Taehyung pedalou mais rápido pela via para ciclistas, a ponta de seu cachecol balançando contra o vento que no segundo anterior estava soprando contra suas costas, o impulsionando para a frente e ajudando em seu pedalar e agora estava contra ele, o fazendo ficar ofegante com o esforço. Em suas costas, dentro da capa, estava seu violino.Era outono em Amsterdam, faltava pouco para o inverno e por isso já fazia certo frio, mesmo que a cidade tivesse uma aparência quente pelas folhas laranjas e amareladas das árvores. Os canais estavam salpicados por elas, uma bela imagem com a qual Taehyung nunca se entediaria, mesmo vivendo ali há quase dois anos.
Taehyung estava vivendo os mágicos vinte e um anos de um homem, não que houvesse algo de realmente mágico em ter vinte e um e ser homem. Havia saído da Coreia do Sul depois de conseguir uma bolsa para o Conservatório Van Amsterdam e nunca em seus maiores devaneios ele poderia pensar em uma chance melhor de seguir seu sonho. Nem tudo eram flores, ele ainda sentia dificuldade em se acostumar com o clima maluco e o fato de que o vento nunca soprava em uma direção certa, se sentia estranho por fazer mais de duas refeições por dia - já que ali todos faziam apenas duas - e também sentia muita falta de sua família, de sua casa, de seu cachorro e de seu país. Sentia falta de falar coreano.
Ele pedalou mais rápido pois estava um pouco atrasado aquela manhã devido a tranca da porta do pequeno quarto onde vivia ter emperrado. O Conservatório abria as 8:00 da manhã e fechava as 11:00 da noite, todos os dias Taehyung passava grande parte dessas horas fazendo o que mais amava: tocando violino.
Aos fins de semana e quando saia mais cedo do Conservatório, Taehyung ia até alguns restaurantes próximos ao próprio Conservatório ou os do centro da cidade e se oferecia parar tocar violino em troca de alguns euros. Ele até que conhecia uma boa quantia, os donos dos restaurantes gostavam dele e de seu violino e também ganhava algum dinheiro com as apresentações do Conservatório, ele era extremamente grato por isso, já que não podia depender somente de seus pais que enviavam uma quantia da Coreia todo mês.
Taehyung não gostava de pensar muito sobre isso, pois se sentia mal por seus pais.
Ele sabia que trabalhavam muito no restaurante que tinham no interior de Daegu e ainda assim, todo mês enviavam a quantia que obrigaram Taehyung a aceitar. Ele prometeu que um dia seria bem sucessedido e que daria uma boa vida a seus pais fazendo o que sonhava e ganhando dinheiro com isso.
Enquanto acelerava ainda mais as pedaladas, fez uma pequena lista do que faria no fim de semana que estava chegando. Ele iria falar com o proprietário do prédio em que morava sobre a porta emperrando, faria uma faxina no pequeno quarto que estava sujo e revirado, e só então faria uma chamada de vídeo com seus pais pelo Skype.
Quando finalmente chegou diante do Conservatório, Taehyung ainda demorou segundos preciosos para encontrar uma vaga em meio a muitas outras bicicletas. Era engraçado como em Amsterdam o trânsito de bicicletas era mais congestionado que o de carros. Taehyung prendeu a bike com uma corrente e cadeados - mesmo que furtos na cidade fossem algo raro, ele sempre fazia aquilo só para garantir.
A próxima coisa que fez foi correr para dentro do Conservatório, seu violino como um peso familiar em suas costas enquanto ele cumprimentava todos que encontrava no sei caminho até um dos auditórios de música que usavam para a aula. Taehyung ainda não tinha perdido a mania de se curvar ao cumprimentar os holandeses, mesmo que não fosse necessário.
Ao chegar até as portas duplas de madeira do auditório onde sua aula devia ter acabado de começar, Taehyung retirou seu violino de sua capa e também o arco, então empurrou as portas e esperou ouvir seu professor lhe repreender pelo atraso e o som dos violinos de seus colegas, mas ficou atordoado quando a única coisa que ouviu foi um piano.
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Between strings and piano
FanfictionTaehyung estava vivendo os mágicos vinte e um anos de um homem, não que houvesse algo de realmente mágico em ter vinte e um e ser homem. Havia saído da Coreia do Sul depois de conseguir uma bolsa para o Conservatório Van Amsterdam e nunca em seus ma...