29⛱

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- pronto, mais gelo - voltei pro quarto que JJ costumava a ficar na casa do John B.

O pessoal resolveu nos deixar a sós por uns instantes, voltando a ficar na praia. Provavelmente estariam explicando a relação pertubada entre JJ e o pai pra Nina, que não entendia nada.

Encostei a porta, pra evitar comentários sobre a situação do garoto e o deixar mais confortável.

JJ estava horrível. Seu rosto ensanguentado com vários hematomas. Ele ficava olhando pro nada, como se não quisesse desabar na minha frente. Sua camisa também estava amassada e suja de terra e sangue, indicando que tinham mais machucados por baixo dela.

Me sentei na cama, bem próxima dele e coloquei as coisas que usaria no colo.

- vou precisar que você tire a camisa pra que eu cuide disso, tudo bem? - falei calma e ele assentiu, ainda não olhando pra minha cara - vai arder um pouco...

Me posicionei atrás dele, me assustando assim que ele jogou a blusa no chão. Suas costas estavam piores que seu rosto. JJ definitivamente foi arremessado de todos os jeitos pelo pai. Senti de novo aquele aperto no peito e minha garganta fechou um pouco.

Peguei o álcool e começei a passar nos machucados com o algodão, que rapiadamente ficava sujo de sangue. JJ não soltava nenhum ruído com o contato do líquido em sua pele, como se já estivesse apanhado o suficiente pra reclamar de uma coisa superficial como essa.

Limpei cada um deles com cuidado.

- tá muito feio assim? - ele pergutou com a voz rouca e baixa.

- vai melhorar - respondi tentando ser positiva.

Ele respirou fundo, forçando o maxilar. Ficamos mais um tempo em silêncio, enquanto eu terminava suas costas. Por conta do número limitado de curativos diante daquela infinidade de machucados, tive que selecionar os mais graves pra cubrir sua pele.

- pronto... - falei jogando fora as embalagens dos curativos e peguei mais algodão - agora, o rosto.

Ele, com uma careta de dor se virou pra mim, afastando o cabelo da face. Acabei notando que sua barriga também estava numa situação deplorável, e com mais sinais de murros do que as costas. JJ deveria estar se remoendo de dor, mas não deixava transparecer tão fácil assim.

- vai precisar um relaxante muscular - falei analisando os hematomas e ele não respondeu nada.

Peguei o álcool e mergulhei no algodão, passando pelos cortes nas maçãs do rosto, na testa e nos lábios.

- eu sinto muito, JJ - falei não aguentando vê-lo tão mal assim.

- ele sempre perde a cabeça. Não se culpe por isso - ele fala olhando pro colchão.

- por que não chamou a polícia? - perguntei tentando não soar grossa - ela poderia ter ajudado a evitar esse...

- não - ele me interrompeu com a voz abatida e grave demais.

- JJ...

- não, kie - ele nega e finalmente ergue seus olhos azuis pra mim, que estavam queimando de ódio e raiva - sabe que não confio na polícia. E nem ela em mim.

- mas vai deixar ele sair te espancando a hora que der na cabeça? - perguntei preocupada - JJ, ele poderia ter te matado se...

- não vou chamar a polícia.

Fiquei quieta, me concentrando no meu trabalho no seu nariz agora.

- eu me preocupo com você, JJ... - falei baixo, mais como uma confissão - me deixa falar então. Aposto que a polícia iria resolver o problema da noite pro dia.

JJ and Kiara//outer banks⛱Onde histórias criam vida. Descubra agora