Capítulo 30

224 13 6
                                    

Narrado por Sam Winchester.

- "Ela não te quer mais. Você torturou ela, acha que ela ainda quer olhar na sua cara?" - A voz inquieta na minha cabeça falava isso repetidas vezes.

- Mentira! - Murmurava para mim mesmo. Entrei no quarto e fiquei transtornado com a voz.

A voz de Lúcifer. Eu me senti como da última vez em que ele entrou na minha cabeça: vozes, aparições, alucinações, noites sem dormir. Nenhum tipo de cedativo me acalmava, eu descobri isso quando fui parar em um hospícil devido minha "esquizofrenia". Será que estava acontecendo de novo?! Lúcifer iria me torturar novamente?! Iria passar por uma tortura mental, na qual ninguém entende?! Logo agora que eu poderia melhorar as coisas com a Row, e os bebês. Lúcifer é um ser tão despresível, que não saiu sem deixar um pedaço de sua crueldade na minha cabeça.

- "Foi você Sammy e você sabe. Nunca mais vai poder tocar na pele dela, nem sentir o gosto de seus lábios novamente."

- NÃO! - Eu gritei. Não estava mais aguentando.

Eu fechei os olhos por um instante, e quando os abri, lá estava ele. Bem ao meu lado me olhando e sorrindo malicioso. Sem pensar direito, peguei o abajur em cima da mesinha da cebeceira e atirei com força contra a parede. Óbiviamente foi inútil, ele permaneceu ali imóvel. Eu olhei os cacos no chão e lembrei, que a única coisa que me deixou são antigamente, foi a dor. A dor física e real. Me ajudava a lembrar o que era "sonho" e o que era "pesadelo". Então, apanhei um caco do chão a cortei minha mão. A mesma começou a escorrer sangue e pingar no chão. A dor apareceu e Lúcifer sumiu.

- Ai meu deus Sam! - Rowena gritou da porta, estericamente. - O que você ta fazendo? Você ta sangrando! - Rowena me olhou como se eu fosse louco. Esse olhar era o pior.

- Eu... - Realmente não sabia como explicar. - Eu não sei... - Meu olhar caiu.

- Sam... - Rowena tirou seu olhar de "ele está louco" do rosto e adentrou o quarto, passando longe do vidro espalhado no chão. - O que está acontecendo com você meu amor? - Pude ver seus olhos brilhando de lágrimas de preocupação.

- Eu realmente não sei... - Me rendi.

- Vem cá, deixa eu te ajudar...

Ela me sentou na cama e pegou a maleta de primeiros socorros que eu costumo deixar no meu quarda roupa, pra alguma emergência. Limpou minha mão cuidadosamente, suturou e enfaixou. Totalmente concentrada na ferida, mas era evidente a angústia em seu olhar.

- Por que parece que eu estou sempre te remendando? - Brincou ela, tentando soltar um sorriso de distração, mas não consegui entrar na brincadeira. - Prontinho...

- Obrigado Rowena...

Ela sorriu carinhosa. Ergueu sua mão para alcançar meu rosto, mas eu levantei antes disso.

- Desculpa Rowena eu não consigo... -

Como uma criança, eu me tranquei no banheiro. Não conseguia deixar de pensar nas palavras de Lúcifer. Não foi eu que a abusei, mas foram minhas mãos. Foi da minha boca que sairam palavras de dor para ela. Foi o meu rosto que a deixou com medo. Eu não sabia como ela ainda conseguia me olhar. Depois de poucos minutos, meio recuperado da culpa, saí do banheiro e Rowena estava no chão panhando os cacos.

- Amor deixa isso que eu faço. - Repreendi. "Amor", deixei escapar. Força do hábito.

- Tudo bem, eu já terminei. - Ela sorriu e se levantou do chão. Relutante ela se sentou na beirada da cama, me encarando.

- Como você ainda consegue olhar pra mim? - Perguntei pertubado.

