As próximas horas foram um horror, tive que ficar um bom tempo vendo o corpo dela ensanguentado no chão, até alguém aparecer e tirá-lo dali, tive que depois ir para a delegacia, e ficar horas presa lá dentro, dando meu depoimento.
Depois tive que encarar a primeira noite e sonhar com o que aconteceu, a imagem de Jennifer morta, ficou percorrendo e percorrendo por minha mente, fazendo eu acordar toda hora assustada.
Meu marido tentou me tranquilizar, abraçou-me durante a noite e fez o pouco que ele poderia fazer, dizendo que tudo iria ficar bem.
Porém, eu sabia que não iria... enquanto chorava de madrugada, fiquei pensando, por que ela escolheu se jogar bem na frente do meu carro? Era uma atitude desesperada. O que teria acontecido com ela? E aqueles machucados em seu corpo?
Eu tinha que saber... eu tinha que entender...
Fui pensando nas informações que eu tinha de Jennifer, de tudo que ela contara para mim, ela era órfã de pai, tinha uma tia da qual ela gostava muito, não se dava muito com a mãe, morava sozinha há dois anos, tinha alguns amigos, mas não muitos. Provavelmente, não iria muitas pessoas em seu enterro, poderia até mesmo ser uma loucura, mas acabei pegando o número de telefone que ela deixou na ficha, que era o da tia dela, e liguei para ter informações sobre o enterro.
E eu acabei indo...
Mas, não consegui me aproximar, era como se no meio do caminho, meus pés acabaram grudando no chão, mas naqueles metros de distância, ainda consegui confirmar que não haviam muitas pessoas para se despedir dela.
Fiquei imaginando o quanto ela deveria se sentir sozinha, ela chegara a mencionar isso algumas vezes comigo, que ela sentia vontade de conversar, às vezes ela ainda conversava com a tia, mas não conseguia desabafar com ela, ela tinha dificuldades para falar sobre seus sentimentos, e ainda não tinha muitas opções para isto, porém comigo ela estava indo muito bem, já falava e ainda relatava detalhes de tudo, mas infelizmente isso não fora o suficiente para ajudá-la.
Me sentia impotente, sentia como se tivesse falhado, e ainda uma culpa me corroía, mesmo eu sabendo que não sou a culpada por sua morte.
Com os olhos cheios de lágrimas fui percorrendo o olhar naquelas poucas pessoas ali, fiquei imaginando qual delas era tia, qual delas era mãe... e qual deles era ele.
Mas ele... eu conseguia reconhecer.
Dei mais alguns passos à frente, para observá-lo melhor.
Ele usava uma camiseta de regata preta e óculos escuros, deixando amostra a tatuagem chamativa de tribal que ele tinha no braço direito. Suas mãos estavam escondidas nos bolsos de sua calça, e ele não desgrudava os olhos do caixão que descia, e em poucos minutos seria consumido pela terra.
Será que ele realmente se importava com isso? Será que ele se dava conta de que ele indiretamente a empurrou na frente do meu carro?
Ele não estava chorando... Ele nem mesmo se movia.
As poucas pessoas que tinham em volta daquele caixão não pareciam chocadas, não pareciam emocionadas, não pareciam sentir nada.
Jennifer Young estava morta.
Mas ninguém estava chorando por sua morte.
***
Uma semana se passou, mas eu não conseguia esquecer...
Tirei férias do trabalho, na intenção de tentar me recuperar do ocorrido, eu sei que precisava de um tempo, porém, ficar em casa também não estava me ajudando muito nesse processo.
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Perigosa Obsessão
RomanceCatherine achava que tinha a vida que sempre desejou: Um casamento feliz, um filho adorável e uma carreira da qual lhe satisfazia, era terapeuta, e embora sua irmã falasse que sua vida era chata, Catherine não acreditava nisso, gostava de rotinas, d...