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— Ligou pra ela? — Ouço Abby perguntar, ao que coloco minha mochila na mala da Kombi branca que está estacionada em frente a nossa casa.

— Syd disse que ligaria e avisaria sobre a viagem, não se preocupe. Hailey vai entender, é só um fim de semana e ela pode se mudar na segunda, ou sei lá. — Digo, ao que ajeito o lenço que segura o meu cabelo curto, que já está dando indícios de crescimento.

Do nada, uma buzina me assusta e dou um pulo. Quando lanço um olhar de reprovação para Jonah, que está sentado no banco do motorista, o olhar animado dele se transforma em um contido, como o de uma criança que foi repreendida pela mãe.

— Será que essa viagem é mesmo uma boa idéia? Eu sequer consigo andar direito e também, ainda não posso beber álcool. — Minha amiga encara os pontos em sua perna, triste. Apesar de só ter ficado com o gesso durante sua estadia de alguns dias no hospital, Abby ainda está recuperando a perna, lentamente. Agora ela já consegue andar sem a nossa ajuda, mas manca bastante e ainda não aguenta ficar muito tempo de pé.

— Ei, — A loira me olha, do banco de trás do automóvel. — nós já conversamos sobre isso. Depois do que eu passei e do que você passou, precisamos de um tempo. Viajar com os meninos vai ser bom, ouvi dizer que a casa de praia da família de Daniel é enorme. Você vai se divertir e não vamos deixar você se sentir excluída só por não poder tomar cerveja, tá bom? — Tento tranquilizá-la e ela assente.

Ao notar uma movimentação atrás de mim, me viro e vejo Corbyn carregando algumas mochilas, que reconheço serem de Syd e logo atrás, Daniel carregando mais coisas dela. Logo depois dos dois loiros, vejo Jack e Zach com algumas poucas coisas de Abby.

— Você vai morar lá? — Cruzo os braços, ao notar a quantidade de coisas que Sydney está levando para uma viagem de poucos dias na praia.

— São coisas básicas. — A morena passa por mim e se ajeita no assento ao lado de Abigail, que lhe lança um sorriso acolhedor.

Observo os meninos colocarem tudo arrumadinho dentro da Kombi, e subo no banco atrás das meninas. Corbyn se senta ao meu lado, Daniel vai na frente com Jonah para dizer a direção correta e os demais meninos se sentam no banco atrás de nós.

— Com quem você deixou o Levine? — Pergunta Jack.

— Com a vizinha. — Digo, simplista.

— Você deixa ele com qualquer pessoa assim sempre? — Zach lança, venenoso como uma cobra. — Mãe desnaturada.

— Pra sua informação, filhote de mamba negra, eu conheço a garota e ela é muito legal. Lev gosta dela, às vezes ele até foge e vai pra lá. — Zach apenas dá de ombros e começa a cutucar a própria cutícula.

— O quão estranho é pessoas que moram perto da praia irem pra uma casa de praia? — Ouço Corbyn perguntar, com uma expressão realmente intrigada e sorrio. Como ele consegue ser tão fofo?

— Vamos pra uma praia diferente. — Daniel responde, do banco da frente, ao que Jonah dá partida no carro.

— Apertem os cintos, marujos. — O loiro atrás de mim diz e eu franzo o cenho.

— Marujos são de um navio e eu nunca vi cintos em navios.

— Jonah, ligue o rádio. — Me viro rindo e consigo ver Jack de braços cruzados, com uma feição emburrada.

A viagem não é muito longa, mas dançamos músicas do Maroon 5, minha banda preferida, durante todo o caminho, então creio que não percebi muito bem o tempo passando. Quando enfim chegamos em frente a grande casa, levei uma lufada de ar com cheiro do mar, assim que desci do carro. Descarregamos as malas na sala de estar e como a casa tem 4 quartos, decidimos tirar no zerinho ou um. Jonah e Corbyn ficaram em um quarto, eu e Syd em outro, Daniel e Zach em outro e Jack e Abby no último. Percebi o olhar desanimado do moreno mais alto, mas não quis comentar nada.

Seguimos então, cada dupla para seus respectivos quarto. Entretanto, antes que eu pudesse cruzar a porta do meu, que seria o segundo a partir da escada, Jonah segurou de leve o meu braço.

— Kai? — Ele diz.

— Oi? — O encaro. Ele parece sem jeito, pois coça a nuca e encara o chão.

— Será que tem como você trocar de quarto comigo? — Sua voz é baixa, percebo que ele tem medo de que eu negue.

— Eu sabia! — Exclamo, ao passo em que aponto o dedo para o peitoral do garoto, que é significativamente mais alto que eu.

— Sabia do quê? — Ele me olha, confuso.

— Você e a Syd... — Começo a dizer, mas ele coloca o dedo indicador sobre os lábios, em um pedido de silêncio. — Você e a Syd estão ficando. — Sussurro.

— Não é isso. — O cantor chacoalha as mãos e eu cruzo meus braços. Ele vai mesmo mentir?

— Então por que você quer ficar no quarto com ela? — Arqueio uma das sobrancelhas.

— Eu só quero que você e o Corbyn possam dormir juntos. — Ele tenta enrolar, mas eu sei que o motivo real não é esse.

— Se você veio até aqui achando que eu ia cair nessa e que nenhum dos nossos amigos notaria essa estranha mudança de dupla, você é menos esperto do que eu pensava. — Digo, ao que vejo Jonah bater o pé repetidas vezes no chão, nervoso. — Mas tudo bem, eu posso fingir que é só isso e bem, não vai ser incômodo dormir com o Corbs, já fiz isso um milhão de vezes. — Seguro a alça da minha mochila com o polegar e me dirijo ao quarto ao lado, que seria o dos meninos.

— Kai? — Jonah me chama novamente e eu me viro para ele. — Obrigado. — Eu junto dois dedos e toco a testa com eles, depois os lanço na direção do garoto.

Quando entro no quarto, me deparo com uma figura loira jogada sobre a cama. Observo o lugar, é bonito, apesar de singelo. Toda a casa é assim, aparentemente; grande, porém praiana e simples.

— Ué? — Corbyn vira a cabeça para mim, com uma expressão confusa no rosto.

— Parece que seremos eu e você, gatinho. — Pisco para ele, que franze o cenho em completa confusão.

Vai ser um fim de semana divertido.

𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora