O coração 'tá como?

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— Você só precisa respirar fundo, olhar nos olhos dele é dizer: Jackson, eu gosto de você.

Youngjae subiu mais uma vez na cama, fazendo seu trajeto desesperado pelo quarto, seguindo por trás do mais velho e voltando a circular, tentando ao máximo absorver as palavras de Jaebum, que, apesar de ser seu melhor amigo, estava apenas deixando-o mais nervoso. Para começo de conversa, se pudesse, Youngjae nem estaria ali sofrendo. Entretanto, desde que contara a Jaebum sobre Jackson, o garoto da aula de tênis que conquistara seu coração, não conseguia ouvir outra coisa se não sermões sobre contar ao chinês o que sentia.

Claro, para Jaebum era fácil. Quando o moreno começou a gostar de Yugyeom, irmão mais novo de Jinyoung, ele não esperou para dizê-lo sobre seus sentimentos, pelo contrário, Yugyeom foi literalmente o primeiro a saber. Mas Youngjae não era assim. Passava bem longe disso, aliás. Youngjae tremia só de pensar em ouvir Jackson recusando-o — pois, na mente do Choi, era apenas essa resposta que estava apto a receber. O chinês era sempre tão alegre e doce, uma pessoa tão humilde, além de lindo, estudioso, simpático... Por que mesmo merecia alguém como ele? Oh, certo, não merecia. Não se achava digno.

A campainha tocou, fazendo ambos soltarem exclamações. As de Jaebum foram animadas, cheias de esperança, as de Youngjae pareceram gemidos sofridos de quem acaba de ser esfaqueado.

— Escuta, eu vou lá abrir a porta. Você fica aqui e se mantém calmo, ok?

Eu não vou conseguir, eu não vou conseguir, eu não vou conseguir... — começou a murmurar, com os olhos opacos parecendo perdidos em um mar de desespero. Jaebum segurou seus ombros, mantendo-o parado. — Não adianta, não tem como o Jackson gostar de mim. Impossível, vocês são loucos. Todos vocês. Loucos. Tem tanta gente do clube mais bonita, como poderia...

— Ei, Jae, não surta! — o sacudiu, vendo como o garoto estava cada vez mais pálido, até que virou gelatina em seus braços. — Oh não...

Alarmado, Jaebum olhou de um lado para o outro, largando Youngjae deitado em cima da cama e correndo até o andar de baixo. O que deveria fazer? Deixá-lo lá a noite inteira não parecia correto, e se por acaso Youngjae nunca mais acordasse? Também não queria correr o risco de chamar o restante dos amigos para arrumarem uma solução, sabia que nenhum deles realmente batia bem da cabeça e provavelmente acabariam matando Youngjae com qualquer ideia louca. Poderia pedir ajuda a Jackson, que era ligeiramente mais normal, talvez ele conseguisse pensar em algo inteligente o suficiente, pois o desespero não deixava Jaebum fazer nada.

Correu até a porta, aos tropeços, abrindo-a e encontrando um Jackson tranquilo, mexendo no telefone, digitando algo rapidamente. Assim que o outro o viu, abriu um sorriso e estava prestes a dizer algo, mas Jaebum o cortou rapidamente, puxando-o para dentro e fechando a porta, empurrando o chinês até a sala, onde o colocou sentado no sofá. Um grande ponto de interrogação brilhava no rosto bonito do Wang, que percebeu como Jaebum parecia preocupado com algo, pois respirava de forma descompassada e tinha os olhos arregalados.

— O que aconteceu, hyung? Cadê o Youngjae? Está tudo bem?

— Ele... — ouviram um som de algo caindo no andar de cima, Jaebum franziu o cenho e fitou Jackson. Youngjae estava desmaiado, como alguém poderia estar se movendo no andar de cima se estavam sozinhos? — Espera um minutinho.

Voltou para o andar de cima rapidamente, entrando no quarto de Youngjae, encontrando-o com um pé para fora da janela, prestes a fugir pelo telhado. O puxou para dentro do cômodo novamente, ouvindo as súplicas baixas dele, que implorava por misericórdia. Por um lado, não acreditava que o Choi tinha fingido ter desmaiado, por outro, sabia que ele poderia fazer isso caso o lado racional estivesse fora de uso — e naquele momento, Youngjae achava-se muito inteligente por conseguir se lembrar do próprio nome. Colocou-o sentado na cama, observando como a mão do mais novo sangrava. Olhou para a escrivaninha ao lado da janela, vendo que a escultura de vidro dele estava quebrada no chão. Ele provavelmente se apoiara ali para sair.

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