pena. Era uma missão boa o suficiente para aspirantes a heróis. — Tudo bem. Vamos fazer isso e seguir os dois depois da aula — concordou por fim, sabendo que só assim suas preocupações poderiam ser sanadas. — Eles devem sair juntos do dormitório.

Iida aceitou e os dois marcaram para se encontrarem no portão após o toque do sinal. Midoriya assistiu ao restante das aulas, nervoso e apreensivo, sem conseguir se concentrar bem em qualquer coisa que lhe pedissem para fazer. Em sua cabeça, diversas estratégias eram criadas e descartadas conforme se mostravam pouco usuais ou potencialmente inúteis, queria estar preparado para quaisquer eventualidades que pudessem acontecer.

Kiss meOnde histórias criam vida. Descubra agora