- Como?

- Como você... - Hesitei. Forcei minhas pernas a andarem e irem na direção dela, me agachando na sua frente. - Eu... Lúcifer a torturou usando meu corpo... E mesmo assim você está aqui... - Tentei explicar.

- Sam... - Ela encostou sua testa na minha. - Eu te amo! Nada nem ninguém vai mudar isso. Não foram essas mãos que me trouxeram dor, e você sabe... - Ela segurou minha mão machucada. - Essas mãos só me deram prazer e a prova disso está no meu ventre.. - Disse ela serena, e pude ver uma pequena gotinha escorrer seu rosto.

- Você devia desistir de mim... Acho que você já percebeu que eu sou amaldiçoado e louco... - Sorri fraco, permanecendo com minha testa encostada na dela.

- Eu também sou, além disso... A quem nossos filhos iriam puxar? - Brincou ela.

Ela aproximou seus lábios devagar, até roçarem nos meus. "Como você ainda consegue?". A voz voltou e eu recolhi meus lábios, permanecendo colado em sua testa, era o único toque de sua pele que eu aguentava.

- Eu... Não... Posso... - Sussurrei.

- Sam... - Ela murmurou, sua voz trêmula. Senti sua mão no meu peito e suas palavras doloridas. - Eu fiquei com medo de que quando você voltasse, eu não conseguiria mais sentir seu toque... Mas vendo você agora, sem querer me tocar, me beijar... Está doendo mais do quê o que Lúcifer fez comigo... - Ela recolheu sua mão e se levantou.

A observei sair do quarto sem dizer mais nada. Que dor insuportavel no meu peito. Depois de tudo o que fizemos um pelo outro, coisas que tentaram nos separar e mesmo assim não desistimos. E agora por uma coisa idiota eu deixaria tudo desmoronar. NÃO!

- Rowena, espera! - Corri até a mesma que ainda estava perto da porta.

A prendi contra a parede com um braço de cada lado de seu corpo e alcancei seus lábios, os beijando intensamente. Um beijo leve e carinhoso, cheio da necessidade dos lábios um do outro.

- Rowena eu também te amo! - Disse separando nossos lábios. - Mas você tem que entender que agora não vai ser fácil te tocar como antes, mesmo que eu queira... Que eu... Vou passar por coisas piores do que essas... Você tem que entender que agora você é a coisa mais real pra mim... - Disse a olhando intensamente.

- Me explica o que está acontendo... - Suplicou ela entre murmuros.

- Eu... Estou ouvindo e vendo Lúcifer... Todo momento e em todo lugar... - Respondi apreensivo.

- Ele está aqui agora? - Perguntou me olhando preoculpada, mas serena.

Olhei ao redor e neguei com a cabeça. Ela soltou um sorriso fraco, envolveu seus braços em volta de mim e me abraçou com força, apertando sua cabeça contra meu peito.

- Eu vou te ajudar a te mater são! - Suspirou ela, depositando um beijo em baixo do meu queixo.

Eu me senti tão seguro, mesmo nos braços de uma pessoa tão pequena e frágil. Retribui o abraço na mesma intensidade e a beijei na cabeça.

- Anda... Você parece cansado, precisa dormir... - Disse ela segurando minha mão e me levando para o quarto novamente.

- Você vai ficar? - Perguntei quase suplicando. Eu não conseguia tocá-la, mas eu queria sentir sua presença.

- Claro! - Ela sorriu e se deitou na cama.

Me deitei ao seu lado, um pouco distante, com medo da aproximação e de machucá-la, com a barriga. Mas ela veio para meu lado, encolhida e deitou a cabeça no meu ombro. A envolvi nos meu braços carinhosamente e puxei o lençol. Achei que iria demorar para pegar no sono, mas logo eu dormi.

Desejos Impróprios - SamwenaOnde histórias criam vida. Descubra agora