Acordo às 4:35, tomo meu suco com torradas e saio rumo ao meu trabalho. Chego às 19, tomo um bom banho e relaxo assistindo minha novela. Durante 15 anos minha vida foi assim. Hoje, às 4:50 senti uma forte dor de cabeça, ignorei e continuei minha velha e empoeirada rotina. Durante a semana as dores persistiram. Resolvi ir ao médico, coisa que não fazia a anos. Antes de meu diagnóstico, passei por vários tubos, varios exames. Sim, era câncer; metástases se formavam, minhas opções eram: morrer em 3 meses ou em menos disso. Tratamento paliativo foi-me apresentado, parecia ser a única saída. Em casa, refleti sobre minha vida, ou, minha morte. Na verdade venho morrendo a tanto tempo, na minha rotina monótona. As novelas me satisfaziam, eram histórias de vida, aventuras que queria, mas n tinha tempo para experimenta-las. Resolvi viver uma vida de verdade, buscar meu sumo bem, ser heteróclito com minha vida. Minha história não termina paliativa, não é sobre minha morte ser prolongada, é sobre como será minha vida. Nossas rotinas são paliativas, o câncer pode não ser físico.
