um

165 20 9
                                    

Somos uma história escrita pela metade, sem fim
Você me deixou para descobrir
Me encheu de êxtase, saiu com o melhor de mim

Mas onde está o resto de mim agora?
Sinceramente não me arrependo de você
Eu só queria nunca ter conhecido

Seu nome dói (seu nome dói)
Eu não digo mais (não mais)
É como a pior das palavras
Parece queimar em meus lábios
Os que você costumava beijar

Your Name Hurts — Hailee Steinfeld

☆ ☆ ☆

Eu estou sentada em frente à janela do meu quarto pelo que parece uma eternidade. 

O vento gelado do inverno penetra de forma tão agressiva pelos meus poros que já posso sentir os meus órgãos criando uma pequena camada de gelo, de alguma forma. 

Um dia prometi a mim mesma não me permitir sofrer por amores desnecessários, hoje sei que eu era muito nova e ingênua para entender que essas são as coisas que não podemos controlar. Assim como não podemos controlar o vento, a chuva, furacões, tornados, o coração... 

Todos dão a entender que seu cérebro controla todo o seu corpo, mas como é possível que o coração não o obedeça? Não falo sobre bombear o sangue pelo meu corpo, falo sobre sentimentos. Se eu consigo enganar meu cérebro em determinadas situações, por que o cérebro não consegue convencer o coração de que aquele sentimento é inadequado? 

Por que quando eu penso que não deveria sentir determinadas coisas por determinadas pessoas o meu cérebro não obriga meu coração a expelir qualquer resquício de sentimento sobre a pessoa em questão? Por que sentimentos não são fáceis? 

Ponho essas palavras em um papel e deixo um espaço significativo para o caso de algum dia eu descobrir as respostas para essas perguntas. 

— Cecília? Seus amigos estão aí fora. — Minha mãe abre a porta do meu quarto assim que fecho a gaveta onde guardo meu caderno. 

— Ok.

Saio do cômodo e fecho a porta, ando pelo corredor logo atrás da minha mãe e passo direto por ela, que vira à esquerda e volta a fazer seus exercícios físicos coordenados por uma estranha no YouTube. 

Anna e João estão me esperando em frente à porta, como minha mãe disse, eu os abraço assim que fecho a porta atrás de mim. Longos abraços, pois senti falta de estar com eles e poder tocá-los. Desde que passamos pela pandemia do Coronavírus, os hábitos mudaram e uma parte preferiu manter o distanciamento por mais tempo por precaução.  

A contaminação pelo vírus ainda ocorre, mas não com tanta rapidez quanto antes. Eu diria que alguns de nós, que temos o mínimo de noção, aprendemos muito. 

— Não vimos você por semanas. O que aconteceu? Nós vimos o Nicholas indo embora e só depois descobrimos que ele mudou de país. — João perguntou depois que começamos a andar, pus as mãos dentro dos bolsos porque sabia que o frio só iria piorar a partir daquele momento. 

— Pois é. Eu viajei. — Respondo, não sei realmente o que dizer porque ouvir seu nome dói. Achei que o efeito sobre mim não seria tão agressivo a esse ponto, mas é.

— Cecília!? — Sorrio quando o ouço falar. 

— Foi um amor de verão, João. Só isso. — Para um de nós, pelo menos.

Paramos na lanchonete e escolhemos uma mesa perto da janela.

— Não foi o que pareceu. — Anna fala logo após sentar na cadeira em frente à minha. 

Não Posso Te Perder | (I can't lose you)  Onde histórias criam vida. Descubra agora