Naquela noite fria, Vicente não tinha agasalho e nenhum lugar para dormir. Aparentava ser uma cidade deserta, estava a mercê de todas as criaturas da noite. Encontrou um beco estreito e cheio de tralhas, não tinha nada melhor, então decidiu que botaria algum tecido no chão e ali ficaria até o amanhecer.
Vicente não sabia se aquilo podia ser chamado de cidade, a rua (o que ele esperava que fosse uma rua) era larga e de barro, e as sombras das casas eram bem estreitas e distantes umas das outra. Era tudo o que tinha naquele momento. Tinha se dado mal e estava exausto.
Nada novo sob a lua.
- Está vivo, garoto?
Uma voz masculina, não devia ser um bom sinal. Prendeu a respiração e permaneceu de olhos fechados, sentindo o leve calor do sol na sua pele.
- Está morto ou é surdo?
Não podia o julgar, tinha alguém no chão e, no lugar dele, também não se atreveria a se aproximar mais para checar se estava respirando. Era a única solução.
- AAARGH MAS QUE MERDA... – Vicente sentiu uma forte dor nas pernas.
O acertaram com alguma coisa. Tratou de se sentar o mais rápido possível - não foi sua melhor ideia, ao abrir os olhos encontrou um homem empunhando uma barra de ferro.
- ESPERA! Meu carro quebrou na estrada, meu celular descarregou! Me perdi do carro e não achei uma lojinha uma pousada e... - Exclamou até ser interrompido.
- Já basta, criança! Saia desse chão antes que elas venham para o café da manhã.
- Elas?
Muita informação. Estava encolhido e tentando assimilar as informações, mas a dor nas pernas estava estonteante.
- As hienas. Se quiser vê-las pode ficar aí, não garanto que continuará vivo para o almoço, mas se não, por que veio? Elas são tudo que temos por aqui.
Não tinha certeza de nada naquele momento, mas o homem estava com uma barra de ferro e Vince tinha apenas uma mochila desgastada e os punhos.
- Minhas pernas estão machucadas, senhor.
- Da próxima vez responda quando eu perguntar se está vivo.
O homem pegou a mochila e ajudou um Vicente trêmulo a levantar.
- Me perdoe pela pancada, garoto, mas são tempos difíceis. As pessoas abandonaram o Vale depois dos ataques, mesmo que aqui nunca tenha sido muito povoado. E também achei que fosse gente ruim. Sente-se aí, prefere um chá para ajudar a acordar ou whisky para aquecer a garganta?
Vale? Whisky? Não aceitaria álcool do homem desconhecido que mora em um vale abandonado.
O lugar não era nem um pouco atraente. Uma estrada de barro seco, cerca de seis casas de madeira. Nada seria de grande ajuda se acabasse correndo grande risco de vida.
O homem o levou para um casebre que ficava do lado do beco, que Vicente viu que se tratava de um tipo de depósito para entulho. O lugar era bem simples e desorganizado, copos estavam por todos os cantos, os poucos móveis eram de madeira e a geladeira tinha marcas de ferrugem. Uma pequena janela na parte da frente mostrava o lado de fora.
- Garoto, qual o seu nome? - o homem perguntou diante da insegurança estampada no rosto do outro. Não obteve resposta, então decidiu bater na mesa para chamar a sua atenção.
- Nome.
- Perdão, me chamo Vicente Aviv, aceito o chá. Por favor, que seja apenas chá.
O homem desconhecido e misterioso na sua frente estava na faixa dos trinta anos.
- Posso saber seu nome, senhor?
- Nero.
esse conto era pra um trabalho, mas acabei gostando dele e criei coragem pra postar aqui, mas não sei se devo continuar ou criar uma história com esse enredo.
as divisórias do capítulo são de uma pessoa no twitter (eu fiquei muito apaixonada por elas).
espero que tenham gostado!
⭐
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝚅𝚊𝚕𝚎 𝚍𝚊𝚜 𝙷𝚒𝚎𝚗𝚊𝚜
Science FictionVicente estava perdido. Teve que passar a noite largado no chão barrento de um lugar desconhecido e quase abandonado, frequentemente aterrorizado por criaturas sorridentes. Seria sorte se as hienas fossem a pior coisa que poderia encontrar por ali.