Capítulo Único

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Se eu soubesse que Yugyeom seria o espermatozóide vencedor, teria me mudado para o Japão antes dele nascer.

Não que eu odeie meu irmão mais novo. Na realidade, o acho a coisa mais fofa do mundo inteiro e o protejo com unhas e dentes se for necessário. Mas tem dias que não dá. Desde que comecei a frequentar a faculdade, ele tem arrumado diversos jeitos de sair comigo, o que não é ruim, pois sinto falta dele, mas os planos de Yugyeom não são lá muita coisa. Temos gostos muito diferentes, ele é a parte alegre e agitada da família, enquanto eu sou o velho habitando o corpo de um jovem. As coisas não se encaixam, entendem?

Yugyeom mês passado me arrastou para uma convenção de entusiastas de anime. Tinha tanto garoto correndo com os braços para trás imitando o Naruto que eu achei que era regra agir assim. Fiquei até com medo de ser expulso do lugar caso não me comportasse da mesma forma, mas meu irmão me tranquilizou dizendo que eles só eram "super fãs". Acho que por vergonha, Yugyeom não fez o mesmo que eles. Eu o conheço, sei que ele adoraria estar exibindo as pernas longas e a capa preta que o cobria por inteiro correndo daquele jeito idiota.

Em outro passeio, sugeriu que visitássemos uma exposição de bonecos de cera. Não me levem a mal, mas eu morro de medo dessas coisas. Ver todos os artistas que conheço parados e feitos de um material não vivo, ou melhor, vê-los e saber que não era realmente eles, me deixou na beira de um surto. Yugyeom achou tudo muito legal e até tirou foto com alguns famosos, contudo eu simplesmente procurei evitar passar muito tempo olhando para aquelas esquisitices. Naquele museu, só consegui me lembrar dos filmes de terror que assisti, então não foi muito legal.

Eu sugeri que fossemos a uma leitura de poesia. Por já ter decidido onde fomos nas duas últimas vezes, Yugyeom aceitou. Se eu soubesse que sair com ele em algo "entediante" era conviver com um garotinho de cinco anos, nunca teria convidado-o. Mal chegamos e Yugyeom começou a reclamar do café dizendo que não tinha nenhum refrigerante. Eu sugeri um chá, mas ele recusou muito educadamente dizendo que era uma bebida de gente velha ou de loucos fanáticos que querem emagrecer. Não ficamos vinte minutos no lugar, Yugyeom começou a pedir para ir embora e eu nunca fui muito paciente.

Tentei de novo. Sugeri assistirmos um filme, e para minha felicidade, ele pareceu muito feliz com o convite. Acontece que Yugyeom realmente não tem os mesmos gostos que eu em praticamente nada. Era um evento especial, os ingressos eram super caros, "Os pássaros" foi o clássico sorteado. Yugyeom dormiu no meio do filme, eu nem sei como isso é possível. Quando saímos, ele disse que o filme era legal, mas que não o prendeu como deveria. Também ressaltou que o filme era velho e um jovem como ele ainda não conseguia apreciar a arte como deveria. Depois disso, eu desisti de tentar.

Mas Yugyeom sempre foi mais persistente.

— Por favor, hyung! — Abraçou-me, implorando. — Eu prometo que vai ser divertido.

— Você não vai me ver vestido de Homem-Aranha, Im Yugyeom. — Resmunguei, tentando afastá-lo de mim. — Se você não se importa, eu preciso ir dormir.

— Por favorzinho! — Ajoelhou-se, choramingando. — É muito importante para mim, hyung. Por favor, por favor, por favor...

— Não tem como você me convencer a vestir aquela fantasia. — Cruzei os braços, frustrado. — Desista.

— Eu não queria ter que fazer isso, Jaebum hyung... — Yugyeom levantou-se.

Franzi o cenho, fitando-o confuso.

— O que quer dizer com isso...?

— Eu vou contar para mamãe e para o papai o que você fez com o carro naquele natal.

Eu disse que se soubesse que Yugyeom era o espermatozóide vencedor, teria me mudado para o Japão.

— Você não...

Nada temam, Im Jaebum chegou!Onde histórias criam vida. Descubra agora