Prólogo - À noite e seus mistérios

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A noite tem seus mistérios, nela não a nada que alguém queira ver, pelo contrário, a única coisa que a de se encontrar é o medo, a angústia e o desespero. Essas foram palavras que os garotos cresceram ouvindo dos moradores de Naok, uma pequena aldeia ao leste de Catagan. Porém mesmo sendo alertados eles vieram a quebrar a regra principal, nunca entre na floresta a noite.

A Escuridão cercava os garotos, e o frio se alastrava rapidamente sobre seus pequenos corpos enquanto caminhavam naquela floresta que parecia não ter fim.

— Já chega Thomas, eu e o Peter estamos cansados e com medo, a Alisson deve ter se desencontrado da gente e voltado para a aldeia —Vamos voltar, essa floresta está me dando cada vez mais calafrios — disse Henry o garoto mais gordinho do trio, com um enorme casaco de pele de urso.

Thomas o líder do grupo era um garoto astuto de cabelos cacheados e olhos escuros, e assim como os demais vestia o mesmo casaco, típico entre os moradores da vila. Enquanto caminhava mais a frente para guiar os amigos parou subitamente aos pés de uma imensa árvore com raízes enormes.

— Ei ei o que foi, vamos voltar? O Peter está cagado de medo, eu acho que ele até borrou as calças — falou Henry.

CALA A BOCA HENRY VOCÊ É O QUE MAIS ESTÁ ASSUSTADO AQUI. EU SÓ QUERO ACHAR A ALISSON — gritou Peter, uma pequena criança  pálida, de cabelos lisos escuros até os ombros, e olhos verdes prestes a lacrimejar.

Thomas se abaixou enfrente a arvore, e no meio das raízes tirou um sapado branco todo sujo de barro, o mesmo que Alison usava horas antes de se perder. Ao pegar o sapato ergueu seu braço para mostrar aos demais.

— Vocês podem ir se quiser, mas eu só irei sair daqui depois que encontrar minha irmã — disse Thomas sem hesitação com uma voz fria e arrastada.

Peter ao ver o sapato e o olhar de desespero que Thomas estava tentando ao máximo esconder, se aproximou colocando sua mão sobre seu ombro.

— Eu sei que você está preocupado com sua irmã, mas a gente tem só onze anos e está muito tarde, é perigoso a muitos animais selvagens na floresta, deveríamos voltar e avisar o pessoal, assim eles fariam uma busca melhor e com mais gente.

— Tudo bem Peter você e o Henry podem voltar, a Alison não é responsabilidade de vocês, é minha obrigação encontra-la, voltem e chamem ajuda — disse Thomas dando um leve empurrão que afastou Peter, e começando a seguir em frente.

Henry o mais assustado, estava bem acima do peso, porem suas pernas já estavam acostumadas, aquela tremedeira vinda delas era de puro medo.

— Você ouviu Peter, Thomas tem razão, Alison não tem nada a ver com a gente, vamos voltar para vila, deixe ele procurando até a ajuda chegar.

Peter conseguiu sentir o medo nas palavras de Henry, mas não era o tipo de pessoa que deixaria um amigo para trás, muito menos Thomas.

Seus pais haviam lutado juntos na grande guerra dez anos atrás em que apenas o pai de Thomas voltou vivo, fazendo com que ambas famílias criassem um vínculo muito forte, eles eram como irmãos.

— É Melhor todos nos ficarmos juntos, não vamos deixar ninguém pra trás nessa floresta — disse Peter dando passos longos para acompanhar Thomas.

Henry vendo seus amigos prosseguindo floresta adentro ficou muito irritado.

— Há eu quero que vocês dois se fodam, eu irei voltar com ou sem vocês, espero que quando a ajuda voltar vocês já tenham sido devorados por uma onça ou qualquer coisa do tipo.

Os ventos sopravam cada vez mais forte e a lua cheia não ajudava muita coisa, devido as imensas arvores que os cercavam, seus lampiões clareavam bem pouco.

Peter e Thomas, observaram Henry voltar para aldeia irritado. E logo após ambos se olharam nos olhos, e adentram mais afundo na floresta escura, somente com seus lampiões em mãos. 


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Regressão: A quebra do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora