25⛱

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- obrigada por me abrigar durante esse tempo - falo pra Sarah enquanto desço as escadas com ela.

- sempre que precisar to a disposição, meu bem - ela sorri e me guia até a porta, mas antes que eu pudesse me despedir, ela me lança um olhar esperto - percebi ontem você e o JJ bem animados... 

- ele tava tirando sarro do meu suco - dei de ombros.

- sei... - ela me cutucou - vocês tão juntos agora?

- Sarah... - revirei os olhos querendo fugir do assunto.

- o que foi? - ela apoiou na porta - não tem nada de errado nisso. Até poque vocês dois combinam muito.

Revirei os olhos.

- mas de qualquer forma, boa sorte hoje a noite com seus pais - ela disse.

- valeu.

Me despedi dela com um abraço e segui pra área externa da casa onde John B prometeu que me daria carona. Enquanto esperava não pude deixar de passar os olhos pelo quintal, tentando localizar JJ com uma certa necessidade.

- olha só quem resolveu aparecer - Rafe surgiu do meu lado e cruzou os braços, olhando feio pra mim.

- quer me matar de susto? - xinguei.

- até que arrebentar com você não seria uma má ideia.

- acho que já deu dessa história, Rafe - revirei os olhos - você é rico. É só pagar um mecânico e pronto. Não to entendendo essa sua raiva.

- eu pagar? - ele exclamou como se fosse a coisa mais ridícula que ele tivesse ouvido - sabe quanto custou essa moto?

- não, mas também não me interessa. - aperto sua bochecha, mas ele agarra meu pulso com força.

- eu não to nem ai pro que te interessa ou não - ele me apertou com força - eu vou querer minha moto novinha em folha, mesmo que pra isso você tenha que sair dando o cu por ai. E seu fosse você, estabeleceria um preço alto porque não é tão barato assim o concerto.

Rio de deboche, o irritando e me aproximo dele sem medo dessa vez.

- sinto muito ter que te frustar, mas não vou pagar nada. Você tem que aprender a parar de ser um babaca antes de sair por ai enchendo a minha paciencia. 

- deixa de ser uma filha da puta, kiara - ele força o maxilar e aperta ainda mais meu pulso, e me controlo pra não gritar de dor - você vai pagar e pronto - ele finalmente me larga com brutalidade, me jogando contra uma árvore.

- vai pro inferno, Rafe - esbravejo.

- tendo um bom dia, Rafe? - John B estaciona a van ao nosso lado.

- se você não pagar a porra do concerto, eu mesmo vou atrás de você e te faço engolir a merda daquele galho, entendeu?

- boa sorte vindo atrás de mim, seu filho da puta - lanço o dedo do meio e entro na van.

Rafe grita mais alguns insultos e John B acelera, olhando com surpresa pra mim.

- nem me pergunta - falo antes que ele começasse uma enxurrada de perguntas.

- tá legal - ele volta a prestar a atenção na estrada - mas isso é porque você ta grávida ou...

- sem perguntas, por favor - dispenso, mas ele continua confuso - é sério, John B.

- tá bom - ele sorri esperto - não vi nada, mamãe estressada.

Bato no seu braço.

- cala a boca - xingo, o fazendo rir.

***

- até que enfim! - meu pai corre pra me abraçar assim que chego em casa, como se nada tivesse acontecido. Mas não correspondo seus abraços - a gente estava tão preocupado com...

- eu sei - respondo curta e grossa.

- eu e sua mãe sentimos muito por tudo, filha... - ele se afasta e passa as mãos por meu cabelo - nós fomos uns idiotas por não ter te apoiado no início. Sentimos muito mesmo.

Forço um sorriso.

- oh, meu bem! - minha mãe apareceu e pulou no meu pescoço, tecendo inúmeras desculpas e arrependimentos no meu ouvido - que bom que você está de volta...

Ela se afastou com os olhos cheios de lágrimas. Meu pai segurou firme em seu ombro e sorriu pra mim.

- arrumamos seu quarto. Pode descansar se quiser - ele disse - te chamamos quando o jantar estiver pronto.

- e se quiser conversar...

- obrigada - respondo subindo as escadas tão familiares e me tranco no quarto. 

Olho pras estantes e pros demais objetos. Tudo no seu devido lugar. Meu teclado e meu ukulele, me observavam num canto, agora não mais empoeirados. 

Larguei minha mochila, suja de terra e grama, me jogando na cama, sentindo o peso da minha coluna contra o colchão. Olhei pro teto, que eu tinha começado a enfeitar com algumas constelações com tinta neón e soltei um sorriso torto. Querendo ou não, aquela era minha casa e eu me sentia bem melhor do que antes, mas ainda sim bem chateada com meus pais. 

E sem perceber, acabei adormecendo ali mesmo.

***

Coloquei uma calça jeans simples, que era rasgada no joelho e uma blusa que revelava uma porção da minha barriga, que ainda era discreta e lisa. Meu cabelo estava umido por conta do banho quente que eu havia tomado e com preso em duas tranças embultidas de cada lado.

O cheiro bom de carne assada pairava no ar por toda a casa. Coloquei uma sapatilha qualquer e desci assim que ouvi a campainha tocando. 

- kiara! Vem atender a porta - minha mãe gritou da cozinha.

Fui com uma certa empolgação, sentindo um frio repentino na barriga. Assim que abri a porta, sorri ao ver JJ ali, mais arrumado do que de costume. Ele também se alegrou ao me ver e eu pulei nele pra um abraço.

Eu não tinha encontrado com ele hoje e me sentia idiota por estar morrendo de saudade dele.

- você tá linda - ele sussurrou no meu ouvido.

- você também não tá nada mal - me afasto dele, notando um certo nervosismo em seu rosto - eles prometeram que não vão te matar - falei e peguei na sua mão - vem.

Puxei ele pra dentro e percebi sua mão entrelaçando na minha. E antes de anunciar sua chegada, a apertei prometendo a mim mesma de que não largaria ela tão cedo.







JJ and Kiara//outer banks⛱Onde histórias criam vida. Descubra agora