03 de março de 2018
O destino é mesmo algo fantástico. Um elo que une as pessoas desde a fundação do mundo, pessoas que nem sequer fazem ideia de como suas vidas vem se emaranhando enquanto relógio faz tic-tac. Tic-tac que faz Dinah Jane levantar num pulo com a ligação que recebia.
– O que é droga? – Ela murmurou ao telefone enquanto corria pra buscar o jaleco na lavanderia de casa.
– Bom dia pra você também! – disse a voz do outro lado da linha – só queria agradecer por ter ido ontem, esse contrato pode deslanchar minha carreira.
– Tá tá tá, tudo bem, me agradeça quando for famoso me comprando diamantes – ela reclamou enquanto vestia os sapatos correndo – Shawn, eu preciso mesmo desligar, comemorar com você me fez perder hora justo hoje! Caramba, não tinha outro dia pra essa gravadora ligar não? As pessoas trabalham em horário comercial ainda sabia?
– O seu humor matinal é tudo o que eu preciso Dinazinha! – ele disse rindo enquanto ela rangia os dentes pelo apelido idiota. – Você vai arrasar e vai conseguir o emprego efetivo naquele centro de gente doida.
– Qualquer dia essa sua ignorância vai te matar! – ela revidou enquanto revirava os olhos – Sua sorte é ter talento no que faz, e obrigada. Espero que a grandona não me mate pelo atraso. – Desligou o telefone ouvindo a gargalhada do amigo. Terminou de se arrumar o mais rápido que pode, correu porta a fora engolindo um pão seco, olhou o relógio, ótimo 07h43min tinha que estar do outro lado da cidade as 08h00min, a mais nova fisioterapeuta de Miami torceu pra que o metro estivesse na velocidade da luz enquanto pensava na justificativa que daria.
Quando Normani olhou no relógio 07h50min sorriu satisfeita, tudo na mais perfeita ordem, ainda estava com dez minutos a seu favor para descer e tomar o café, aproveitou para passar no cômodo ao lado para pegar a papelada que faltava para o seu caso. A maior advogada de defesa tinha um caso fácil nas mãos, uma mulher que havia roubado bananas no mercado para dar o que comer a seu filho. Já tinha o teatro pronto, os casos que o governo lhe passava eram bons, mas gostava mesmo dos desafios, normalmente vinham dos clientes particulares, não era reconhecida a toa.
Recebeu uma sms que a fez parar no meio do corredor e gargalhar "acho que estou velha para as festas que você me arranja, festa de garotinho metido a astro do rock? Mani sinceramente eu estou um caco – J." digitou uma rápida resposta "você é uma velha ranzinza há muito tempo laur – K." e saiu as 08h07min como programado.
A assistente social e supervisora de pacientes da ala sete imprimia as últimas documentações as 08h15min, era um dia especial, gostava de ajudar os pacientes como gostava de assar biscoitos, Allyson olhou a câmera da recepção esperando ver a fisioterapeuta chegar atrasada em um dia tão importante. Encaminhou-se para a sala de reunião onde receberia a visita que poderia mudar tudo, pediu a recepcionista que mandasse Dinah direto para a sala, aquela garota não tinha jeito, mas gostava dela. Organizou os papéis, ligou o projetor e estava organizando os slides quando um furacão loiro abriu a porta e se sentou ao seu lado.
– Está atrasada! De novo Dinah? – falou séria, ela não entendia como o dia era importante?
– Eu sei, eu sei, mil desculpas. Mas eu tinha que passar na padaria e comprar um bolo, minha paciente favorita está crescendo – disse enquanto fingia uma emoção de mãe e agradecia mentalmente Shawn pela carona, afinal astros do rock não seguem leis, principalmente as de trânsito.
– Você sabe que isso é contra as regras certo?
– É eu sei, mas eu posso jurar que a supervisora não vai achar ruim – respondeu enquanto piscava para a menor.
Ally ignorou o que a estagiária havia respondido e disse firme:
– A nova psiquiatra chega às nove e meia, precisamos revisar algo? Não quero fazer feio na frente da Dra. Jauregui.
– Uou! O que? Jauregui tipo, filha do renomado Dr. Michael Jauregui? Eu a vi ontem em uma... uma... é... propaganda. – a mais alta gaguejou quando quase deixou escapar da festa.
– Ah sim, bem ela mesma, a própria, eu estou tão animada Dinah, acho que vamos conseguir!
– Não é querendo cortar sua animação, mas, a Jauregui? Ela não deve cobrar uns, sei lá, cinco mil dólares por hora? A garota não tem essa condição.
– É eu sei bom, depois daquela tragédia que aconteceu a Doutora não quer mais atender no consultório, apenas clientes antigos. Ela me disse quando conversamos que procurava novas coisas, disse que podíamos pagar aquilo que tínhamos.
– Isso que é ser rica mesmo não? Negando consulta caríssima pra atender alguém que não tem onde cair morta quando sair daqui. – Dinah não disse por mal, apenas constatou.
– Dinah! – ralhou a mais velha – Muito me admira você dizendo isso da garota!
– Não foi por mal eu juro! – colocou as mãos pra cima como se Ally fosse um anjo pronta pra arrebatá-la. – Mas são os fatos chefe, a garota só tem recursos pra ficar aqui até os 22 anos, e ela só tem roupas e lençóis limpos porque você tira do seu bolso para oferecer algo descente a ela! Os pais dela é que deveriam estar aqui.
– Não podemos afirmar isso Dinah! Ainda bem que Lana tinha uma visão de futuro e administrou muito bem o dinheiro da criança.
– Lana nunca falha big girl! – deu uma piscadinha e saiu da sala de reunião para buscar a água da convidada e talvez futura funcionária.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Efeito Colateral
Fanfiction"Onde Camila foi abandoada por sua família em um hospital psiquiátrico. E a nova dra. Lauren, que não leva os problemas de seus pacientes além das quatro paredes, começa a ficar intrigada. Será que a paciente 27 é realmente tão insana assim? A psiqu...