Capítulo Trinta e Nove

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Quando cheguei em casa, haviam, pelo menos, sete ligações perdidas de Ariana. Para piorar, Tommy não estava em lugar algum e já estava anoitecendo. Corri para o andar de cima para perguntar para minha mãe se ela vira Tommy, porém, ela estava tão perdida quanto eu. Preocupado, peguei meu telefone e fui para a cozinha.

— Alô, Ariana? — retornei suas chamadas, aflito, enquanto preparava uma xícara de café para me manter acordado. — O que aconteceu? Está tudo bem?

— Tommy está com você? — balbuciou Ariana, parecendo nervosa. Não me contive e xinguei alguns palavrões. Tommy não estava com nenhum de nós dois, algo não poderia ser bom.

— Não, ele não está aqui.

— Ai meu Deus! — choramingou ela.

— Calma, não podemos nos desesperar ainda. — tentei acalmá-la. — Antes de sairmos do museu, ele me avisou que ia resolver umas coisas e que era para eu encontrá-lo em casa. Talvez ele tenha se atrasado, ou perdido a noção do tempo, seja lá o que estivesse fazendo. Você também não achou que ele estava estranho esses dias? Mais distante, mais grosseiro do que de costume?

— Eu sei porque ele estava agindo assim. — afirmou, num lamento. Fiquei em silêncio, esperando por respostas. — Você lembra daquelas garotas, filhas do meu vizinho?

— É, eu lembro. — falei, recordando daquele dia em que as vimos na lanchonete da Emma.

— Aparentemente, Tommy estava meio que saindo com as duas, mas isso não é tudo! Os pais delas vieram aqui para falar comigo sobre as atitudes irresponsáveis de Tommy. Eles me contaram que a filha mais velha achou que estava grávida de Tommy, e ele disse que não ia assumir. Felizmente, foi alarme falso e a garota não está grávida.

Soltei um longo suspiro, sem acreditar no que ouvia. Depois de tudo que havíamos conversado com Tommy ele poderia ter cometido o mesmo erro que nós? E o pior, não ser responsável o suficiente para assumir! Eu não conseguia entender. Eu e Ariana sempre fizemos de tudo para que Tommy fosse amado e recebesse educação da maneira certa. Sempre estivemos lá, em toda doença, todo machucado, em todos os seus jogos de futebol. Mesmo que muitos dissessem para mandá-lo de vez para um colégio militar ou um internato, nós nunca nem consideramos isso. Nunca desistimos dele ou de acreditar nele. Por que ele insistia naqueles erros? Por que ele insistia em nos afastar e em tirar notas baixas quando era tão inteligente? Coloquei a cabeça entre as mãos, me sentindo culpado, um fracasso como pai.

De repente, ouvi o som das chaves; a porta estava abrindo. Pulei do sofá, na esperança de que fosse Tommy.

— Eu ligo depois. — falei e desliguei o telefone.

A primeira coisa que notei quando Tommy entrou foi o olho roxo dele. Ele se meteu em mais uma briga...? Além disso, não havia nenhum sorriso debochado em seu rosto. Em vez disso, não havia nada além de amargura expressa em suas feições. Trocamos olhares sérios por alguns segundos, contudo, ele não conseguiu manter o contato visual e abaixou a cabeça, envergonhado.

— A mamãe já contou, não é? — resmungou ele.

— É, ela me contou. — cruzei os braços, mantendo a postura severa; entretanto, as palavras pareciam não sair. Eu não sabia o que dizer. Tommy bufou.

— E o que está esperando? — cuspiu, de maneira ácida. — Hein? O que você está esperando?!

— Eu teria entendido... — disse eu, ríspido. — Se você dissesse para mim que tinha engravidado a sua namorada, eu teria entendido. Eu ficaria um pouco chateado por você não ter ouvido meus conselhos, mas eu teria entendido e apoiado você. Tudo que eu e sua mãe fizemos a sua vida toda foi tentar te entender, te apoiar. Mesmo quando você não queria, nós estávamos lá quando você precisou. Mas, Tommy, eu não posso... Eu não posso entender ou apoiar o que você fez. Você não só enganou duas garotas, duas irmãs, como também disse que não assumiria o bebê se a mais velha estivesse grávida! Você tem ideia do que fez?

A MÃE DO MEU FILHOOnde histórias criam vida. Descubra agora