Teu beijo

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     Acordo, ainda atormentada com tudo o que aconteceu ontem. Ela não sai do meu pensamento, aqueles olhos, aquele sorriso, aquele toque AQUELA MENINA.

    Eu não sei o que tem nela, qual é a magia,mas eu sinto, sinto que de alguma forma, essa história ficou mal esclarecida. Ou não... Talvez foi só um delírio meu mesmo.

     Me levanto, aproveito enquanto a fila do banho está pequena e entro nela. Tudo que eu preciso é esfriar um pouco a cabeça, não consigo mais só pensar nela.

    Ao me vestir e sair do banheiro, passo pelo refeitório, onde vejo que já está sendo servido o café da manhã, decido ir e, após me servir, me sento e como tranquilamente ao lado de uma amiga.

     Quando vou me levantar, vejo ela passando, aquela menina que eu ainda não sabia o nome, ao olhar mais precisamente, vejo que ela está vindo em minha direção.

     As borboletas no estômago dão sinais, as mãos gelam, meu coração acelera e quando profundamente respiro, vejo ela em minha frente.

     - Oii, você pode me passar seu número?

      Com as mãos trêmulas, pego o celular, estávamos muito próximas, aqueles olhos, me olhando digitar, errei algumas vezes até o número sair por completo.

     Quando finalmente terminei, salvei o contato com meu nome e ela agradeceu, sorrindo, e se foi. Isso apenas me deixou ainda mais confusa. O que ela queria? Por que ontem disse que não beijava meninas? Talvez eu esteja me precipitando e ela queira apenas alguém para conversar.

     Vi ela se distanciando, aos poucos ia me recuperando, Eduarda, estava saindo de nosso quarto quando tudo aconteceu e acabou vendo, ela sorria enquanto eu corria pra lhe contar detalhadamente.

      Assim que explico o que aconteceu, mesmo que ela havia visto, eu precisava contar, estava muito empolgada e ao mesmo tempo confusa. Ela tenta me ajudar a solucionar a questão, mas as peças não se encaixam, afinal, o que ela quer?

     Assim que termino de contar, vejo uma notificação, era ela, agora sabia seu nome, L-U-I-Z-A, a menina dos meus sonhos agora tinha um nome, ela é real, não sei de que forma, mas é.

     Conversamos um pouco,sobre como estávamos e quais as primeiras impressões dos jogos. Descobri que ela jogava futsal e morava numa cidade não tão longe da minha, isso já é um ponto positivo.

     Sou tirada de meus devaneios com Eduarda me chamando

     - Alice... Alice A LI CE!

     - Oiii, meu Deus, não se tem um minuto de paz nesse recinto.

     - Está na hora do treino.

     Então, tenho de me arrumar,mando uma última mensagem dizendo que iria treinar e lá vou eu.

     Bom, treino, pelo menos agora eu não pensaria nela, certo? ERRADO! Eu pensei nessa menina durante todo o treino, corria para aliviar toda a tensão que sentia, toda curiosidade mas parecia em vão!

     Acabamos o treino pouco tempo antes do almoço, decido tomar outro banho e me aprontar para o próximo jogo. Voltando do banheiro eu passo por ela, trocamos olhares, ou melhor, sou hipnotizada por aquele olhar.

     Decidimos que novamente iríamos almoçar naquele restaurante, algumas optaram por ir de Uber, mas eu precisava mesmo era andar, ver a cidade, tentar tirar ela da cabeça e focar no jogo que estava prestes a acontecer.

     Almoçamos e mais uma vez andamos de volta para a escola, onde entramos no ônibus e nos dirigimos à quadra na maior animação possível.

     Dançamos para aquecer, era quase um ritual, sempre fazemos, dá ânimo e tira um pouquinho do medo e da aflição.

     Entramos mais uma vez em quadra, dessa vez o resultado não foi tão bom quanto esperávamos acabamos perdendo mas, ainda assim temos a possibilidade de passarmos para outra fase, caso ganhemos o próximo.

     Cabisbaixas, voltamos para a escola, dessa vez sem tanta música e animação assim. Ao chegar resolvi tomar banho antes de escurecer, mandei mensagem para Luiza avisando que já tinha chegado e entrei para o chuveiro.

     Após uma relaxante ducha, saio do banheiro e a encontro com uma amiga na quadra, chamo-a para ir comigo até o quarto levar os pertences, ela me espera na porta e eu os guardo.

     Passamos também no quarto dela onde a amiga fica e decidimos voltar para a quadra. Voltamos conversando, eu ainda estava um pouco tímida, mas ela parecia serena. Ao passar atrás de um ônibus, sinto minhas costas nele serem encostadas delicadamente por ela.

      Nossos corpos se chocam, sou capaz de sentir o calor que dela vinha, seus olhos, fixos aos meus, nos aproximamos cada vez mais, desvio o olhar para seus lábios, eles estavam ali, tão perto dos meus. Em poucos instantes, vejo aqueles olhos claros se fecharem, e aqueles lábios vermelhos e macios, aos meus tocarem.

     Ela dá início ao mais apaixonado e intenso beijo que meus lábios já sentiram, suas mãos por meu corpo percorrem, rapidamente, porém com volúpia, foi inevitável não por a mão em seu pescoço e a puxar para o mais perto de mim possível.

     O beijo é selado com um selinho e por mais que meu corpo pedia mais, pedia ela por inteiro, o medo de sermos flagradas era real, não podíamos correr esse risco. Um abraço é o que vem em seguida não queria soltá-la, mas foi necessário.

     Seu cheiro agora permanecia em minha camiseta, certamente, aquele era o melhor e mais rápido beijo de minha vida, com meu corpo, ainda quente e arrepiado, nos sentamos em um dos bancos onde passamos algum tempo conversando.

     A presença dela era suficiente para me acalmar e me ascender ao mesmo tempo, esqueci totalmente da tristeza que sentia por termos perdido o jogo e ali senti como se o tempo tivesse parado.

     Aquele sorriso em minha frente, aqueles olhos, ela parece ter sido esculpida por Michelangelo, não havia como! Cada detalhezinho apenas ressaltava sua perfeição.

     Não sei como explicar, ela mexia comigo, em tão pouco tempo, não faz sequer um dia que a vi pela primeira vez e já sinto uma paixão que nunca ninguém foi capaz de me fazer sentir, é como se já estivesse escrito que isso iria acontecer, é até difícil descrever ela, estando sob o poder do teu toque.

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