Negociaçāo

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O sol estava forte naquela manhã. Podia sentir o calor irradiar minha pele como energia, estava extremamente nervosa.

Não sabia o que esperar, talvez um velho rude que iria me oferecer alguma proposta indecente ou um criminoso que iria me ameaçar por estar ali.

Sentia raiva de Joana por estar naquela situação, as escolhas delas a levaram a isso, mas eu não podia deixá-la a mercê desses criminosos. Aquilo era exploração sexual. Eu faria qualquer coisa ao meu alcance para tirá-la dali.

As minhas mãos suavam, eu segurava com força a alça da minha bolsa.
Me aproximei do interfone. Era uma casa enorme, melhor, uma mansão. Linda e deslumbrante.

Ouvi alguns murmúrios do outro lado da linha do interfone até ouvir uma voz grossa sair dele.

— Sim? No que posso ajudar?- ele perguntou impaciente

— Eu gostaria de falar com seu chefe. Queria discutir uma negociação de dívidas.- respondo com firmeza.

Há uma demora na resposta. Eu suspiro. Como poderia fazer algo se nem passar da porta eu iria conseguir.

Um barulho arranhado me assusta. O portão estava abrindo. Eu sorrio satisfeita.

Eu entro na propriedade. A grama verde cobria o jardim da frente, um caminho de pedras me levava até a porta principal. Era enorme.

Não havia ninguém para me acompanhar, então eu me dei a cerimônia de tocar a campainha. Não demorou muito até um homem grande abrir a porta para mim. Suas feições eram carrancudas e ameaçadoras. Eu engulo em seco ao me sentir insegura quando entrei na casa.

Era um lindo imóvel, no hall principal tinha duas escadas, era extremamente branco. Eu estreitei os olhos com toda aquela claridade. Olho para os lados em busca de outras pessoas, mas não vejo ninguém.

— Com licença, não sei se sab...- eu sou interrompida por uma voz atrás de mim.

— O que trás uma moça tão bonita para discutir sobre negócios?

Eu vejo um homem elegante descer as escadas. Usava terno, tinha uma estatura um pouco baixa, seu rosto tinha uma feição divertida, como se fosse fazer alguma piada a qualquer momento.

— Olá, bom dia. Eu preciso conversar sobre as dívidas da minha irmã. Ela trabalha aqui. - digo elevando meu rosto.

Ele termina de descer as escadas e põe as mãos nos bolsos da calça. Seu sorriso é um tanto travesso. Meu rosto permanece fechado.

— Sua irmã? Qual o nome? Ah que seja, vamos ter mais tempo para discutir isso lá encima. Vou solicitar uma reunião com meu chefe. Talvez ele lhe atenda.- ele olha pra mim de cima a baixo.

Sua atitude me deixa desconfortável, na verdade toda a situação me deixava desconfortável. Era um lugar desconhecido, uma incógnita para mim. Porém, eu deveria mostrar naturalidade. Aqueles homens só precisam de um sinal de fraqueza.

— Agradeço. - digo sem muito entusiasmo.

Ele me acompanhou ao subir as escadas, grandes corredores, estranhamente, claros seguiam pela mansão. Andamos até uma sala com algumas poltronas e uma mesa de centro. Como se fosse uma sala de espera.

— Você pode esperar aqui. Vou ver se ele tem disponibilidade para te atender.

Ele saiu.

Era frio e esquisito. Tinha um bom gosto, a decoração. Mas soava muito artificial, muito comercial. Eu sentei numa poltrona e notei uns portfólios encima na mesa de centro. Não contive a curiosidade e folheei alguns.
Eram mulheres, como se fosse um cardápio. Cada foto tinha descrições delas, das suas habilidades. Era tão nojento como elas ficavam expostas.
Eu fecho o portifolio, resistindo à vontade de procurar pela Joana. Eu sabia que não aguentaria vê-la daquela forma.

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