Capítulo Trinta e Três

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Nosso momento foi interrompido por uma gritaria vindo dos andares inferiores.

Ariana e eu nos entreolhamos, assustados e descemos as escadas em disparado. Para o nosso azar, uma cena desagradável nos esperava lá embaixo.

Haviam dois rapazes, sendo segurados por uma multidão para que não se atacassem. Um deles tinha o cabelo preto e olhos verdes, e me parecia estranhamente familiar. Suspirei ao perceber que o outro era ninguém mais, ninguém menos que Tommy.

Nem um dia na escola e ele já está arrumando briga?

— Parem! — gritou uma professora. Os alunos imediatamente soltaram Tommy e o garoto, que continuaram lançando olhares ameaçadores um para o outro. — Não há nada para ver aqui! Circulando. — dito isso, os alunos se dispersaram. — Vou liberar você dessa vez. — disse para Tommy, que pegou a mochila dele e foi para a aula. — E você — a professora apontou para o garoto de olhos verdes. — para minha sala agora, Cooper. Vamos chamar seu responsável, pelo amor de Deus, você nem estuda aqui!

Cooper... de onde eu conhecia esse nome?

— Eu não acredito nisso! — reclamava Ariana, irritada, já no carro. — Uma briga no primeiro dia de aula.

— Até onde sabemos, não houve violência física. — falei, tentando manter a calma.

— Isso porque eles foram segurados a tempo! — bufou.

— Ariana, não sabemos o que aconteceu. — disse eu, ao parar o carro quando o sinal de trânsito ficou vermelho. — Eu estou defendendo ele, mas sabemos como alguns adolescentes podem ser malvados. Podia ser um valentão provocando ele por ser novato. Nós viemos aqui para que ele tivesse um recomeço. Vamos dá-lo uma chance de recomeçar, então.

— É só que... Ah. — ela soltou um longo suspiro e encostou a cabeça no banco do carro, virando-se para me encarar. — Nós já demos tantas chances para ele.

Eu elaborava uma frase, mas acabei me distraindo ao fixar meus olhos nos dela. Me deixei levar por nossa troca de olhares, ainda pensando na cobertura do colégio e no que eu havia sentido há anos.

— Jason?

— O que? — sussurrei.

— Para de me olhar, está verde! Vamos. — Ariana começou a gargalhar.

— É porque tem algo no seu nariz. — brinquei.

— Não vou cair nessa de novo. — ela revirou os olhos. — Naquele dia, na reunião dos pais, eu fiquei tão nervosa achando que tinha algo mesmo, e você ficou rindo de mim!

— Mas foi engraçado.

— Não, não foi!

Balancei a cabeça, voltando a focar no trânsito.

— Me deixe buscá-lo na escola, eu levo ele para tomar café na lanchonete da Emma e nós conversaremos. Quem sabe ele não me conta o que aconteceu. E você pode focar no trabalho, você acabou de ser transferida para o jornal da cidade, tenho certeza que tem muita coisa para resolver. Pode até sair com Sam. Eu sei que você está cansada, então deixa eu cuidar disso.

— Está bem. Obrigada. — respirou fundo e soltou uma risada — Mas você tem que parar de tentar comprá-lo com café.

Como dito, quando a aula acabou, busquei Tommy na escola e o levei para a lanchonete da Emma.

A MÃE DO MEU FILHOOnde histórias criam vida. Descubra agora