Capítulo XLI ○ Jaebeom

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— Aqui reunidos essa noite, de corpo, alma e coração, nos despedimos de nosso amado amigo... qual era o nome dele? — Bambam se interrompe no meio do discurso fúnebre para fazer essa pergunta a Jinyoung, que olha pra ele com uma cara bem irritada.

Estamos em um espaço perto do lago, sim, a cerimônia vai acontecer. Bambam disse que queria uma vista bonita para todo o ritual, para nosso amigo dinossauro descansar eternamente em um lugar bacana e coisa e tal, então Jackson deu a idéia do lago. Tenho que admitir, eu realmente pensei que tudo era uma grande piada e que nós só voltariamos pra cabana e esperariamos a hora em que a fogueira vai começar pra sair de novo e comer uns marshmellows, mas não, entramos na cabana, pegamos o dinossauro e cá estamos nós os sete.

E como se não fosse estranho o suficiente, Bambam fez questão de nos obrigar a vestir roupas pretas, em luto ao dinossauro de plástico. E eu juro que não sei se o mais estranho foi o pedido ou fato de que nós atendemos a ele. No fim é todo mundo louco mesmo, por isso nossa amizade bizarra tem funcionado até agora.

— O nome dele é Rogério. — Jinyoung responde, com uma carranca, e do meu lado direito Yugyeom começa a rir. — Do que tá rindo, seu idiota?

— De todos os nomes incríveis pra se por em um dinossauro, você escolheu justo Rogério?

— Rogério é um ótimo nome! — Jinyoung sibila, entre dentes, ele não está nada feliz com toda essa história, afinal, é o dinossauro dele. Juro que ainda estou tentando entender o porque de ele ter trago o dinossauro em primeiro lugar, mas ele trouxe tanta coisa inútil naquela mala dele que é melhor eu ignorar.

— Não é não.

— Yugyeom, respeito por favor, isso é um funeral! — Bambam interrompe a quase iminente briga, e eu sinto vontade de rir porque ele parece mesmo completamente irritado. Do meu lado, Youngjae aperta a minha mão, que ele segurava calmamente, e quando olho para seu rosto eu percebo que ele também estava tentando não rir.

— Funeral é o caralho, é a porra do meu dinossauro. — Jinyoung resmunga, mas Bambam ignora ele e volta a fechar os olhos, se concentrando para provavelmente voltar ao discurso.

— Estamos aqui essa noite reunidos para nos despedir de nosso amado amigo, Rogério, que tão cedo...

— Espera, temos que acender as velas. — Jackson interrompe Bambam, que o encara com os olhos afetados de tanto ódio. Dessa vez eu solto uma risadinha, mas tento fingir que é uma tosse quando Bambam olha para mim.

— Então acendam a droga das velas.

— Mas eu não tenho esqueiro ou fósforos. — Jackson comenta, olhando para Bambam com o olhar mais inocente do mundo. Se Bambam fosse Jinyoung, provavelmente agora jackson já não teria mais cabeça, mas ele não é, então ele apenas fala:

— Então por que diabos você lembrou que temos que acender as velas?

— Porque a gente tem, que tipo de velório é esse que não tem velas acesas? Todo velório que se preze tem que ter velas.

— Nossa velório é descolado, segue a nova moda de paris, velórios com velas apagadas. — Bambam sussurra, parecendo ter tanta ódio dentro de si que até me esqueço que isso aqui e um suposto momento de despedida. Tipo, nos velórios em que eu fui nos últimos tempos, as pessoas pareciam bem tristes, aqui, bom, aqui nós só temos um tailandês fulo da vida gritando com um chinês que sorri afetado.

— Ok então.

— Certo, então continuando; Estamos reunidos aqui hoje...

— ESPERA! — Mark grita, e eu juro, se os olhos do Bambam fossem armas, Mark estaria com tantos furinhos que Bob Esponja até teria inveja. Youngjae parece perceber a irritação do primo pairando no ar também, porque se encolhe do meu lado, prendendo o riso de nervoso.

— O que foi agora.

— A gente não deveria ter trago umas flores? Nos funerais que eu vou sempre tem flores.

— E você costuma ir a muitos funerais? — Jinyoung questiona Mark, que apenas da de ombros tranquilamente.

— Na verdade alguns.

— Tá zoando que teu Hobbie é assistir o último adeus de gente morta? — Yugyeom pergunta, rindo, mas com um pouco de medo. Também pudera né, não é todo dia que alguém que você acabou de conhecer te conta que um dos passatempos dele e ir pra funerais, tipo, tem gente morta e dor, eu até tremo só de lembrar o do meu pai.

— Na verdade não é mentira, ele realmente vai para alguns. — Jackson confirma com a cabeça e Mark sorri.

— Eu moro em cima de uma funerária, as vezes eu desço pra jogar o lixo e acabo no meio da cerimônia de despedida de alguém. — Ele explica, dando de ombros como se não fosse nada. Do meu lado, Youngjae ri alto, e eu gosto tanto do som da risada dele que ate esqueço o quão bizarro tudo isso aqui é.

— Eu acho que isso é a coisa mais estranha que alguém já me disse. — Youngjae comenta, entre um riso e outro. Eu puxo ele pra mais perto e deposito um beijo em sua testa, recebendo um sorriso em agradecimento.

— Nós estamos fazendo um velório pra um dinossauro, então nada mais me surpreende. — Comento, e vejo os outros concordarem com a cabeça.

— Então, sobre as flores... — Jinyoung tenta retomar o assunto, mas ele parece meio incerto, e quando Bambam o interrompe, eu entendo o porquê.

— FODA-SE AS FLORES! ESTAMOS AQUI ESSA NOITE PRA ENTERRAR A PORRA DESSE DINOSSAURO DE BRINQUEDO COMO UM PEDIDO DE DESCULPAS AO UNIVERSO POR SERMOS CRIANÇAS DEMÔNIACAS E MÁS. YUGYEOM, TACA TERRA NESSA MERDA, PORQUE EU VOU PRA FOGUEIRA E VOCÊS QUE TOMEM NO MEIO DO OLHO DOS SEUS CUS! — Bambam grita por fim, completamente irritado, então dá as costas e vai embora batendo os pés forte no chão, em direção ao lugar onde a fogueira está acesa. Nós seis, que sobramos, nos entreolhamos em silêncio, então Yugyeom calmamente joga uma pá de terra em cima do pequeno buraco onde o Dinossauro está deitado e volta a nos olhar.

— Que Deus o tenha.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora