Capítulo Vinte e Três

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Liam

Dizer que transar em uma casa cheia de outras pessoas era ruim, seria mentira. Aquele clichê de adrenalina e etc. Pois é. Mas, vamos deixar bem claro aqui que eu e Zayn não fazíamos (sexo) só por fazer. Não era essa nossa motivação na "relação". A transa tinha sentimento. Significado.

- Eu odeio a sensação de me apaixonar. – Diz Zee deitado ao meu lado, ambos cobertos apenas pelo edredom

- Tocante. Obrigado por essa declaração belíssima. – Provoco fingindo estar zangado. Talvez eu tenha ficado um pouco de verdade.

- Não, seu bobo. Não é ruim me apaixonar, principalmente por você. A questão é que depois da primeira vez, as coisas são diferentes. Quando você se vê apaixonado pela primeira vez, independente de por quem for, você provavelmente vai idealizar uma relação perfeita digna do universo Disney. Mas depois, se, e caso aconteça um choque de realidade, um rompimento, sua mentalidade muda muito. – Refletiu.

- Certo... – Digo, tentando acompanhar o raciocínio.

- Veja. Cada um vive uma experiencia única, isso é fato. Mas concordamos que muitas características se ligam e formam uma rede de "ei, isso acontecia comigo também!" entre as pessoas. Então no meu caso, eu vivi um relacionamento com o Stanley, que não foi muito bem. Eu tenho meus receios. Eu não tenho mais a visão do mundo Disney. Entende?

- Sim e não. Você fica meio avoado depois do sexo. – Zombo.

- Liam! É sério. O que eu estou querendo dizer é que é muito bom poder me apaixonar por alguém de novo, principalmente se for você, mas ao mesmo tempo eu não posso evitar ter pulgas atrás da orelha, como "mas e se ele enjoar de mim e querer voltar a ter todas as meninas que ele quiser?", coisas do tipo. Essa é a parte ruim de se apaixonar. Você acaba criando novas expectativas e novos medos, baseados nas relações que teve antes; no que foi certo e no que foi errado.

Ele tinha razão. Eu nunca me apaixonei de verdade por alguém, de fato. Zayn era o primeiro. Mas, certamente, saber que ele tinha dúvidas me deixava levemente triste. Eu não tenho doze anos, sei que essas coisas são normais. Sei que não é simples para as pessoas confiarem e se entregarem de corpo e alma para outras, principalmente os que carregam cicatrizes. Porém, como ele mesmo disse, não posso evitar ficar preocupado de não ser o bastante.

- Você acha que eu ainda estou na fase do universo Disney para relacionamentos? Tu sabes que é minha primeira paixão. – Digo sentindo minha voz enfraquecer, sem ter coragem de olhar para ele.

- Apenas você pode dizer isso, lee. – Ele se senta na cama com as pernas dobradas e eu continuo deitado. - Mas eu nunca disse que essa fase é ruim. Apenas, na minha teoria, pra muitas pessoas essa fase cria uma ilusão muito forte do que é se apaixonar e ter alguém, e na mesma intensidade a dor vem se algo ruim acontecer. – Ele faz carinho no meu cabelo perto da minha orelha. – Mas não vai acontecer nada de ruim com a gente. Até porque, você é muito observador, mesmo que nunca tenha se apaixonado antes, não duvido nada de que consegue (e conseguiu) aprender vendo as relações das pessoas próximas a você. E tá tudo bem. Eu te ensino o caminho.

Sorrio. Ele era incrível. Meu coração escolheu bem.

- Okay.

- Okay.

- Isso não é A Culpa das Estrelas, pare com isso. – Digo pra fazer graça, já que o ar meio que ficou estranho. – Além do mais eu preferiria que nosso amor se passasse em algum universo tipo Percy Jackson/Heróis do Olimpo. Muito mais emoção. Eles lidam com tanta coisa (deuses, outros semideuses, monstros, profecias) que não permitem perder tempo tendo problemas amorosos.

Feelings - Ziam VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora