Gotas gélidas.

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O som agradável de gotas gélidas caindo sobre o solo recém molhado pela chuva de outrora era tranquilizador. Tranquilidade, Mikasa sentia isso e coisas a mais enquanto mantinha-se aninhada pelos braços bem definidos e calorosos de seu capitão. Quente, ele era quente. O calor cujo emanava de sua pele poderia ser a última coisa que Mikasa gostaria de lembrar de ter sentido. A quanto tempo não sentia essa sensação? A quanto tempo não fora abraçada de uma maneira tão protetora como se jamais pudesse ser devastada por nada, nem pelos titãs? Ela não lembrava-se.

Os corpos de ambos sobre a cama do quartel estavam libertos de vestimentas. Ambos mantinham tal rotina corriqueira a algum tempo, Mikasa volta e meia deixava com que seu capitão entrasse em seus aposentos, enganando a si mesma que ele apenas a visitava no meio da madrugada para contar-lhe alguma estratégia de luta, para dar-lhe alguma lição de força, e por um tempo realmente ele ia até seu quarto com estes intuitos. Mas as lições começaram a tornar-se mais evasivas, mais calorosas, menos vestidas, mais prazerosas e no final acabará naquela situação.

Com a Arckeman entregue em seus braços, protegida e relativamente pensativa enquanto o rabugento de seu capitão dormia, tão sereno. Mikasa com certeza não o amava. Não, nunca, seu amor com certeza pertencia ao Eren. Ele é sua família, ele é seu garotinho, seu homem, seu titã, o que tiver de ser, ele seria mas era evidente que Mikasa o amaria sendo o que fosse. Mas Levi tornou-se tão amável quando tomava ela em seus braços, em seus beijos e toques, por mais rígido que ele fosse, por mais que romantismo não fosse a cara do capitão, para Mikasa havia um certo quê de afeição por entre suas ações. Ah mas ela estava tão confusa, será que foi por isso que ela deixou seu capitão tomá-la durante as noites? Pela carência de um abraço ou um toque? Pela falta de intensidade de ter um corpo sobre o seu? Ela não sabia, mas com certeza sabia que sentia algo intenso pelo capitão, caso contrário não perderia tanto tempo pensando sobre o mesmo, enquanto Levi ainda dormia tranquilo, abraçando-a como se jamais fosse deixá-la ir.

Nessas confusões mentais, Mikasa também se permitia pensar o que Levi sentia por ela. Mas sabia perfeitamente que jamais iria descobrir a resposta por si só. O capitão era tão frio, tão taciturno, tão sombrio, ela apenas saberia da resposta se o próprio viesse de boa vontade lhe dizer. Mas a verdade é que desde que os dois começaram a ter encontros noturnos, jamais conversavam sobre o que aquilo representava, sobre o que significava ou o porquê. Apenas sabia que evidentemente os dois pareciam necessitar daquilo, pareciam querer arduamente e seja lá o que for que sentiam um pelo outro, era intenso. Incrivelmente e terrivelmente intenso.

Mikasa suspirou pesadamente, exausta psicologicamente, fisicamente e emocionalmente. Fechou seus olhos e dormiu como se jamais tivesse o feito por dias. Deixou-se adormecer nos braços daquele homem que já perderá tanto, porém a mantinha nos braços como se fosse a coisinha mais preciosa. Ela dormiu para na manhã seguinte acordar sem ele ali. Para vê-lo dar ordens e comandar a tropa normalmente como se nada tivesse ocorrido, ela faria o mesmo, e os dois fariam tudo de novo e de novo, mas sem saber realmente o motivo. Talvez, um dos dois tenha a iniciativa de ter uma conversa esclarecedora, mas apenas no dia seguinte. Naquela noite, adormeceram como dois amantes.

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