(23) Almost hot.

276 30 0
                                    

Querido M,                                   30 de Outubro de 2006 

Hoje sonhei contigo, bem quase que sonhei contigo.

Lá tudo era mágico, tu e eu viviamos á mercê do desconhecido. Vivíamos  neste quarto de hotel ambos com sorrisos merecedores de um oscar, sentados numa cama a falar sobre nós.

Não simplesmente nós mas o que tu e eu faria-mos, o que aconteceria no futuro. Estavas deitado com a cabeça pousada no meu colo e eu limitava-me a mexer no teu cabelo perfeitamente loiro. Só me lembro de tu estares a chamar-me e quando olho para ti a tua cara era um enorme buraco negro que consumiu o meu sonho inteiro.

É um sonho bastante adulto para uma criança de 11 anos, eu sei mas o que é que se podera fazer é simplesmente o que eu sonho. c:

beijinhos,

mandy. 

Essas breves palavras vieram-me á cabeça enquanto observa o quarto de hotel que o Michael tinha escolhido para nós. Era impressionante como a pequena Mandy era ingenua, pois isso mudou, não me vou deixar cair por ninguêm.

Deixei a minha mala cair á porta, correndo em direção ao centro do quarto e deixando-me cair em cima da cama. A quanto tempo é que não dormia numa cama, assim. Afinal o senhor semaforo de sinalização até me ia dar jeito.

Observei o Michael a entrar, fechando a porta atrás de si, tirando o capuz e os oculos escuros, ficando com umas expressões mais calmas. Ele larga ás suas malas em cima do móvel pequeno ao lado da porta, virando-se para mim e sorrindo.

" Não, olhes para mim assim seu semáforo. " Afirmei enquanto tirava os sapatos. " Nunca viste uma gaja numa cama, foi? "

" Não sabes quantas eu já vi. " Disse num tom convencido, abanando ás sobrancelhas.

" Já me calei! " Exclamei, elevando ás mãos no ar em ato de rendimento.

Ele riu-se levemente e entrou na casa de banho, fechando a porta atrás de si. Começei a olhar á minha volta, até os meus olhos pararem na televisão. Quando finalmente encontrei o comando, liguei-o nas noticias, ficando admirada, assim que vejo a cara do Michael expressa no ecrã.

" Depois de alguns dias desaparecido, a familia do guitarrista Michael Cifford finalmente deu procuração de busca á policia. Testemunha afirma. Tê-lo visto na Austrália e os... " 

Rapidamente desliguei a tv, atirando o comando contra a própia. Saltei da cama e dirigi-me á casa de banho, onde abri a porta. Vendo que o Michael ainda estava na banheira a tomar banho. Se este gajo pensa que se livra de mim assim e me mente está muito enganado.

" MICHAEL SAI JÁ DESSA BANHEIRA! " Gritei e rapidamente ouvi a torneira a desligar-se.

" Sempre imaginei este momento mas não pensei que fosse agora. " Afirmou do outro lado da cortina, esticando o seu braço de fora para apanhar a toalha que estava a segurar.

Esperei alguns minutos, dando-me tempo para cruzar os braços e assumir a minha bitch face. O que fez o Michael recuar uns passos quando saiu de toalha enrolada da banheira. Fiquei uns momentos a olhar para o seu corpo mas rapidamente me recompus, abanando a cabeça negativamente.

" FODA-SE MICHAEL! " Gritei, vendo os seus olhos a arregalar. " COMO ME PODES-TE MENTIR SOBRE QUEM ÉS? "

A raiva já havia começado a crescer dentro de mim a cada minuto. Odeio...Odeio-me por ter confiado neste cabrão ruivo que pensa que têm a mania. A minha mão eleva-se em direção á sua cara mas rapidamente é amparada pela mão dele que entrelaça os seus dedos com os meus, segurando-a firme, tentei soltar-me mas a minha força era em vão comparada com a dele.

" Eu não te odeio. " Declarou o cabrão, olhando-me nos olhos.  " Por isso não me faças odiar-te. Desculpa, se não te contei. "

" Larga-me! " Exclamei e finalmente consegui soltar a sua mão da minha.

" Olha, armas-te em cabra comigo, não resulta! " Gritou-me na cara.

" Bom para ti, aqui têns o verdadeiro eu. " Declarei, fazendo-lhe uma vénia.

