Céu Noturno

1. O dia em que te conheci.

Fazia menos de um mês que eu tinha me mudado de cidade,  havia decidido sair de casa e morar com uns amigos na capital. Tentar a vida fora do interior,  ter liberdade e conquistar meus sonhos,  era tudo o que eu queria.
Hoje era o meu primeiro dia no  trabalho,  tive sorte de conseguir um emprego em tão pouco tempo. Eu estava nervoso, entrei no supermercado em que eu seria repositor, com as mãos suando,  cheguei cedo mas já havia algumas pessoas que seriam do mesmo turno que o meu.

E foi quando a reunião começou que ela entrou,  a garota mais linda que eu já conheci na vida.

   - Oi?  Nicolas,  apresente-se aos seus colegas de trabalho. - o gerente Marcos me faz voltar de onde é que eu estivesse.

    - Oi,  hã... meu nome é Nicolas e ... sou o novo repositar. É isso. E eu tenho 25 anos. - droga,  eu estava muito nervoso que não estava dando nem pra disfarçar, e porque eu disse minha idade? Sou tão idiota.

Todos se apresentaram,  falaram seus nomes, funções e a quanto tempo trabalhavam ali, tinha pessoas que já fazia muito tempo.

Quando chegou a vez dela,  eu prestei muita atenção em cada palavra que ela dizia,  mas sem olhá-la,  não tinha coragem o suficiente para isso.
Seu nome era Ana,  tinha a mesma idade que a minha e...  a voz tão linda que me fazia suspirar.
Seus cabelos eram azul do meio até as pontas e tinha ondinhas que ficavam perfeito com o formato lindo do seu rosto,  os olhos castanhos e covinhas ao sorrir.

Ela trabalhava na administração junto com Marcos e isso fazia com o que eu não há via com tanta frequencia como os outros funcionarios. O que não era uma coisa ruim,  já que eu ficava nervoso e  bom,  eu não gostava mesmo do que ela me fazia sentir.

Sempre fui sozinho, nunca tive muitos amigos e os poucos que eu tinha,  não matinha tanto contato. Eu era mesmo um completo anti social,  otako geek.
Eu amava ficar preso no meu universo de jogos e filmes e animes,  para mim,  tudo aquilo era melhor do que criar laços com pessoas e depois ser decepcionado,  destruído em vários pedacinhos.

É, era isso que tinham feito comigo,  varias vezes. Então eu fui me fechando e me fechando e hoje sou o que sou.
Não sei se isso  é totalmente bom, mas por hora é o necessário.

  - Você está indo bem, aprendeu rápido como organizar. - um rapaz loiro parou do meu lado deixando umas caixas empilhadas a uns dois metros de distância de mim.

   - Ah,  obrigado!  Eu até que gosto disso... - sorri tímido olhando o garoto que eu não fazia ideia de quem era.

    - Seu nome é Nicolas,  certo?
    -  Sim! Mas pode me chamar de Nick. E você é...?
    - Eduard. Eu me apresentei na reunião um pouco mais cedo. - respondeu com um olhar divertido,  talvez por causa da minha reação.
    - Me desculpa! Eu... sou um pouco distraído e tenho dificuldades em decorar nomes. Mas ok,  Eduard né,  não vou esquecer mais.

E não era totalmente mentira,  eu era mesmo distraído e desastrado também,  mas não era ruim com nomes.
Eduard saiu rindo e eu tive que repor os biscoitos recheados que estavam nas caixas que ele havia deixado.

Não era um trabalho que eu já tivesse experiência,  mas eu sempre fui muito bom em me adaptar e aprender coisas rápidas,  então foi bem tranquilo meu primeiro dia.
Na saída eu pude ver ela novamente, entrava em um carro branco e logo deu partida.

Peguei minha bicicleta e segui caminho de casa,  onde meus três amigos me esperavam com um belo jantar vegetariano.