capítulo 34 (Revisado)

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*Thiago:

—Como assim você tem que ir para o Rio amor? —Débora diz se jogando na cama de forma dramática. Eu sorrio e fecho a mala.

—Eu juro que vai ser rápido, o Grego precisa de mim, hum—Dou um beijo em sua testa. —Prometo que volto inteiro.

—Você disse que tinha abandonado o tráfico bê, por que você vai entrar em briga de facção?

—Amor...—Me ajoelho para ficar da mesma altura dela. —Não é briga de facção. O Daniel precisa de mim. E você não pode contar nada pra Lexa ok? —Acaricio sei rosto.

—Ok. –Dou um selinho em seus lábios. —Mais você vai me prometer que quando  voltar vai me contar que tudo que está acontecendo entre Daniel, você e o delegado.

—Ok. Eu prometo.

***

Já no voo, mando uma mensagem para o Fernando avisando que não demoro a chegar. Quando envio, passo incontáveis instantes observando a foto de quando éramos crianças.

Na foto Fernando—Sendo o mais velho—Segura eu e Daniel, sentados em sua perna.

Meus pais, Felipe e Tereza, trabalhavam na casa dos pais do Daniel, Henrique e Laura. Quando eles morreram eu tinha 3 anos, meu irmão tinha 4 e o Deni tinha 2 anos e meio. Por causa da baixa diferença de idade, nós três fomos criados de forma igual. O que um tinha o outro tinha também.

Só que infelizmente a união que tínhamos foi completamente destruída quando Helena entrou na vida do Daniel. Aquela mulher foi uma praga, Deus que me perdoe por dizer isso, mais ela era o demônio.

Tinha alguma coisa nela que fazia ela se destacar das demais. Era como uma loba, todos os homens que eu conheço se ajoelhavam diante dela, e eu fui o único que sai ileso dessa história.

Na frente do Deni era uma princesa quando ele virava as costas ela era uma cobra. Destilava seu veneno, menosprezava as pessoas, era uma vadia de esquina que teve a sorte de nascer em berço de ouro.

E quando finalmente as coisas se encaixavam aparece a clone dela. De personalidade tão podre quanto o Rio Tietê, e mais uma vez o que a Décima praga egípcia fez?! Caiu de amores por uma quenga que agora está me fazendo sair do aconchego dos braços da minha mulher pra ir salvar a Barbie que está presa em um galpão qualquer virando comida de barata.

Que ódio!

O Daniel sempre com o costume de me meter em cilada...

***

Pego um uber diretamente para o Alemão. Desço do carro depois de pagar a corrida. Subo a ladeira a pé, algumas pessoas me olham como se eu fosse o próprio diabo. Chegando de frente ao QG tiro meus óculos escuros e aspiro o ar quente que instantaneamente queima meu nariz.

Saudade do frio...

Entro encontrando Robin andando de um lado para o outro.

—Desse jeito vai acabar furando um buraco no chão seu Zé Ruela —Digo deixando minha mala no chão.

—Tito?–Meu parceiro me cumprimenta com um meio abraço. —Ahhh cara tu chegou em hora errada menor... pegaram o Grego cara! E eu não faço nem ideia de onde ele pode tá!

—Acalme-se, eu vou resolver isso. Eu sei onde o Grego está. Eu estou indo agora mesmo pra lá.

—Eu vou também!

—Não Robin, você precisa ficar aqui monitorando o morro. Nossa base está vulnerável, precisamos intensificar a segurança aqui caso queira ficar vivo! —Procuro algumas armas.

—Voltou falando bonito doutor! –Robin diz me entregando uma faca.

—Antes de ser traficante eu estudei meu amigo.

—Tu é um filho da puta de sorte Tito! –Ele me dá um tapa no ombro. —Vai lá, busca nosso príncipe, o morro precisa dele.

***

O lugar era de aparência pior impossível. Logo na entrada sou barrado.

—Quem é você? –Um dos caras armados pergunta.

—Thiago Árias, irmão de Fernando. Ele está me esperando. –O cara me dá passagem e eu entro. Estaria mentido se dissesse que não senti nada ao ver aquela cena.

Daniel está pendurado pelos pés em correntes que vem diretamente do teto. Ele está cheio se hematomas e sangue. Nem se parece mais o príncipe do tráfico.

—Oh porra! —Digo tomado por um sentimento que eu nunca senti antes.

—Ora, ora, ora... Nossa família está completa agora! –Fernando pega um balde de água e joga em Daniel que grita de dor. —Acorda desgraçado! Olha o Tito chegou... –Da uma risada descontrolada.

—Fernando.

—Xiiii –Ele me corta. —Olha irmão, eu estou fazendo ele pagar por cada humilhação que ele nos fez passar... –Fernando se aproxima de mim e consigo ver que ele não está bem psicologicamente. —Lembra quando ele me pendurou exatamente assim em uma árvore e mandou me dar uma surra? Então eu estou fazendo a mesma coisa.

—Vingança não leva ninguém à nada.  –Seguro seu ombro. —Por favor irmão, solte o Daniel. Deixe ele viver essa vida desgraçada dele como ele quer! Algum dia ele vai apodrecer na cadeia! Não suje suas mãos com ele Nando! –Os olhos de Fernando se enchem de lágrimas e fúria.

—Deixar ele ir sem antes ele sentir um terço de toda a dor que eu sofri durante toda a minha vida ? Nunca! –Ele caminha até uma mesa cheia de materiais de tortura, pega um pedaço de madeira grossa e diz: —Olho por olho, dente por dente! –Em seguida bate com todo o ódio nas costas de Daniel que grita de dor.

—Fernando... Fernando pensa na sua família cara! Você tem sua mulher, deixa a polícia cuidar do Daniel e se for preciso de mim também! Deixe o Daniel ir embora, faça isso por mim, por nossos pais!

—Você não sabe o quanto eu sofri vendo esse resto de aborto casando com a mulher da minha vida.

—A Helena sempre foi e sempre será minha e isso também se aplica a Ísis, Nando...  —Diz e em seguida cospe sangue.

—Vocês não são capazes de ver que tudo começou a desandar depois que essa mulher apareceu! Nós somos irmãos! Nós três fomos criados para proteger uns aos outros! Parem de tentar se matar! —Chego perto do Fernando. –A única culpada por tudo isso foi a Helena, ela usou vocês dois para conseguir uma parte da fortuna da nossa família porém adivinhem, ela está morta! É uma defunta! Essa hora deve estar batendo boca com belzebu e vocês se matando... Aquela mulher era o demônio e vocês não foram capazes de ver isso, e agora estamos aqui vendo o que o amor obsessivo pode causar a alguém!

—Acabou?–Fernando pergunta.

—Solte o Daniel e eu dou a minha palavra de que nunca mais você vai saber sobre ele.

—E o que você vai fazer?

—Eu mesmo vou dar uma lição nele! –Daniel me olha incrédulo. Solto as correntes de vez o que faz o Deni cair de costas no chão. Fernando olha para ele caído no chão e sem forças, sem pensar duas vezes ele cospe na cara do Daniel e diz:

—Pode ter certeza que isso foi apenas o início, vou me vingar de você seu filho da puta nem que isso seja a última coisa que eu faça!—Olha para mim com um sorriso de lado. —Cuide dele irmãozinho, nos vemos!

***

O Príncipe Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora