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Fairy Of Shampoo - TXT

– Bom dia, Yeonjun. – disse meu pai. Sua voz fria me deu arrepios. Ele estava de braços cruzados.

– O que... Vocês fazem aqui? – perguntei gaguejando.

– Viemos ver como estão as coisas. – minha mãe respondeu sem dar um simples sorriso.

– Por que não me avisaram antes?

– Queríamos ver se tudo estaria organizado sem termos que avisar. – respondeu meu pai.

– E como vocês entraram?

Minha mãe balançou a chave no dedo. Um silêncio tomou conta da cozinha. Ouvi passos vindo do corredor. Torci para Soobin parar antes de chegar na porta da cozinha, mas não aconteceu. Logo ele já estava parado na porta, com os olhos arregalados.

Soobin estava sem camisa e usava um calção de moletom. Havia marcas de unhas e chupões em seu corpo. Olhei para o rosto de meus pais. Os dois estavam pasmos.

– Eu posso explicar. – comecei. Os dois não falaram nada e Soobin continuou parado na porta. Continuei. – Esse é Soobin. É um... Amigo.

– Amigo? – minha mãe perguntou com a cara fechada. – Parece mais que isso. Ou será que essas marcas são de algum animal?

– Soobin, esses são meus pais. – falei baixo.

– Olá! Sou o Soobin. Prazer em conhecê-los. – se curvou e sorriu.

Meus pais se olharam com olhar curioso.

– Falem a verdade. Vocês dois... Tem um caso? – meu pai perguntou com a voz grave.

Olhei para Soobin. Ele não sabia o que dizer. Respirei fundo e me virei para meus pais.

– Sim. Nós estamos juntos. – abaixei a cabeça.

A cozinha voltou para o silêncio de antes. Então, senti a mão de alguém no meu ombro. Ergui a cabeça e vi o rosto carrancudo de minha mãe, pela primeira vez na minha vida, suavizar. Ele deu um leve sorriso.

– Isso é ótimo. Precisamos te contar exatamente o motivo de termos vindo aqui. – minha mãe falou com a voz calma.

– Viemos pedir desculpas, Yeonjun. – comentou meu pai. Por um momento, esqueci de respirar.

– Como é? – perguntei.

– Filho... – minha mãe disse aquela palavra pela primeira vez na minha vida toda. Aquela palavra fez meu coração apertou. – Nós queremos pedir desculpa por todos esses anos que fomos duros com você. Nós estávamos tentando te criar bem. Nós viemos também por estarmos preocupados. Nós soubemos que você está passando por um tempo difícil.

– Como assim?

– A escola nos ligou há uns dias. – meu pai respondeu.

– Desculpe por estarmos esse tempo todo fora da sua vida. Nós sempre te amamos. Sempre ficávamos preocupados com você.

– E você diz isso agora? – falei com a voz falhando. – Eu quase me matei por conta da ausência de vocês, sabiam? Se não fosse pelo Soobin, hoje eu estaria morto!

Minha voz embargada saía alta. Soobin segurou meu braço. O puxei com delicadeza. Então continuei.

– Eu nunca tive rancor de vocês. Nunca. E nunca deixei de amar vocês. Mas deixei de amar a mim mesmo. No tempo em que vocês estiveram ausentes, eu sofri bullying. Tive ataques de pânico. Tive vontade de pular de uma ponte!

Meus pais estavam boquiabertos. Então minha mãe tomou a frente. Se aproximou de mim.

– Isso significa que... Você irá nos perdoar ou não?

– É claro que sim! – lágrimas rolaram por meu rosto. Meus pais acabaram chorando também. Os abracei forte. – Eu senti tanto a falta de vocês!

– Nós também sentimos. E como! – meu pai falou.

– Mas infelizmente, teremos que voltar para a Alemanha. – minha mãe falou. 

– E vão ficar quanto tempo lá? – me afastei.

– Não sabemos ainda. Mas no mínimo, um ano. – ela respondeu.

– Mas... Vocês acabaram de chegar! Como eu vou ficar depois disso?

– Nós podemos nos falar por mensagens. E você tem o Soobin. – meu pai falou e eu olhei para Soobin. Ele estava quieto, apenas observando a conversa. Soobin sorriu.

– Tenho a aprovação de vocês? – perguntou Soobin.

– Não sei. Vamos ver como você se sai. – meu pai cruzou os braços e deu um sorriso de lado.

– Desculpe, filho, mas temos que ir agora. Nosso avião sai em duas horas. – falou minha mãe. Ela me deu um abraço forte, deixando seu perfume forte em minha camisa. Depois meu pai veio e me abraçou, dando tapinhas nas minhas costas. Logo os dois já estavam saindo pela porta.

Sentei na cadeira. Era muita coisa para eu processar. Soobin me abraçou por trás e beijou minha nuca. Baguncei meu cabelo.

– Bom, acho que agora vamos ter que oficializar nosso relacionamento. – disse Soobin.

Me virei para ele e vi seu largo sorriso. Suspirei e sorri. Ele puxou meu braço e me fez levantar, ficando de frente para ele. Então se ajoelhou. Meu coração acelerou.

– Choi Yeonjun, você aceita namorar comigo? – ele pegou minha mão e a acariciou. – Não tenho as alianças ainda, mas logo irei comprar.

– Seu bobo. – dei risada e limpei as lágrimas que voltaram a cair. – É claro que eu aceito.

Ele levantou num pulo e me pegou nos braços. Me deu vários beijinhos.

– Eu te amo, namorado. – disse Soobin.

– Eu te amo mais, namorado. – sorri.

Meses se passaram. Consegui esclarecer as coisas com Emma. Agora até viramos amigos. Dá pra acreditar?
Consegui ganhar certa popularidade no colégio.
Soobin e eu nos assumimos, então quase sempre algumas garotas falam que somos um casal muito fofo.
Também parei de ter crises. Ainda tenho algumas recaídas, mas estou conseguindo me recuperar.

Eu achava que não existia final feliz. Pelo menos não para mim. Mas sabe... É tudo questão de tempo. Com o tempo, as coisas vão dar certo. Por mais que não pareça.
Às vezes, uma pessoa chega do nada para mudar a sua vida. Te apoia em todos os momentos. Não importa se a pessoa é um parente, namorado ou amigo. Todos têm um sentimento em comum. Eu chamo isso de amor.

O Cachecol VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora