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Embora seu tempo fosse quase limitado Baekhyun amava ler as cartinhas do pequeno Seungkwan. Muitas vezes o menininho reclamava sobre como o pai cantava mal ou sobre como sentia falta de sua mãe, ele também escrevia sobre como seu cachorrinho de estimação era bagunceiro e sobre como seu querido pai era o melhor em inventar brincadeiras, em todas as cartinhas sempre um desenho anexado. Era realmente mágico ler tudo o que lhe era enviado, mesmo que a letra ainda fosse um pouquinho torta.

×××

As cartinhas nunca faltavam mas naquele dia nenhuma chegou. Baekhyun se convenceu com a ideia de que o menino havia apenas esquecido mas no dia seguinte quando mais uma vez não recebeu nada, a preocupação lhe agarrou pelos ombros e o levou até a porta do vizinho.

Toc toc toc.

Chanyeol apareceu na porta com olheiras aparentes, cabelo bagunçado e de pijama.

– Oh, estava dormindo? Perdão eu não queria incomodá-lo.

– Não, não. Eu estava acordado e você não incomoda de jeito nenhum, como posso ajudá-lo?

– Bem, eu sei que pode parecer meio bobo mas já tem um tempo que seu filhinho tem me mandado cartinhas diariamente e–

– Eu não acredito que o Seungkwan tem incomodado os vizinhos, mil desculpas eu realmente não percebi – Chanyeol se desesperou e começou a fazer reverências como um pedido de desculpa.

– Acho que o senhor entendeu errado, eu gosto de ler as cartinhas dele, mas ontem e hoje não recebi nenhuma e fiquei preocupado. Por isso vim até aqui perguntar se ele está bem.

– Bom, nesse caso então eu agradeço pela preocupação e não, ele não está muito bem. Parece que comeu algo na escolinha que fez mal, faz dois dias que ele vomita até a água que toma – Chanyeol deixou um sorriso triste aparecer, era de partir o coração ver seu filhinho daquele jeito.

– Coitadinho, espero do fundo do meu coração que ele melhore logo. Ele é uma criança muito educada e carinhosa – Mesmo conversando pouco com Seungkwan, Baekhyun já havia criado laços de amizade com o menino.

Papai, eu estou com fome agora – O pequeno surgiu na sala com a voz fraca e rouquinha, arrastando o pequeno cobertor pelo chão – Ah, oi tio Baek! – Seus olhinhos brilharam ao ver seu amigo mais velho.

– Olá pequeno, está melhorzinho? – Baek se abaixou para ficar da mesma altura que Seungkwan, que timidamente saia de trás das pernas de seu pai – Seu papai me disse que quando você melhorar vamos ir brincar lá no parquinho, que legal né!

É verdade, papai? – Chanyeol fez positivos com os polegares e se abaixou também – E o senhor vai levar aquele seu cachorrinho? – Desta vez sua atenção era voltada para o vizinho.

– Pode ser!

Então eu vou melhorar logo!

Os adultos riram achando fofo a determinação do pequeno. Chanyeol pareceu cair na realidade e se sentiu um tanto mal educado por não ter convidado seu vizinho para entrar.

– O que você acha de me ajudar a dar comida para o Seungkwan, ele vai amar, deu pra ver que ele gosta de você.

– Acho melhor não, não quero incomodá-los.

– Deixa disso, pense como se fosse um agradecimento pela preocupação e um pedido de desculpas pelas cartinhas.

– Bom, tudo bem então. Mas eu gosto mesmo de ler as cartinhas.

Baekhyun se levantou sendo acompanhado por Chanyeol. Logo estavam na cozinha degustando de toda comida que o Park oferecia.

×××

Depois de duas semanas as visitas de Baekhyun na casa de Chanyeol estavam mais constantes e mesmo se vendo com mais frequência Seungkwan nunca deixava de mandar cartinhas. 

Já era sexta-feira, o combinado era saírem amanhã a noite em uma lanchonete próxima. Assim que Baekhyun abriu a porta de seu apartamento avistou um envelope amarelo, dentro dele, as letrinhas tortas e a sinceridade de uma criança transmitida do giz de cera para a folha branca. Seungkwan reclamava:

  ai tio Baek, meu papai pediu para mim não te contar mas ele te acha muito bonito e eu acho que ele gosta de você porque ele sempre fala que o senhor tem beleza de outro mundo

Baekhyun sorriu bobo sentindo o peito aquecer.

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