(22) Mais perfeito era impossível.

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Querido Michael, (Já estavas sentir saudades disto, não?)

Já vai algum tempo que não te escrevo...mas se estás ler está carta é porque vieste a minha procura, senão me enganar neste momento devo estar internada num hospital ou por ai num comboio, se tiver suportado toda esta emoção.

Estás a espera do quê? Vai já ter comigo há estação!

Mexe essa banana frouxa até mim agora,

Amanda.

Sorri para a folha, sentindo-me patético. Apressei-me a correr até á estação como um louco. Quando finalmente passei pelas portas, observei a minha imagem reflectida no vidro pútrido.

A tinta vermelha do meu cabelo escorria agora pela minha cara, a minha t-shirt encontrava-se ensopada quase como uma segunda pele no meu corpo. Sem pensar duas vezes despi a minha t-shirt e tirei uma camisa que se encontrava para ali no meio da mala. Limpei a cara á t-shirt ensopada, sorrindo assim que vi a minha cara reflectida no vidro sujo. Mais perfeito era impossivel.

Atirei a t-shirt para um sitio aleatório, assim que ouvi o apito do comboio a aproximar-se. Pôs a mala ao ombro, peguei no chapéu de chuva e lá me meti eu debaixo de água, a observar o comboio a aproximar-se.

Uma multidão de pessoas apressou-se a sair do gigante de metal, tentei observar a multidão a ver se a via, até uma rapariga de cabelos rosa aparecer no meu campo de visão, passando por mim. Rapidamente foi atrás dela pela multidão.

" Amanda? " Perguntei, puxando-lhe pela t-shirt.

A rapariga olhou para mim revelando-me logo pelas suas feições que não era ela. Mas sinceramente, quantas raparigas de cabelo rosa existem na Austrália?

" Larga-me Anormal! " Exclamou, virando-se na minha direção mas os seus olhos gritam admiração mal me vê.

Eu sorri-lhe, escondendo o facto de estar triste por não ser a Amanda mas mesmo assim tinha de admitir, tinha saudades das minha fans. A figurinha pequena apressou-se a abraçar-me com lágrimas nos olhos.

" Oh, meu deus! " Gritou, começando a chorar. " Michael Clifford! "

" Prontos, linda. " Sussurei, pondo-lhe os braços á volta da cintura. " Desculpa mas não posso tirar uma foto contigo. "

" Não faz mal. " Respondeu, limpado os seus olhos e esboçando-me um sorriso fraco. " És mesmo um anormal Mikey, quem te mandou desaparecer assim? "

" Desculpa. " Afirmei, rindo levemente enquanto cochava a nuca. " Foi tudo por causa de uma pessoa."

" Oh, então existe uma ela? " Perguntou, levando ás mãos as ancas e elevando-me uma sobrancelha.

" Atrevida demais, não? " Perguntei, fazendo um vermelho adorável aparecer nas suas bochechas.

Abracei-a uma ultima vez e ela despediu-se de mim,  olhando algumas vezes para trás. Talvez a pensar que isto era só um sonho. Nem sei porque é que as raparigas me reagem assim. Eu sei que sou o guitarrista de uma banda rock mas nunca pensei ter assim tanta atenção talvez como o Calum, o Luke ou o Ashton que são muito mais atraentes que eu.

Já tinha saído toda a gente do gigante de metal. As portas já haviam começado a fechar e por momentos imaginei a Amanda numa cama de hospital, ligada a uma maquina de batimentos cardíacos por causa do seu pobre coração. Isso era antes de as portas voltarem a abrir e uma figura de cabelos rosados e olhos azuis sair de lá.

Felicidade não predominava nos seus olhos mas sim uma certa seriadade e cansaço. Umas enormes olheiras, escondiam os seus lindos olhos azuis e por momentos as luzes dos candeeiros de rua deixaram ver os reflexos rosa que ainda existiam no seu cabelo, fazendo-me aperceber que a minha vida toda estava viva neste momento.

Só se ouvia os seus saltos no chão de cimento em pequenos passos, ela finalmente chegou a mim, ficando debaixo do meu chapéu. Continuamos sérios a olhar um para o outro, até os lábios da Amanda se abrirem para articular palavras.

" Michael? " A sua voz melodiosa soou nos meus ouvido, fazendo-me sorrir.

" Sim, Amanda? " Perguntei de volta num tom provocador.

Ela olhou para mim por uns momentos enquanto pequenas lágrimas se formavam nos seus olhos. Dei or mim a sentir-me nervoso ao olhar para ela. Ela superava a minha imaginação de como pensava que seria, aliás era muito mais atraente do que eu pensava.

O silêncio da estação foi preenchido com o som da sua mala a cair no chão enquanto o seu corpo se aproximava do meu a uma forma alucinante. Sinto os seus braços á volta do meu pescoço e apercebo-me que me está a abraçar, pondo os braços á volta da sua cintura.

" Nunca pensei que viesses á minha procura. " Sussurrou-me ao ouvido. " Afinal sou só uma desconhecida física. "

Passei uma mão pelo seu cabelo. Em facto conseguia tocar-lhe, não a estava a imaginar e cheirava a algo florido. Talvez margaridas? Só podem ser margaridas, a flor combina com ela.

" Foda-se Amanda não me estragues o silêncio. " Suspirei, fazendo-a olhar para mim ameaçadoramente o que me fez soltar uma gargalhada.

" És mesmo estúpido, Michael. "- suspirou de volta, tirando os braços de volta do meu pescoço e batendo-me levemente no braço.

Bem, querida Amanda isto é o começo de algo, não sei do quê mas só espero que seja bom.

DEAR AMANDA, • mgc (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora