Pretty boy

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Corre corre corre

Eles vão te pegar

- EI VIADINHO, VOLTA AQUI - pude ouvir um dos meninos que estavam atrás de mim - NÓS VAMOS TE PEGAR.

Minhas pernas doem, mas não posso parar agora, se me pegarem eu vou apanhar de novo.

Isso vem acontecendo a um tempo, desde que descobriram que gosto de garotos, todos os dias eu corro pra casa para não ser pego e apanhar, as vezes eu consigo chegar em casa, mas na maioria eu volto com um olho roxo.

Infelizmente, hoje minhas pernas não aguentaram, eu acabei tropeçando e eles me alcançaram e me levaram para um beco próximo dali.

- Te pegamos bichinha - fui arremessado contra a parede - vem aqui menino bonito - um deles segurou a gola da minha camisa enquanto outros dois seguravam meus braços - vai se foder otário - senti o primeiro soco acertando meu rosto e em seguida na minha barriga, e foi assim por um pouco mais de oito minutos, apanhando.

Quando finalmente se cansaram, saíram me deixando lá no chão, dolorido e chorando, passei um tempo ali até sentir forças mínimas para levantar e caminhar até em casa.

Eu moro com o meu pai, minha mãe morreu quando eu ainda era criança, e digamos que ele não liga para o fato de eu chegar em casa com hematomas no corpo.

Assim que chego vou em direção ao banheiro tomar um banho e tentar esquecer um pouco, tiro minhas roupas e entro na banheira ficando lá por um tempo.

Uma coisa que esqueci de mencionar, hoje é meu aniversário, estou completando dezoito anos, e meu pai disse que tem uma espécie de presente pra mim.

Depois de alguns minutos deitado lá, com o rosto doendo e minha mente repassando as cenas do dia de hoje, fui tirado dos meus pensamentos com o barulho de batidas na porta.

- Está bem ai? - ouvi o meu pai do outro lado da porta.

- Sim, está - respondi em um tom baixo.

- Saímos em 30 minutos - soltei um suspiro - Jimin?

- Tudo bem pai, já estou saindo - o respondi, depois de alguns segundos de silêncio ele jogou algo por baixo da porta, conclui que era uma base para esconder meu olho roxo, respirei fundo e finalmente sai da banheira.

Alcancei a toalha pendurada e enrolei na minha cintura, peguei a base no chão e coloquei na pia, assim que finalmente olhei meu reflexo, vi o quão ruim estava meu olho, estou completamente acabado, que desastre.

Fui para o meu quarto, coloquei uma roupa simples e voltei ao banheiro para cobrir o machucado, ainda doía um pouco, mas não tenho muito tempo para pensar nisso.

Sai de lá e desci as escadas, meu pai estava me esperando então logo entramos no carro, já era noite, por volta das oito, eu não fazia ideia de onde estávamos indo.

Quando finalmente chegamos, parecia uma espécie de motel, ele estacionou e me olhou.

- Chegamos - sorriu - Está pronto? - ele pega uma chave e me entrega junto com uma quantia de dinheiro - feliz aniversário, filho - pego as coisas e saio do carro - estarei te esperando aqui fora - me limitei a concordar com a cabeça e entrar no estabelecimento.

Cheguei em frente as escadas e respirei fundo, não acredito que meu pai está fazendo isso, me trouxe a um motel e pagou uma prostituta pro meu aniversário, eu não poderia estar me sentindo mais sujo.

Ele sabe que eu apanho e por que eu apanho, fez isso para que eu me tornasse homem, talvez ele esteja certo, talvez eu não devesse gostar de meninos, e eu preciso fazer isso e dar orgulho ao meu pai.

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⏰ Última atualização: Aug 21, 2020 ⏰

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