Capítulo 26

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A mala mais rápida da sua vida estava pronta, e em quinze minutos, Lyla estava esperando Sam no Pátio principal da Defesa. Verena não foi muito sutil ao se aproximar, parecendo culpada.

— Ei.. Desculpa por aquilo. Às vezes minha boca é mais rápida que meus pensamentos, e eu vim de Doranelle com aquelas palavras na cabeça. Alguns xingamentos podem ou não terem sido excluídos no momento — Lyla bufou uma risada.

— Sua amiga, a tal Sabina, ela foi a que o Sam afastou? — a ruiva assentiu.

— Ela é uma artista da Corte Primaveril, e eles se conheceram em uma convenção de música — as sobrancelhas da Archeron se ergueram em surpresa — Ficaram amigos até... Até que ele foi embora. Os motivos não são meus para explicar. Ela ficou arrasada, na época, hoje está apenas preocupada.

— Compreendo...

— Enfim.. Ele não foi muito duro com você, não é? Você não vai embora por causa disso — as sobrancelhas de Lyla franziram em confusão.

— Como?

— Sabe — a ruiva gesticulou vagamente — as malas — a Illyriana gargalhou, olhando para a mochila que carregava.

— Não, não vou embora. Falar nisso, você viu o Sam? Ele disse que ia me deixar pra trás se eu me atrasasse.

— Passou por aqui em direção à cozinha — ela parecia estar montando as peças — Vocês vão sair?

— Sam chama de viagem, eu chamo de passeio extendido — ela gesticulou com um ombro — Vamos para um vilarejo, acredito.

Lyla viu o sorriso malicioso se construindo no rosto da ruiva, e balançou a cabeça.

— Nem mesmo comece — mas ela estava rindo, agora.

— E depois você diz que ele te odeia — ela abriu a boca para continuar dizendo alguma idiotice, mas fechou rapidamente quando Sam saiu da cozinha, trazendo um saco de pano que cheirava a pão recém assado. Lyla não conseguiu não sorrir: seu estômago estava roncando, e ela já reconhecia o pão de Sajja a quilômetrosde distância àquela altura.

— Obrigada — ela pegou o saco sem muita cerimônia, e tirou um pão, mordendo-o ruidosamente.

— Pare de agradecer por coisas ridículas, Archeron — ela não entendeu muito bem porque ele estava falando aquilo, mas ignorou. Acabou com dois pãezinhos antes de olhar a sua volta e perceber que Verena e Sam estavam encarando-a fixamente.

— Vocês vão ficar aí me olhando comer? — aquilo era estranho, e constrangedor.

— Eu estou te esperando — Sam disse, parecendo contrariado.

— Eu não tenho nada melhor para fazer, então — Verena deu de ombros, e Lyla guardou o saco na mochila, engolindo o último pedaço em sua boca.

— Certo, acabou o show — bateu as mãos para derrubar os farelos — Tchau Verena — ela ignorou o fato delas se conhecerem há apenas um dia, e a abraçou, dando um beijo na bochecha sardenta dela — Te vejo em... Sei lá quantos dias.

Verena riu, retribuindo o beijo. Lyla percebeu Sam se afastando das duas, sem nem mesmo esperá-la. Imaginou que a cortesia não se estendia a despedidas.

— Não se preocupe, o Nynsar é daqui a uma semana, e Sam nunca falta essas festas. Certeza que vocês voltam antes. Boa viagem com o principezinho.

Lyla ignorou o sorriso malicioso que veio junto a uma piscadinha de um olho só, e praticamente correu atrás de Sam, que já estava alcançando a floresta. Diminuiu o passo para acompanhá-lo, mas poderia dizer que ele não ficaria naquela velocidade por muito tempo.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora