impassível

894 81 78
                                    


Eu não vou mentir aqui e dizer que quando te vi pela primeira vez logo me apaixonei. Não, muito pelo o contrário, eu te odiava antes mesmo de te conhecer, afinal, você seria a pessoa que literalmente iria ficar o tempo inteiro me seguindo como uma sombra e isso me irritava demasiadamente. Ainda me lembro do dia em que recebi esta agradável notícia.

"Meus olhos estavam cravados no meu alvo, como se a qualquer momento a maçã fosse correr e eu poderia errar a flecha. O vento que me cercava balançava meus longos cabelos negros e eu considerava a pequena ventania um desafio e tanto. Não esperei mais um segundo para lançar a flecha na maçã de uma macieira que estava consideravelmente longe de mim, soltei um mínimo sorriso ao observar que acertei em cheio meu alvo, vendo-o cair no mesmo segundo.

Meus braços estavam enfaixados com faixas brancas para uma mínima proteção e eu usava meu kimono vermelho com uma calçola preta. Eu me virei para adentrar o palácio, quando vi meu pai me olhando com aquele rosto sem expressão. Ele sempre estava com a mesma cara e isso me irritava muito, principalmente pelo motivo: "Todos ao nosso redor jamais devem ver o que nos faz feliz ou triste, isto é uma fraqueza que os inimigos aproveitam na primeira oportunidade", ele disse.

Eu considerava meu pai paranóico demais. Apesar de saber que somos um reino cheio de riquezas e aliados fortes e importantes, ainda penso que meu progenitor não deveria ser tão cauteloso com tudo ao seu redor.

ㅡ Acertou o alvo. ㅡ Ele falava enquanto se aproximava, a postura ereta com os braços para trás me faziam estremecer. E não, não era de medo, e sim de vontade de revirar os olhos com a mania de perfeição que ele tenta exercer em tudo. E acredite, essa foi a maneira dele dizer que estava me parabenizando.

Apenas assenti, mas minha vontade mesmo era de escapar de uma provável conversa que ele queria ter comigo, meu pai nunca se aproximava assim se não fosse para dar alguma notícia importante. Creio eu que o assunto é a sua decisão já tomada sobre qual dos dois filhos mais velhos vai se casar com o príncipe Shin. O pai deste é aliado e grande amigo do meu pai.

O rei queria que fosse a minha irmã Dawon ou eu. Dawon era a mais velha e uma das melhores espadachins de toda a Coréia. Ela era a mais velha dos cinco filhos do meu pai e a única mulher. Tinha pulso firme e não se intimidava com nada e nem ninguém. Eu a amo muito e com toda certeza é a filha preferida, já que sempre segue todas as ordens do nosso pai sem pestanejar e tem êxito em todas as missões que fora.

Já eu era o segundo mais velho e poderia dizer que sou o filho rebelde, vou à festas e a bares beber saquê como se não houvesse amanhã e passo as noites com várias pessoas diferentes. Não era uma boa reputação para um príncipe ter, mas eu não me importava muito. Eu sabia que era assunto constante do povo e isso desagradava muito meu pai, mas novamente, eu não me importava.

ㅡ Soube do que aconteceu ontem à noite. ㅡ Ele prosseguiu, olhava o horizonte ao meu lado e eu apenas sorri ladino ao me recordar de ontem à noite. Foi agitada e confesso que eu quase me machuquei com um homem casado, o qual sua esposa traiu comigo. Eu podia estar levemente alterado, mas meus reflexos eram muitos bons, consegui desviar da facada a tempo e quebrei o pescoço do infeliz. A única regra que eu gostava do meu pai era que todos os filhos tinham a obrigação de se defender sozinhos, já que nem sempre vamos ter guardas ao lado para fazer o serviço. Eu o olhei de relance quando o ouvi suspirar, ele estava irritado. ㅡ Mas não estou surpreso, felizmente o seu descuido fez com que eu tomasse duas medidas que eu sei que você não vai gostar.

Meu coração pulsava forte e apertei meu arco, temendo que fosse o que eu imaginava.

As suas próximas palavras quase me fizeram cair, de tão incrédulo:

O Guarda-costas do príncipe |Vhope|Onde histórias criam vida. Descubra agora