" ESPERA! Não era isso que eu queria diz... "

Nem tive tempo de ouvir o que ele ia dizer, fechando-lhe logo a porta na cara.  Ah, que piada mal nos conhecemos e é logo violência. Que belo amigo literário. Mentiroso de uma figa; Cabrão; Paneleiro; Idiota; Estupido; Hipopótamo gordo... Insultei todos os nomes possiveis ao Michael enquanto despia a minha roupa, ficando só de sotian e cuecas.

 Ele  que vaia dormir no chão. Rapidamente arraquei os lençois da cama, deitando-me dentro deles e deixando a minha nostalgia consumir-me dentro do ambiente criado pelo meu corpo e os lençois.

Porque é que eu nasci? Porque é que o meu coração tinha de ser uma merda? Porque é que me inscrevi no projecto da escola? Porque é que escrevi ao Michael de volta? E mais importante de tudo porque é que este idiota de cabelo pintado me afeta tanto?

" Amanda? " Ouvi a voz dele e logo a seguir senti a cama á afundar-se ao meu lado.

" Vai-te embora! " Gritei, ouvindo a minha voz abafada pelo calor dentro da minha própia atmosfera.

Por momentos o quarto ficou silêncioso e o peso dele não se sentia. Teria ele ido mesmo embora? Os meus pensamentos mudaram, assim que senti a sua mão a puxar os cobertores mas eu rapidamente, voltei a puxa-los para baixo.

" Vai á merda Clifford! " Gritei, outra vez debaixo dos cobertores.

Oiço uma gargalhada e os seus passos a dar a volta á cama, agarrei os lençois, já em vantagem. Mas não estava á espera da tamanha força do corpo que entrou debaixo dos lençois ao meu lado. Por momentos vi os seus olhos verdes, a olhar para mim no escuro com a pouca claridade que passava pelo tecido do cobertor. Rapidamente me virei de costas para ele, destapando todo o meu corpo e deixando só o dele escondido com o cobertor.

Senti o seu corpo a erguer-se sobre o meu para observer os meus olhos fechados, enquanto fingia que estava a dormir ou ainda melhor que estava morta, adeus problemas e adeus Michael.

" Estás a dormir? " Sussurrou, fazendo-me conter para não lhe dar um murro.

Deixei de sentir a sua sombra sobre mim, deitando o seu corpo ao meu lado, só me apercebo que o seu corpo está virado para mim quando sinto a sua mão a pousar na minha coxa e a deslizar suavemente para cima, parando nas minhas cuecas. A minha pele arrepiou-se a seu toque, espero que não tenha reparado.

" Tiras ás patinhas animal! " Exclamei, batendo-lhe na mão.  " E vira essa banana frouxa para lá. "

" Estás com frio? Têns a pele toda arrepiada. " Perguntou com uma gargalhada, inclinando-se sobre o meu corpo e beijando-me o meu ombro, pois estava de costas para ele.

" Não. " Afirmei amargamente, alevantando-me e puxando os lençois para cima do meu corpo.  " E afasta-te de mim. "

" Não sejas tão..." Começou mas interrompio, pois virei-me na sua direção.

" Tão cabra? " Perguntei, fazendo-o ganhar uma expressão culpada.

" Tu sabes bem que eu não queria..." Disse mas voltei a interromper.

" Calá a boca! Não me interessa. " Sussurei, virando-me outra vez de costas para ele.

Senti o seu braço sobre a minha cintura, começei a afastar-me mas ele puxa-me mais perto dele, segurando-me firmemente. Sinto a sua boca a aproximar-se da minha orelha.

" Why you got be so rude? "  Começou a cantar, fazendo-me arrepiar. " Don't you know i'am a human too? "

" Why don't you shut the fuck up? " Continuei a cantar. " I'am gonna punch you anyways. " 

" Rude. " Afirmou, tirando o braço de volta do meu corpo.

" Com prazer. " Sussurrei, sorrindo levemente satisfeita.

Ele riu-se e ia abrir a boca para dizer algo mas rapidamente mandei-o calar. Até me sinto culpada por não o desculpar, as suas feições naquele momento estavam arrependidas. Que se lixe! Ele que sofra mais um bocado, eu vou dormir. There was a almost hot moment in here.

DEAR AMANDA, • mgc (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora