Capítulo 13

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Christian não acreditava que houvesse decidido não mais beijar Anastasia. Resolveu engolir aquelas palavras tolas, mesmo que seu orgulho protestasse.

— A senhorita afirmou que não sabia dançar. — Ele se inclinou para sussurrar-lhe as palavras no ouvido, enquanto deixavam o terraço, depois de terem dançado várias melodias. — Minha querida, quais as outras idéias errôneas que tem a seu respeito?

— Eu disse que não tinha muita prática — ela o corrigiu. — Eu gosto de dançar e talvez até houvesse me tornado uma boa bailarina, se tivesse mais oportunidades. E um parceiro apropriado.

Alguma coisa na resposta de Anastasia perturbou-o. E sem descobrir do que se tratava, Christian afastou a idéia.

— Vamos tomar um drinque? Não podemos esquecer de nossa programação para esta noite. Dançar é apenas um dos itens.

Um pouco de vinho, mais uma dança ou duas, um doce do bufê. Tudo regado com uma quantidade generosa de flerte. Fazia tanto tempo que Christian não se permitia admirar uma mulher abertamente que já esquecera de como era agradável.

Anastasia cheirou o ar.

— Hum, que cheiro bom. Eu estava nervosa e não comi nada o dia inteiro. Estou esfomeada.

Christian entendia, mais do que ela poderia supor, como um apetite contido e desperto de repente podia tornar-se insuportável. Inclinou-se na direção da noiva, como quem iria murmurar um segredo. Mas limitou-se a inalar a doce fragrância que ela exalava. A respiração de Anastasia tornou-se arfante, mas ela não recuou. Teria ele detectado um leve odor almiscarado do desejo junto com o aroma da doçura inocente?

O que formava uma combinação de buquê irresistível.

— Então, vamos comer — Christian concedeu. — Minha fome também atingiu proporções perigosas.

Christian afastou-se dela com grande relutância e ambos se encaminharam até a mesa onde superabundavam travessas com as mais variadas iguarias. Ele se recusou a dar atenção às pequenas dúvidas que o atormentavam. Já as afastara de sua mente, assim como tentara banir Anastasia de seu coração com a ferocidade de um mastim. Com o passar dos dias e sem que ele percebesse a mudança, as desconfianças que o intimidavam encolheram a ponto de tornar-se um leve aborrecimento.

O barão pegou um prato e observou o banquete, indicando o bufê de doces.

— O confeiteiro francês que vovô contratou mereceu o pagamento. Por qual desses manjares gostaria de começar? — perguntou.

— Oh, senhor, nem sei! A não ser no Natal, Tibby nunca assa nada além de pudim de passas e pão de mel.

Após um momento de hesitação, ela apontou uma travessa com massas de forma oval. Cada uma era enfeitada

com framboesas glaçadas. Christian considerou que as frutas eram menos suculentas do que os lábios de Anastasia.

— Um desses, por favor. Espere! Podem ser dois. Ah, e uma daquelas tortas com creme. E...

Eles se serviram do que lhes parecia apetitoso, até o prato quase transbordar.

— Mais um destes? — Christian apontou para uma pirâmide de sonhos, recheados com geléia de morangos.

A sinceridade do apetite voraz por doces era mais uma das facetas da natureza de Anastasia que o encantavam. Durante muito tempo, ele negara a si mesmo as coisas doces da vida. E ao se perguntar o porquê, não gostou das respostas que tinha para dar.

— Acho que não... — Anastasia sorriu com ar culpado. — Por favor, não me desperte vontade ainda maior.

— Eu não posso deixar de fazê-lo — ele murmurou, enquanto a conduzia, por entre os convidados que se divertiam, até uma pequena mesa do lado oposto do gramado. — É um passatempo... "tentador".

Lord Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora