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POV Gizelly

Estava em um sono profundo até sentir o dedo indicador macio de Rafaella contornar meu nariz, queixo e sobrancelha. Abri meus olhos devagar com um sorriso fechado encontrando o olhar da mulher a minha frente.

- Bom dia - disse em um sussuro por conta do sono.

- Boa tarde titchela - ela riu fraco me observando - você parece um bebê dormindo, tão bonitinha...

- Rafa não vem me acostumar mal não viu - soltei uma fraca risada também.

- Te acordei pra gente almoçar... Eu pedi uma moqueca capixaba por aplicativo

- Mentira!? - gritei sentando na cama - falta quanto tempo pra chegar?

- Já chegou, por isso te chamei - ela levantou da cama e foi até a porta do quarto - te espero na mesa.

Rafaella saiu do quarto e eu fui fazer minhas higienes para enfim poder almoçar, a comida estava realmente uma delícia e a forma leve como o assunto fluía fazia com que parecesse que nem passamos o dia anterior inteiro juntas. Ela havia pedido açaí para comermos como sobremesa e então decidimos ver um filme no quarto e saborear o mesmo enquanto assistíamos.

- Titchela? - ela me chamou

- Diz - a fitei fazendo carinho em sua cabeça que estava em meu colo.

- Eu vou postar aquela foto que a gente tirou na praia tá?

- Claro Rafa, achei que já tivesse postado - ri fraco vendo ela pegar o celular

- Espera. - disse pegando o meu que estava na mesinha de cabeceira - quando eu disse já você posta tá bem?

- Tá.

- Já! Vai posta.

Após publicar a tal foto e largarmos os celulares, voltamos nossa atenção ao filme. As horas foram passando e pelo que percebi passaríamos mais um dia juntas fazendo nada, conversando, jogando algo e dessa vez brincando com Jackinho.
Para mim não seria sacrifício algum, principalmente pelo fato de ser na companhia maravilhosa de Rafaella. A loira fazia com que eu me sentisse bem, transmitia uma energia calma e que me fazia ficar mais confiante em mim mesma, talvez nem todos os pontos dessa confiança toda fossem bons mas a maioria sim, eu sabia que com ela por mais errada que eu fosse teria com certeza alguém ao meu lado me apoiando e tentando me enteder. Era inexplicável o turbilhão de emoções que eu sentia. Uma combinação de carinho, tesão, confiança e desconfiança, conforto. A forma como seus olhos brilhavam enquanto víamos o pôr do sol da janela de meu apartamento abraçadas, tudo com Rafaella era inexplicável mas ao mesmo tempo simples e especial. Eu realmente perdi todo o rumo da minha vida depois que beijei os lábios daquela mulher.

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POV Bianca

Eu, Miguel, Mayara, Flayslane e Barbara nos encontramos na porta do Inferninho RJ, que é uma espécie de boate um tanto famosa daqui por volta de 23h45 da noite. Poucas pessoas haviam chego mas o som tocava estourando e as luzes coloridas deixavam o ambiente digno do nome.
Eu realmente havia decidido que de um jeito ou de outro a Jennifer teria que subir seja lá de qual canto do verdadeiro inferno ela estivesse e habitar meu corpo hoje, tudo que eu queria era esquecer boa parte da minha vida. Incluindo nessa boa parte, o último um mês e de cinco anos atrás.
Minha cabeça estava uma confusão e era exatamente nesses momentos que eu agradecia a todas as energias possíveis por ter Miguel comigo, ele realmente é a melhor pessoa para me entender nesses momentos além de ser claramente como quase um irmão pra mim. Eu tinha certeza de que se acontecesse alguma coisa ou se eu pensasse em fazer qualquer besteira ele seria a primeira pessoa a quem eu iria recorrer em qualquer momento.
As horas foram passando, a boate estava cada vez mais cheia e eu já não era eu, a demônia já havia chego, inclusive estava no palco recebendo um lapdance de uma cam girl que é contratada para fazer publi do evento na internet. Para e minha felicidade e alívio por não precisar passar por mais um cancelamento, todos pareciam estar alterados demais para me reconhecer a ponto de fotografar cada loucura para enviar em um site de fofoca.

- Não Bianca! Você não vai! - Miguel falou segurando meu braço

- Migo - o olhei segurando em seu rosto tentando raciocinar a próxima palavra da frase - mas eu quero. Vai ser legal.

- Aí Miguel deixa ela curtir em paz! - exclamou Flay dando um gole em sua bebida

- Gente isso é permanente vocês estão loucas a Bianca não vai fazer isso.

- Ela é adulta, você sabe né? - Barbara falou dando risada e se apoiando na parede abraçada com Mayara que estava rindo junto mas concordava com Miguel que eu não deveria fazer.

Neste lugar, eles fazem tatuagens pequenas a dez reais em qualquer parte do corpo e eu havia decidido que queria fazer uma tattoo qualquer com três pessoas que tinha acabado de conhecer, além de termos feito juras de amor juntos prometendo nunca esquecer do beijo quádruplo que demos ali. Com excessão de Miguel, todos estávamos extremamente alterados quando decidi ir ao banheiro, implorei para que Mayara fosse comigo ou eu faria alí mesmo sem problema algum.
Assim que entrei saí da cabine olhei em volta e Mayara não estava lá. Dei algumas voltas pelo local e, não sei se por conta da visão turva graças a bebida e a iluminação ou se eles não estavam realmente lá, não encontrei ninguém. Voltei então para o banhei e me tranquei já cabine. Peguei meu celular e comecei a mandar mensagem para eles na tentativa de que alguém visse e fosse me busca. Logo em seguida, por algum motivo, fiz uma das coisas que eu mais temia fazer e que se meu melhor amigo estivesse do meu lado eu com certeza não faria porque ele nunca iria deixar.
Uma...
Caixa postal.
Duas....
Caixa postal.
Três, seis, nove... onze, quinze, dezessete...
Caixa postal.
Vinte e duas.

- Alô? Você tá me ouvindo? - perguntei sentindo as lágrimas quentes correrem sobre meu rosto.

- Que barulho é esse? Você já viu que horas são? - ela perguntou com a voz sonolenta do outro lado da linha.

- Não - disse em meio a soluços - mas por favor... vem me buscar.

Love in three doses Onde histórias criam vida. Descubra agora