Inevitável

Capítulo 10: Um novo começo

N.a.// O capítulo a seguir pode conter gatilhos relacionados à crises de ansiedade, em caso de sensibilidade ao tema, leia com cuidado para não perder a diversão

:)

-Depois disso - Disse Harry, com as pernas contornando Sam pela cintura e seu rosto próximo ao dele revelando a alegria que sentia em deixar de lado as mágoas para sentir apenas o amor que tinha a oferecer - a Alexa merece até uma folga.

Sam abriu um sorriso apaixonado e colocou Harry no chão, mas este envolveu suas mãos ao redor de seu pescoço e parecia não querer largar mais. Após algum tempo olhando olhos nos olhos de Sam, falou:

-Isso simboliza o início de uma nova fase, e nós devíamos deixar para trás, de uma vez por todas, o que nos arrasta para baixo.

Harry pegou a aliança e arrastou o namorado para o banheiro.

-Pegue o seu celular. - Disse Harry, de maneira imperativa, e Sam acatou.

Estavam os dois parados no espaço minúsculo do banheiro, em frente ao vaso sanitário, e Sam continuava confuso. Inesperadamente, Harry deixou deliberadamente a aliança cair na privada diante deles.

-Agora eu quero que você exclua o contato do Anthony - Dizer seu nome em voz alta lhe causava repulsa - de uma vez por todas.

Sam selecionou o contato e percebeu como aquilo tinha sido uma coisa momentânea e que era com Harry que queria passar o resto de seus dias, então não faria mais sentido manter o contato de Anthony, que só estava interessado em satisfazer seu prazer, e foi necessário passar por isso para que Sam entendesse que a reciprocidade que dizia receber de Anthony nada mais era que de cunho aproveitador por puro interesse. Apertou a tecla "Excluir Contato" e surgiu na tela uma caixa de confirmação com os dizeres "Tem certeza de que deseja excluir Anthony de sua lista de contatos?", simultaneamente com Harry pressionando o botão da caixa de descarga do vaso sanitário, selecionou a opção "Sim" na tela do dispositivo". O redemoinho de água levou consigo, além da aliança, todo o afeto remanescente de Harry pelo ex-namorado, e era como se sua alma tivesse sido limpa de um fantasma de seu passado.

Harry e Sam se encararam com olhos ternos por alguns segundos e, em seguida, o comportamento de Harry, passível de comparação à hiperatividade, ainda maior confinado em seu apartamento há dias, sedento por atividades para passar o tempo, se manifestou em uma ideia que passou por sua mente:

-Sabe o que nós devíamos fazer? Descarregar todas as nossas energias em algo para nos libertar dessa sensação de que estamos presos, e eu sei exatamente como. - Harry foi até o armário que tinham se dedicado a organizar na fatídica noite que ocasionou a briga colossal em que se envolveram, e pegou algumas latas de tinta, não tão fresca mas ainda usável, que tinham restado da pintura do apartamento. - Vamos pintar!

Uma das únicas paredes completamente brancas do apartamento era a da sala de jantar, e foi esta a escolhida para personalizar. Talvez Harry se arrependesse e só caísse em si sobre o erro que cometeu ao estragar sua parede após o fim do isolamento social, mas naquele momento parecia uma decisão razoável, afinal já tinha cansado de olhar para aquela parede apática e um toque de cor não faria mal.

Arrastaram a mesa da sala de jantar para liberar o espaço e cobriram o chão com jornais velhos para evitar manchas no piso. Haviam tintas nas cores rosa, verde, amarela, azul, vermelha, laranja e preta, mas nada impedia que misturassem o conteúdo das latas para dar origem à novas cores. Era um dia destinado a liberar a criatividade.

Sam ficou incomodado de começar o trabalho, já que não era o proprietário da casa, então Harry iniciou, de forma impactante, enfiando uma mão em uma lata de tinta laranja e a outra na tinta verde, e foi pingando o líquido até chegar na parede e deixar as marcas de suas mãos no centro. "Agora não tem mais volta", pensou Harry, e incentivou Sam a fazer o mesmo.