P.O.V Coraline
Já bastava para mim, a escuridão,e apenas mais escuridão. Ela me encobria. Não adiantava os meus esforços. Eu sempre sonhava com aquilo. Já era a quarta vez nesse mês. Eu não estou mais suportando, estou a um fio da loucura. Mas por mais que eu deteste admitir, esses sonhos são a única,ÚNICA lembrança que eu tenho dela. Minha mãe.
Meus sonhos são mais ou menos assim:– Chegamos minha querida. Agora vá se trocar, nós duas brincamos muito no parque, mas olha só para você! Está tão suja que se eu te colocasse em um chiqueiro cheio de lama você ficaria camuflada!- Ela limpa meu rosto com suas mãos enquanto eu rio. Ela também começou a rir.
– Mamãe, a senhora não parece bem. - Eu podia sentir no toque da sua pele que havia algo de errado. O sorriso dela se desfez e ela me olhou com uma compaixão que apenas ela tinha. Aquele olhar me fazia acreditar,que mesmo que o mundo estivesse prestes a acabar, ela estaria do meu lado,e que uma esperança existiria.
– Eu estou bem Coraline – Ela me dá aquele sorriso doce, o ultimo sorriso dela.
– Certo então. Vou fazer dever. Tchau mamãe!- Dou um beijinho na bochecha dela e subo as escadas correndo. Sento na mesa e começo a escrever. Então do nada,ouço um barulho vindo da cozinha. Um baque surdo, como se alguma coisa pesada e grande tivesse caído. - M-mamãe?- Desço as escadas lentamente com medo- Mãe? MÃE?
– C-Coraline? – Ouço um murmúrio fraco. Então a vi. Ela caída no chão estendendo a mão ensanguentada para mim, eu correndo na sua direção e pegando a mão dela. E ela apenas me dizendo:"Coraline, de agora em diante, você vai enfrentar muita dor e muitas dificuldades. Seja fiel a você. Tenha um sonho, e a confiança para tornar esse sonho realidade, tem tanta coisa..." - ela faz uma pequena pausa- "Ainda tem tanta coisa que eu quero te mostrar, eu queria poder ficar com você por mais tempo, eu te amo meu anjo..." E então apenas o silêncio. Ela fita o teto, e fecha os olhos em um sonho eterno.
– Mamãe? Isso não é hora de brincadeiras! Pare com isso, por favor! MÃE?! MÃE?! MAMÃE! NÃO! Não... Não...–Mãe! Mãe!
– Coraline! Acorda- Era ela, minha tia sempre me despertando, com os mesmos olhos. "Mamãe..." Penso. - Está tudo bem querida, estou aqui. – Dou um abraço nela,e ela retribui.
– ALEXIA! Alexia, deixe essa menina chorona e volte para cama! – Grita Demétrio,o esposo da minha tia. Um babaca realmente.
– Querido, eu já vou. Me deixe ficar com ela até que ela durma de novo. -olho pro relógio perto da cama. 03:15 da manha.
– Essa pirralha tem exatos 15 minutos para dormir. 15 minutos. Sem mais, nem menos. Se ela não dormir, você vai voltar para a minha cama e ela que se dane. – Ele bate a porta do meu quarto com força. Mentalmente, xinguei-o por milhares de nomes possíveis. Minha tia me deita na cama, sorri e passa as mãos nos meus cabelos.
– Minha linda Coraline. Feche os olhos e pense em alguma coisa boa. – "Coisa boa? Coisa boa?! Como poderia pensar em uma coisa boa?!" Pensei indignada. Mas eu tinha que dormir, então me deitei e sonhei novamente. Mas dessa vez não era com minha mãe. Eram monstros.
Eu corria em um corredor sem fim. Parecia não ter uma luz para me guiar. Eu ouvia vozes terríveis chamando pelo meu nome. Vi uma mão estendida para me puxar. Jamais consegui alcançá-la, então eu acordei.
– Demorou pra acordar "Princesa". Dormiu bem?- Disse Demétrio,do lado da cama. Ao ver minha cara,me mostrou seu sorriso irônico.- Já sabe da suas tarefas diárias, não é pirralha?- Ele puxa o meu cabelo, e me obriga a olhar para aquele rosto imundo. Se afasta e puxa o cinto. Já sabia o que estava por vir,mas isso não me impedia de chorar. –Shh fique quieta,você pode irritar alguém... - Ele sorri, pega no meu cabelo e me joga no chão. E me bate. Mas eu não grito. Se eu gritasse,ele me bateria com mais força. Sofria calada. Minha tia trabalhava por isso não via. Depois de meia hora,ele se cansa e pega meu cabelo para levantar meu rosto
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Sangue de um deus
Novela JuvenilEssa é minha historia eu não sou normal, mas também não sou anormal, na verdade eu sou um semideus, tenho sangue de um deus correndo em minhas veias.