"A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos."
Marcel Proust
***
Valentina seguia Legolas e Tauriel em silêncio. Ela sabia que Legolas lhe enxeria de perguntas na primeira oportunidade que tivesse, e sinceramente, não tinha nenhuma resposta concreta para suas perguntas.
Ela esperava que eles fossem para sala do trono, mas Legolas mudou a rota e foi para outro corredor. Corredor esse que levaria diretamente para sala de reuniões do palácio. Fazia muito tempo que ela não pisava os pés no palácio, mas ela se lembrava de cada detalhe.
Sinceramente, não entendia o porquê de Thranduil querer conversar com ela assim. Como se fossem apenas sócios ou reis fazendo negócios.
Bom, talvez ele não tenha encarado bem a sua partida. Ela sabia como Thranduil era, sabia que ele lhe questionaria serenamente, mas que por dentro estaria queimando como as chamas de um vulcão.
Ela esperava que ele atendesse seu pedido e que deixasse o rancor de lado. Bom, pela forma que ele estava agindo com ela, Valu entendia que ele estava sentindo rancor.
Legolas bateu na porta e obteve um "entre" como resposta.
- Bom, Valentina está aqui, ada. - disse Legolas.
- Muito bem, obrigado Legolas. Podem ir e fechem a porta.
Ambos os dois saíram e ficou apenas ela e Thranduil. O rei olhava para ela atentamente, Valu respirou fundo e disse:
- Eu nem sei por onde começar, majestade, mas eu quero...
- Comece me explicando o porquê de ter ido embora e quando foi que nos tornamos estranhos.
- Majestade...
- Não me chame assim, Valentina. Eu acho que temos intimidade demais para isso. Bom, pelo menos naquela época tinhamos.
- Olha eu sei que você quer explicações, mas sinto muito, por quê não vim aqui para isso.
- Você é uma sem vergonha que não tem coração, Valentina. Você nem sequer me deu um tchau, nem a mim e nem a Legolas. Você simplesmente sumiu, não nos escreveu e nem veio nos ver. E agora você aparece e me diz que não vai se explicar. Por Eru!
- Thranduil - disse Valentina, aproximando-se e sentando-se no colo do rei. O que fez com que um arrepio tomasse conta do corpo dele. - por favor, não brigue comigo agora. Eu errei, eu sei disso. Mas eu não podia ficar com você. A única coisa que eu causava em você era prazer... E a Valentina daquela época não se conformava com isso. Eu... eu te amava e doía saber que seu amor não era meu. Não pense que eu parti somente por isso. Aconteceram outras coisas que me fizeram tomar essa decisão imatura e a única coisa de que me arrependo foi ter deixado você e Legolas para trás. Fora isso não me arrependo de mais nada.
Thranduil abaixou o olhar e passou a mão em uma das coxas dela. Ele precisava saber se o desejo ardente que ele sentia por ela era recíproco.
Ele viu o corpo dela arrepiar, viu quando ela engoliu em seco e escutou as batidas aceleradas de seu coração.
Em um ato de puro desejo, sem esperar nem mais e nem menos ele a beijou. Beijou ela sedenta e ferozmente. Valentina inclinou mais um pouco e prendeu seus dedos nos fios platinados do rei.
Valentina estava sentindo saudade daquilo. Saudade daquele fogo aceso que os dois tinham.
Thranduil desceu o beijo para o pescoço de Valentina e ela se afastou.
Valu viu os olhos dele escurecerem e marejarem ao mesmo tempo. Para muitos, aquela cena que ela estava vendo agora, seria de total espanto. Thranduil poderia ser frio, calculista e arrogante para os outros, mas com ela ele não usava máscaras. E assim ele havia sido com sua falecida esposa.
- Porque Valentina? Porque esta fazendo isso?
- Thranduil não sabe como é difícil rejeitar seu toque, mas antes de qualquer coisa, antes de qualquer faísca de prazer que um dos dois possa causar no outro, você deve saber que depois que eu fui embora eu me casei. Eu me casei com um homem na cidade do lago e tive quatro filhos.
Uma lágrima, uma única lágrima escorreu pela face dele. Valentina viu ele engolir em seco e viu quando os olhos dele demonstraram frieza. As mãos dele que repousavam sobre suas coxas se afastaram e passaram a ficar fixas na cadeira.
- Eu estava disposto a me casar com você, Valentina. Eu queria formar uma família com você e tudo o que fez for ir embora e fazer tudo isso com outro. Sem nem ao menos me dizer.
- Você não sabe o quanto que pensei em você e em Legolas durante todos esses anos. Você não imagina quantas vezes pensei em voltar e me jogar nos seus braços. Mas, eu achei que você não iria me querer, achei que você iria me mandar embora, que estava com raiva pelo o que eu fiz. E eu vejo agora que estava mesmo com raiva, porém seu desejo por mim nunca morreu.
- E mesmo assim você acabou de me rejeitar. Bom, você está certa, tem que ser fiel ao seu marido.
- Thranduil, não estou sendo fiel ao meu marido, estou sendo fiel a você. Até porque o meu marido já morreu. Se eu não deixei que continuasse antes de saber o que fiz na minha vida durante esse anos, foi para que não se arrependesse depois.
- Acha mesmo que eu me arrependeria de me deitar com você?
- Não sei, mas eu não vim aqui para fazer amor com você ou para te provocar. - disse Valentina saindo do colo do rei e ficando em pé em sua frente.
Thranduil se manteve sentando observando Valu. Ela aparentava estar mais gordinha, porém suas curvas continuavam perfeitas, capazes de fazer o rei delirar.
- Para que veio então?
- Eu vim pedir a sua ajuda, Thranduil.
- Minha ajuda?
- Sim... É que... eu tive três filhos homens e uma menina. Os meus três filhos homens herdaram uma pequena parte do meu poder e eu consegui ensinar a eles tudo o que precisavam saber. Mas... A minha filha é diferente. Ela parece ter o dobro do meu poder. Eu não posso manter ela na cidade do lago. Eu quero saber se me estenderia a mão mais uma vez. Se você puder me ajudar eu trarei ela aqui e depois irei embora...
- Valentina, traga os seus filhos venha morar aqui. Você pode ter ensinado os seus filhos a se contralarem, porém você, mais do que ninguém, sabe que isso não é suficiente. Venha com eles para minha companhia. Eu avisarei isso para Elrond e para a senhora Galadriel.
- Muito obrigada, Thranduil.
O rei se levantou e caminho até a mulher. Agarrou ela firmemente pela cintura e lhe deu um beijo. Um beijo lento e explorador, que fez ela se arrepiar.
Ela sabia que ele a desejava e sabia que o desejo era recíproco. Não se entregaria para ele assim, logo de cara. Porém sabia que não demoraria muito para estar rendida aos encantos dele. Até porque, ela nunca deixou de o amar.
Nota da Autora: Que capítulo cheio de mágoa, de desejo, de discussão e de melancolia foi esse? Por Eru! Como diz Thranduil. E aí, gostaram? Eu espero que sim. Como vocês acham que Malena vai reagir? Como acham que os filhos dela ficaram quando souberem do romance dela e do rei élfico? Aiai eu não digo é nada. Calada me deito, calada me levanto.
Até o próximo capítulo amores! Bjs 🤍
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Malena - EM ANDAMENTO DE CORREÇÃO
FanfictionEm uma era muito distante, Malena vivia aparentemente feliz. Mas secretamente se sentia triste, sentia que tinha um vazio que não era preenchido em seu peito. Era como se estivesse em busca de algo, mas nunca encontrava. Trabalhar como curandeira n...