— Droga de orgulho idiota!, Christian recriminou-se e procurou ignorar a luz de esperança nos olhos do avô, que acabava de fechar um livro.
— Carruthers disse-me que o viu sair cavalgando esta tarde em direção a Netherstowe.
Christian franziu o cenho para o idoso criado pessoal que estava em pé, atrás da poltrona do conde.
— Netherstowe não é o único lugar a leste daqui.
— É verdade. — O conde deu um sorriso débil e ergueu uma sobrancelha grisalha. — Mas era para lá que se dirigia, não é, filho?
— E se fosse? — Christian virou-se e olhou para fora de uma das janelas estreitas da biblioteca de Helmhurst. Nuvens espessas tinham vindo do oeste e escondiam o brilho do sol. — Eu poderia estar curioso para saber se a srta. Steele tinha alguma semelhança com a perfeição que o senhor vem descrevendo.
E descobrira que Anastasia lembrava muito o sol do qual ele se escondia. Muito quente e com excesso de brilho para uma criatura noturna.
— E qual foi o seu veredicto, meu filho? — O conde não escondeu uma nota de triunfo na voz bondosa e cortês.
— O senhor dificilmente lhe faria justiça — Christian
murmurou, depois de desistir de um gracejo irônico! menosprezo.
— O que disse?
O neto suspeitou de que o avô ouvira muito bem e aproximou-se dele.
— Ela é agradável, admito, para quem aprecia o gênero — Christian respondeu, em voz alta.
— E não faz o seu?
Christian conhecia muito bem o avô para ler os sutis sinais de desapontamento na fisionomia nobre.
— Antigamente, talvez. — Christian ordenou com o olhar para que Carruthers os deixasse a sós.
— Se precisar de alguma coisa, milorde, é só tocar — o criado murmurou, antes de sair.
Christian sentou-se no escabelo ao lado da poltrona favorita do conde. Perdera a conta de quantas vezes sentara ali na sua infância, enquanto o avô lia para ele.
Sentiu um aperto no coração. Depois da partida do avô, ficaria sozinho no mundo. Por sua vontade, era certo, mas solitário de qualquer maneira.
— Acredito que o senhor não vá parar de perguntar até que eu lhe conte o que houve. — Christian deu um suspiro melancólico. — A verdade é que fui a Netherstowe pedir a sua adorável srta. Steele em casamento.
Se admitisse o que ocorrera, ou pelo menos uma versão censurada dos fatos, as expectativas casamenteiras do conde seriam enterradas para sempre. E Christian faria o que estivesse a seu alcance para tornar felizes os últimos meses de vida do avô.
— Muito bem, filho! Verá que não se arrependerá da escolha. Minha jovem amiga é uma jóia rara.
Christian lamentou ter de extinguir o brilho de felicidade no olhar do avô.
Não diria que já se arrependera da entrevista com Anastasia Steele. Ela provocara nele uma vaga sensação de desagrado que não lhe fora possível reverter.
— Na verdade, ela melhorou bem desde que a vi pela última vez. — Christian não sabia como faria para desiludir o avô quanto à ideia ridícula de que a srta. Steele aceitara o pedido. — Ela me lembrava um coelho gordo com seu rosto redondo e os dentes compridos.
— Os coelhos são animaizinhos encantadores — o conde afirmou. — Suaves e tímidos.
— Contudo não tão indefesos quanto parecem. — Christian lembrou-se de um que tivera quando criança. — As pernas traseiras podem arranhar bastante, se não tivermos cuidado ao pegá-los.
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Lord Christian Grey
Hayran KurguPODERIA ELA DERROTAR A ESCURIDÃO E TRAZÊ-LO DE VOLTA À VIDA? Lorde Christian Grey voltara da guerra com o rosto desfigurado por causa de um tiro e decidira viver em reclusão. Mas ao saber que seu avô estava à beira da morte, propõe um noivado fictíc...