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Maratona 3/5

Obviamente eu estou bem confusa com meus sentimentos. Ver o Cole naquele momento - quase - íntimo com a Sarah fez com que eu quisesse fugir dali no mesmo instante.

Em um instante ele está comigo, estamos conversando, às vezes nos beijando e sinto que aquilo é algo só nosso. Mas, no outro, ele está se declarando pra outra na minha frente. Sei que ele foi sincero desde o início e me disse tudo que sentia por ela e que eu aceitei fazer parte disso. Mas não é fácil controlar o que se sente, e, neste momento, tudo que eu queria era engolir toda vontade que estou de chorar.

Ao final da aula, Cole me pergunta se pode me levar em casa, pois quer conversar comigo. Pensei em recusar, talvez manter distância seja a melhor alternativa para quem quer entender os próprios sentimentos. Mas como a razão não é meu ponto forte, acabei aceitando pra ver no que ia dar.

Ao chegar no carro, vejo que Sarah irá nos acompanhar na viagem e, por um momento, penso em dar meia volta e fingir que esqueci. Não tive sorte na minha escapada. Ou seja, isto não vai dar em boa coisa. A cumprimento com toda a educação que se pode ter neste momento e entro no carro, no banco da frente. Ela fica olhando sem entender como eu fiz esta façanha. Col disfarça um sorrisinho de lado. Fecho a porta, abro o vidro, coloco a cabeça pra fora e pergunto com um belo sorriso e com muita simpatia:

— Não vai entrar, Sarinha?

A contragosto ela entra e se senta no banco de trás. Col dá partida e avisa que deixará Sarah em casa primeiro, para surpresa de nós duas.

— Mas Colezinho, eu queria que você almoçasse comigo hoje. - Que voz enjoada. Ou sou só eu que já não suporto?

— Não dá, Sah. Eu já tinha combinado de almoçar com a Lili. - Ele me olha de lado e eu finjo que não é comigo.

Ela se cala, porque contra fatos não há argumentos, certo? Col a deixa em casa e me convida pra almoçar com ele e seus pais, mas nego, porque decidi almoçar com minha família. Em minha defesa, eu não queria mais ter que ficar fingindo para os pais deles que éramos um casal feliz.

— Tudo bem, mas eu quero saber se vamos continuar com os desafios ou não?

— Achei que já tínhamos resolvido.

— Não. Você decidiu algo, e de cabeça quente. Então eu não considerei. Mas, agora que estamos bem novamente, você acha que não dá pra continuar?

— Continuar o quê, exatamente?

— Verdade ou desafio?!

— Col... - Respiro fundo. — É o que você quer? Porque, sinceramente, pode atrapalhar as coisas com a Sarah, e com o Drew...

— Os desafios e verdades são só entre nós, mas nossa amizade não. É o que quero, quero você comigo, você sabe. - Respiro fundo.

— Ok. VERDADE! - Ele abre um sorriso enorme e seus olhos brilham.

— Nada disso! Tem que ser desafio desta vez.

— Não, estamos começando de novo.

— Verdade?! - Ele não insiste muito no assunto. Assinto. — Ok... Então, você está com muita saudade de me beijar, verdade? - Eu nego, com um sorriso que me denuncia. — Não vale mentir. Vai ter consequência.

E finalmente uma consequência boa. Se é que podemos chamar um beijo do Cole de castigo. Eu sei que estou me colocando em uma situação difícil por permitir que coisas assim aconteçam, mas, nessas horas, eu só penso no quanto é bom ter um beijo que seja do Cole.

— Verdade ou Desafio, Cole? - Paro o beijo, ainda meio zonza. Um plano bobo se formando em minha mente.

— Amo seus desafios!

— Quero ver se vai amar este. - Sorrio e levanto uma sobrancelha em desafio. Ele dá um sorrisinho de leve, e eu já sei, vamos causar de novo! — Amanhã, você tem que me beijar, na frente de todos, amigo!

Saio do carro enquanto ele ainda processa o que eu disse, não dou tempo dele negar. Já sei que se ele fizer isso será o fim definitivo do nosso jogo. E, de certa forma, é isso que eu quero. Preciso saber se o que conquistei com Cole é apenas uma brincadeira ou se pode ser algo a mais.

Felicidade define meu emocional neste momento, mas não meus sentimentos. O que acontecerá amanhã vai depender do Col, se ele vai interromper nossos jogos, ou se vai cumprir e, possivelmente, estragar algo com a Sarah.

Pode ter sido algo injusto, como colocar ele na parede. Mas eu também estou com meus sentimentos confusos e uma definição pode ser tudo que eu preciso. Que nós precisamos.

Eu já tentei acabar com o jogo, mas Cole insiste. Então vamos os dois ver até onde chegamos.

***

A tarde recebo mensagens do Drew:

Drew: Oi! Quer ver um filme comigo amanhã?

Lili: Claro!

Drew: Combinamos na aula, ok?

Lili: Beleza, beijooo!

Enquanto faço minhas tarefas de casa chegam novas mensagens, agora do Col:

Cole: Lili, você só pode estar brincando.

Visualizo e não respondo. A decisão é só dele. Lili ou Sarah.

Cole: O jogo era só entre nós.

RESPONDEEEEE!

Você tem certeza que é isso que quer?

Não tá pensando no Cole?

E na Sah?

Cacete, RESPONDE LILI!

Ainda bem que ele não pode ver o sorrisinho de satisfação que estou. Não é maldade. Mas ele não vai ficar me beijando e se declarando pra outra na minha frente. Col tem que decidir. Mas, se contra todos os fatos, ele me escolhesse? Eu nem sei o que sinto por ele de fato, se soubesse já teria abandonado este jogo ou abriria mão do Drew. Mas ainda mantenho os dois.

É Lili, quem mandou se enfiar nessa! Agora vai, qual o pior que pode acontecer?

Meus pais me chamam pra jantar e lá começam uma conversa sobre minha faculdade. Eu já mencionei que minhas notas são muito boas, mas não falei sobre minha faculdade.

Enviei meus documentos para algumas, mas minha escolha é um pouco acima da média. Escolhi ir para outro país, cursar direito, em uma faculdade de prestígio mundial: Yale.

Meus pais acabam de me contar que, com algumas cartas de recomendação, notas, redações, provas e afins, fui convidada a participar do grupo de honra que segue no segundo semestre deste ano para os Estados Unidos.

Pulo, grito, abraço cada um deles, comemoro com tudo que é possível. Mas decidi manter este segredo pra mim, não é a hora de espalhar a notícia.

Finalmente as coisas começam a entrar no eixo. Começo a achar que minha vida começou de verdade este ano, os anos anteriores foram apenas uma infeliz provação.

No dia seguinte, na escola, Cole ainda não falou comigo, nem olhar pra mim ele conseguiu. Chega a hora do intervalo e nada.

Somente no fim do intervalo, quando estou com minhas amigas próxima ao meu armário, é que nossos olhares se encontram, e agora ele está vindo na minha direção. O problema é que o Drew também.

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ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora